O dia 17 de setembro de 2009 ficou marcado na vida de um lapeano. Nesta data, junto com amigos, no sítio, num ato corriqueiro limpando uma arma de fogo, Giovan Carlos Caus foi atingido na testa pelo cartucho que estava na arma.

Ainda consciente e andando, Giovan foi levado até o pronto atendimento da cidade e encaminhado para o hospital em Campo Largo. Devido à gravidade da situação, o médico que o atendeu achou que seria melhor levá-lo imediatamente para a cirurgia.

Logo que sua esposa, Marciana, chegou ao hospital, o médico lhe disse que, em casos como esses, 99% das pessoas falecem e 1% sobrevivem, mas ficando tetraplégicos. Para Marciana, foi como se o mundo estivesse “caindo em sua cabeça”. De acordo com o médico, Giovan deveria ser operado imediatamente.

O cartucho não foi retirado, mas correu tudo bem na operação. O lapeano ficou 19 dias internado, 17 destes na UTI. Depois da cirurgia Giovan movia só o braço direito, o esquerdo ficou paralisado. Perdeu sua visão esquerda e não conseguia andar. Também ficou com dificuldades para falar, sua voz estava bastante enrolada. Mas, mesmo com essas seqüelas, a equipe médica considerou que sua recuperação foi milagrosa. Tanto que toda a equipe da UTI foi se despedir de Giovan no dia de sua saída do hospital. Conversando com o casal, contaram que acreditam que as orações feitas por amigos, vizinhos e até mesmo por desconhecidos foi o que deu força e ajudou a Giovan ter uma recuperação tão surpreendente.

Depois que chegou em casa iniciou os trabalhos de fisioterapia com Elizabeth Portes Gomes. No início movia só o braço direito, mas com os exercícios foi recuperando os outros movimentos. No dia em que percebeu que conseguiria dar um passo, ligou imediatamente para a fisioterapeuta. Chegando lá, Elizabeth o acompanhou no seu primeiro passo. A emoção foi imensa. Tanto para Giovan, como para a fisioterapeuta. Era o primeiro passo em sua “segunda vida”. Ele conta que há aproximadamente 30 dias recuperou o movimento das pernas, ainda dependendo de apoio para caminhar, mas já em avançada recuperação. Sua visão esquerda, que havia sido perdida, está voltando. Somente seu braço esquerdo ainda não se movimenta, mas já sente os estímulos no membro, o que sinaliza que conseguirá recuperar os movimentos.

Há aproximadamente 20 dias, Marciana levou Giovan num neurologista na cidade de Palmeira, no Dr. Walter Taborda, para fazer avaliação do caso. O médico disse que a força de vontade de Giovan o ajudou muito na recuperação. Pois, de acordo com os médicos, ele somente voltaria a se movimentar depois de 6 meses do acidente.

“Nunca perdi a vontade de viver”, disse Giovan, quando questionado sobre tudo o que se passou.

Acompanhando de perto

“Traumatismo crânioencefálico, causado por um acidente com arma de fogo”, foi o que aconteceu com Giovan Caus, segundo a fisioterapeuta Elizabeh Portes Gomes. O cartucho alojou-se no hemisfério cerebral direito em região inacessível para cirurgia. A lesão causada pelo acidente ocasionou um quadro de paralisia à esquerda, perda parcial da visão e do controle urinário.

A fisioterapeuta conta como foi o primeiro contato com o paciente: “No dia 7 de outubro de 2009, quando cheguei à sua casa para iniciar o trabalho de reabilitação, encontrei um rosto triste e apavorado, uma família desordenada e assustada. Mas apesar disso tudo, dava para perceber também muita força e coragem”, diz.

Iniciados os trabalhos de fisioterapia, Elizabeth se surpreendeu, pois Giovan respondeu bem e está numa recuperação surpreendente. Hoje ele já anda com apoio de uma bengala, a visão está voltando e o controle urinário também.

“Em meio ao apoio da família ele está recebendo muito incentivo dos amigos, que estão sempre presentes, e que lhes somos muito gratos pelo apoio tão importante neste momento. Hoje, quando chego encontro um rostinho iluminado e confiante. É isso aí garoto!”, finaliza a fisioterapeuta.

A fé

Você leitor, pode estar se perguntando: qual o motivo desta história estar sendo publicada no jornal?

Um caso tão complexo e que, de acordo com médicos experientes, teria tão pouca chance de recuperação, mas que surpreendeu a todos. Parece corriqueiro, mas não é. A recuperação de Giovan pode ser chamada de milagrosa.

E esse milagre, que aos olhos de muitos parece ser só mais um caso de saúde, mostra a importância da fé.

Foi a fé de Giovan em sua própria recuperação e a força da oração de tantos amigos, conhecidos e desconhecidos, pedindo por sua melhora, os responsáveis pelo milagre.

É um exemplo de que não podemos deixar de acreditar na vida, acreditar em Deus.

Que neste Natal possamos fazer o amor realmente nascer em nossos corações. Que a fé se torne cada vez maior nos lares e que a união da família e dos amigos seja constante na vida de cada um.

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