Show com Almir Sater lota pátio do Santuário de São Benedito

Na segunda-feira, dia 14 de dezembro, os fãs de Almir Sater tiveram a oportunidade de ouvi-lo ao vivo, no pátio do Santuário de São Benedito. Sater veio para o Natal de Luz da Lapa, promovido pela Prefeitura Municipal, com patrocínio da Caixa Econômica Federal, apoio da Associação Comercial e Industrial da Lapa (ACIAL), Caminhos do Paraná, Instituto Histórico, 15º GAC AP e Sanepar.

O violeiro encantou a todos com sua simplicidade e talento. No show, fez o público arrepiar de emoção quando todos cantaram trechos de seus grandes sucessos. Na canção Tocando em Frente, o coro do público em “Conhecer as manhas e as manhãs/ O sabor das massas e das maçãs / É preciso amor pra poder pulsar/ É preciso paz pra poder sorrir/ É preciso a chuva para florir” fez Almir tirar o chapéu para os fãs.

Na entrevista coletiva, os fãs Diego Brandenburg, Mário Bianchini, Luiz Nogueira, Nádia Burda e outros que tiveram a oportunidade de participar do momento, puderam pedir autógrafos e tirar uma foto para marcar o momento. Mas, quem ficou mais feliz com o encontro, com certeza, foi Luiz Nogueira, que teve sua viola autografada por Almir Sater.

Foi oferecido ao cantor e instrumentista que experimentasse um pouco o chimarrão local, da Erva Mate Legendária. Quando questionado se achava o mate forte, respondeu que os que ele costuma tomar são mais fortes ainda. Mas, mesmo assim Almir gostou e aprovou a erva lapeana.

Almir veio à Lapa com sua banda. Nela estavam também seu irmão, que também toca viola, e sua irmã, que faz segunda voz no show.

Seu irmão, Rodrigo Sater, aproveitou o momento para divulgar o seu novo trabalho em conjunto com Yassir. Os dois formaram a dupla Thiago e Juvenal, os violeiros da novela Paraíso. No cd de divulgação há músicas com participações especiais de Sérgio Reis e Almir Sater. E o repertório, como não poderia deixar de ser, é de ótima qualidade. Músicas como “Amanheceu, peguei a viola”, “Estrela de Boiadeiro” e “Vide vida marvada”, fazem parte da seleção. Rodrigo Sater se encantou com a cidade da Lapa e, em bate papo com Nádia Burda, mostrou interesse de no próximo ano fazer um show no Theatro São João. Os lapeanos esperam que o desejo se concretize.

Confira a seguir a entrevista com Almir e as fotos do show (crédito Marcelo Zarur) e da coletiva de imprensa (crédito Magdala Brandenburg Photografy).

Bate Papo

Confira o que foi dito no bate papo com o cantor, que aconteceu no final da tarde do dia 14 de dezembro no Hotel Tropeiro, em entrevista coletiva. Sater contou um pouco de sua carreira e respondeu a algumas perguntas feitas pela Cida, da Rádio Legendária, Emanuelle, da Tribuna Regional, e Anderson, da Folha da Lapa.

Confira como foi o bate papo com Sater.

Nos conte um pouco de sua carreira, de seu início na carreira.

Almir Sater: Ah, acho que o início de carreira de um violeiro, de um músico, é sonho… A gente sonha quando menino… Eu nunca pensei em ser músico profissional. Sempre gostei de música e aos poucos eu fui me tocando, as coisas foram acontecendo… Tive a oportunidade de poder gravar um disco, sem nunca ser música, assim no contexto.Recebei o convite para gravar um disco. Tive essa felicidade… E as coisas foram acontecendo.

Você participou em algumas novelas e acabou ficando mais famoso ainda. Pantanal e outras. Nos conte um pouco de sua carreira na televisão.

Almir Sater: Na verdade as novelas foram um bico. Eu fui fazer uma participação como músico, fazer a participação nas rodas de viola. E eu caí nas graças do autor, do Benedito Rui Barbosa, ele acabou acelerando um pouco meu personagem. Aí desse bico fiz outra novela. Fiz quatro novelas. E foi muito importante. Acho que foi um divisor de águas na minha vida. Antes de novela e depois. Não em termos musicais, em termos de performances musicais, mas em termos de projeção.

Você é natural de Mato Grosso, mas a gente sabe que você fez uma pesquisa no Pantanal, um documentário. Como que foi realizar isso?

Almir Sater: Em 1983 fizemos um documentário sobre a cultura pantaneira, em busca do que havia de cultura pantaneira. Foi um trabalho muito simples. Fizemos um média metragem que se chama “Comitiva Esperança”.

Você é uma pessoa que valoriza muito a vida interiorana. Tem o seu recanto no Pantanal. Nós, na Lapa, também temos uma vida muito pacata, por ser uma cidade pequena. Como você vê a necessidade de ter que sair do nosso “refúgio” para ir buscar um estudo melhor, mais recursos de saúde, entre outras coisas?

Almir Sater: Bom seria se não precisássemos sair de casa. Pudéssemos ficar aqui perto de casa. Pudéssemos ter todo o acesso à escola, à saúde, tudo perto. A gente caminha para isso, mas acho que leva um bom tempo ainda. Eu saí do Pantanal para trazer meus filhos pra estudar.

Apesar de ter uma pequena escola fundamental, mas venceu essa escola e eu até ia mudar para Campo Grande, mas meus filhos nasceram na Serra da Cantareira, em São Paulo. Eu tinha um pequeno rancho na Serra da Cantareira, e acabei me arrumando num “Mato Grosso da Serra”, vamos dizer, na Serra da Cantareira, que é um lugar muito próximo de São Paulo. É um lugar muito generoso, muito bonito também. Mas eu queria ter ficado no Pantanal.

Almir, voltando à sua história. Antes dessa carreira, você foi para o curso de Direito. Tinha a idéia de ser advogado?

Almir Sater: Puxa… Todo mundo em casa estava a fim de estudar, né. Todos os meus primos, a minha família. Todo mundo estudava. Então o certo era estudar, criar família, trabalhar. Mas no momento que eu fui pro Rio de Janeiro eu já tinha um sonho de conhecer músicos, de ir à escola de música. Eu tive muita sorte, que as coisas foram acontecendo, assim de conhecer bons músicos, e aos poucos sendo convidado para tocar com um, com outro. Até o momento em que os convites musicais eram muito mais importantes do que pegar o ônibus de manhã cedo para ir pra faculdade. E acabei abandonando a faculdade pensando em voltar no ano seguinte. E aí não voltei, e com intenção de voltar no outro ano. E até agora eu estou com a intenção de voltar, vê se acaba, mas não deu não.

Não dá para conciliar ser advogado tocando viola?

Almir Sater: Não, eu acho que não vai dar mais não. Acho que o negócio é tocar viola mesmo.

No início da entrevista, quando questionado a respeito do início de sua carreira, você disse que o início para o um músico é um sonho. Nós temos diversos talentos locais que têm como sonho ter uma carreira artística. Qual é a sua mensagem para eles, nesta época de Natal, que é uma época de esperança, de crer nos sonhos?

Almir Sater: Tem músico e tem o cantor. O cantor eu acho que é um dom divino. (Se você tem) você pode pendurar uma meia na lareira e pedir pra Papai Noel te ajudar neste dom que vem pronto, num cantor. O instrumentista jamais. O instrumentista se você não estudar horas por dia, jamais você vai ser um bom instrumentista. Então eu acho que o conselho é se dedicar. Mas se você tem a felicidade de ter o dom de ser cantor, de nasce pronto, você pode sair cantando pelo mundo. Agora para você ser instrumentista, participar e tocar você precisa transpirar um pouco. E é bom começar a estudar logo!

E qual foi a música que mais te marcou, que mais marcou sua carreira?

Almir Sater: Tocando em frente, uma parceria minha com Renato Teixeira que tenho que tocar em todos os meus shows. Tem que tocar.

E as pessoas que serviram para você como modelo também na sua carreira?

Almir Sater: Eu sou um músico autodidata, então me inspirei em algumas pessoas que eu gostava do som na minha geração. Desde Beatles, Pink Floyd, mas eu já gostava também de Tião Carreira e Pardinho, que eram dois violeiros do interior de Minas Gerais. Do Renato Andrade que é outro violeiro mineiro fantástico. Então essa mistura de sons que foi saindo.

Quando vamos procurar seus Cd´s, suas obras, as encontramos na categoria sertanejo/country. E você se considera um roqueiro. Como você vê esse “rótulo” do meio? Como é tua aceitação quanto a isso?

Almir Sater: (Risos) Sempre foi muito difícil de se definir o meu tipo de som. As pessoas sempre perguntaram e eu nunca soube responder. “Mas o que você gosta?” Ah, eu gosto de rock and roll… Eu sou um violeiro. Mas o instrumento não tem culpa. Eu acho que não é a guitarra que define o instrumentista é quem está por trás, naquela pecinha que fica atrás da guitarra. Ou que pendura a guitarra em seu pescoço. Eu gosto muito. E acho que rock and roll é uma postura. A música tem uma pegada mais forte. E nem sou de escutar sertanejo na minha casa, colocar disco sertanejo e ficar tocando. Não é o meu gosto, então eu gosto mais de pop, de folk. Na verdade eu gosto muito mais do instrumentista, muito mais do que do cantor. Eu nunca fui de me ligar em cantor. De colocar um disco de cantor em minha casa. Eu sempre gostei daquela pessoa que do nada tira alguma coisa e vai criando alguma coisa que nos emociona, que é o compositor.

Mas no início lá em Campo Grande você ouvia um bom rádio, a música caipira, e tocava tua viola.

Almir Sater: É, eu sempre achei a música caipira muito linda. Os violeiros, eu acho lindo. E o meu acesso à musica caipira é através do rádio mesmo. Nas ondas curtas, que tinha antigamente, de madrugada. Porque a música caipira era confinada num horário muito gozado né. De três da manhã às cinco da manhã. E de 11 à uma. E às vezes seis horas da manhã também tinha uma canjinha. Então era só para quem acordava muito cedo. Cultura caipira só para os madrugadores. Hoje mudou um pouco, hoje a música caipira também mudou muito.

E as mulheres, podem esperar você de volta na TV?

Almir Sater: Não, não. Eu parei com novela. Na novela você ganha um patrão. Eu nunca gostei de patrão.

Deixe uma mensagem aos lapeanos. Na zona rural tem muita gente que é seu fã, que te ouve. Suas músicas Tocando em Frente, Chalana, são muito pedidas na Rádio Legendária.

Almir Sater: Continuem tocando nossa cultura, prestigiando os músicos brasileiros. A nossa profissão é uma profissão muito frágil, depende de muitas coisas. Principalmente da divulgação. Que é o rádio que manda a nossa voz para muito longe. Continue nos ouvindo e um beijão para todos os lapeanos.

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