Psicóloga da Clínica Clinitran esclarece como é realizado exame psicotécnico

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A Tribuna Regional, devido ao recebimento de grande número de reclamações em relação aos testes aplicados pela Clínica Peritran, entrevistou a psicóloga da Clínica Clinitran, também credenciada ao Detran para realizar os testes na Lapa. É importante ressaltar que, até o fechamento desta edição, não foi repassada à Tribuna nenhuma reclamação quanto à Clínica Clinitran.

Conversamos com a psicóloga Juliana Piovezan (CRP 08/12432), que esclareceu alguns pontos. Confira a entrevista.

 

TR: Quais são as principais causas que levam os alunos à reprovação no exame psicotécnico?

Juliana: A Avaliação Psicológica atual realizada pelo DETRAN/PR é realizada em duas etapas, onde a primeira etapa é coletiva e é realizada apenas a aplicação dos testes. Já a segunda etapa é individual, sendo realizada uma entrevista. Somente após estas duas etapas obrigatórias realizadas o psicólogo emite um resultado. Os resultados possíveis são:

Apto – Quando o indivíduo apresenta condições psicológicas favoráveis à atividade de dirigir.

Inapto – Quando o indivíduo não apresenta condições favoráveis a atividade de dirigir e não apresenta perspectiva de melhoria de suas condições.

Inapto temporário – Quando o indivíduo não apresenta condições favoráveis a atividade dirigir no momento da avaliação e apresenta perspectiva de melhoria de suas condições (no caso de tratamento psicológico, uso de medicamentos ou qualquer outro advento que esteja temporariamente alterando o seu comportamento). Neste caso, o psicólogo pode definir o tempo necessário para que o indivíduo volte a realizar a avaliação.

Necessita nova avaliação – Quando o indivíduo não atinge resultado satisfatório nos testes ou entrevista nas duas primeiras etapas da avaliação e tem a necessidade de nova aplicação de testes na tentativa de alcançar melhor desempenho. Este resultado pode ser repetido quantas vezes forem necessárias, até que o indivíduo alcance melhores resultados.

Logo, os resultados que acontecem com mais frequência nos casos de reprovação é o Necessita nova avaliação, sendo que as causas podem ser:

– Candidato teve dificuldade na compreensão sobre a forma de realizar os testes, ou não tirou dúvidas no momento da primeira avaliação, realizando-os de forma errada ou insuficiente.

– Candidato que vai mal preparado para avaliação coletiva, exemplo: muito apressado ou preocupado com horário, ansiedade em relação á avaliação, mal alimentado, pouco descansado, estresse momentâneo por motivos pessoais.

– Quando na entrevista o candidato apresenta comportamento inadequado, pouco colaborativo, desatento, agressivo, impulsivo ou qualquer outro sintoma de questão psicológica que necessita ser melhor investigada.

 

TR: Estão acontecendo muitas reprovações na Clínica Clinitran?

Juliana: Na Clinitran, assim como em outras clínicas de outras cidades onde já trabalhei, há sim a ocorrência de reprovações, com uma média de 20% dos alunos, podendo esse número variar muito.

Na etapa coletiva busco realizar um rapport, que é o primeiro momento que os candidatos chegam a clinica, antes de iniciar a aplicação coletiva dos testes,  onde explico de forma clara e objetiva a todos o objetivo da avaliação e como irá funcionar. Falo muito sobre a necessidade de manter-se calmo e concentrado, que só iniciarei a aplicação de cada teste após todos terem entendido corretamente a forma de fazer. Abro espaço para esclarecimento de dúvidas deixando o candidato a vontade para a sua realização. Observo durante a realização dos exemplos no quadro e nas folhas individuais se os candidatos estão realizando da forma correta, corrijo e repito as explicações quantas vezes forem necessárias.

Desta forma, observo que os fatores de ansiedade em relação a avaliação e má compreensão dos testes são eliminados e os candidatos obtém um bom desempenho na maioria das vezes, não  havendo a necessidade de realização de novos testes e novas avaliações.

No entanto, o tempo de avaliação, conforme previsto pelo Detran, nesta primeira etapa é de 2 horas. Desta forma, muitas vezes, dependendo da dificuldade ou não dos candidatos, a aplicação dos testes pode levar de 1h e 20min até 2h.

Na entrevista, também há casos em que o candidato mostra-se muito nervoso, agressivo, ou indica o possível abuso de álcool ou drogas, indica problemas psicológicos que precisam de tratamento, sendo que mesmo tendo ido bem nos testes pode ter um resultado de reprovação devido ao comportamento.

No geral, acredito que o objetivo da avaliação é avaliar a condição natural do individuo, se ele apresenta potencial para dirigir, já que dirigir passará a ser uma atividade rotineira na vida do candidato se ele conseguir sua CNH. Então, busco tratar os candidatos de forma agradável e não pressioná-los em relação à avaliação para que  possam sentir-se a vontade e realizar os testes de forma tranquila.

 

TR: Nas últimas edições a Tribuna abordou o assunto das reprovações na Clínica Peritran. Já sobre a Clinitran não chegaram reclamações à redação do jornal. Os testes aplicados nas clínicas têm alguma diferenciação?

Juliana: De acordo com a legislação que regulamenta o nosso trabalho, o Detran/PR, exige que sejam avaliados os seguintes quesitos:

– 3 tipos diferentes de atenção;

– memória;

– raciocínio lógico;

– personalidade.

No total são obrigatórias a aplicação de seis testes psicológicos. Os testes psicológicos são instrumentos de trabalho do psicólogo que não são usados somente no trânsito e servem para auxiliar no diagnóstico e indicar se o nível de desenvolvimento em cada quesito está dentro do normal, considerando sua idade, sexo, escolaridade, entre outros fatores.

Desta forma, os testes são feitos baseados em estudos científicos realizados há muitos anos e quando são usados todos têm um manual específico que deve ser obedecido, onde consta a forma que o teste deve ser explicado, o tempo exato de aplicação e qual a média que o candidato deve alcançar para ser considerado dentro do nível normal.

Essa média pode mudar de indivíduo para indivíduo. Por exemplo, um homem de 18 anos que tem o ensino superior completo que obteve uma nota que pode ser considerado abaixo da média, e uma mulher de 55 anos que estudou até a 4ª série do primário pode ter a mesma nota e ser considerada acima da média. Pois considera-se que o perfil psicológico é diferente para cada um deles, devido, neste caso, à idade, sexo e escolaridade.

Existem vários tipos de testes psicológicos para cada quesito exigido (atenção, memória, raciocínio e personalidade). E cada psicólogo tem autonomia para escolher quais testes prefere usar, desde que os testes estejam devidamente autorizados pelo Conselho Federal de Psicologia.

No caso da clínica PERITRAN, não tenho conhecimento sobre quais testes são utilizados, mas como devemos seguir a mesma legislação acredito que não são muito diferentes dos testes que eu uso na CLINITRAN.

Posso garantir que trabalho de acordo com a legislação e que não são aprovados candidatos com resultados abaixo da média. O que pode variar é a forma de aproveitamento do tempo que o candidato está na clínica.

Visando otimizar o atendimento, quando o candidato não vai bem em alguns testes, no mesmo dia da entrevista tento realizar um ou dois testes que tenham o tempo de aplicação curta, faço a correção e dou o resultado no mesmo dia. Mas, se o candidato tiver um mau resultado em mais de dois testes ou em um teste que tenha um tempo de aplicação longo, o candidato deverá voltar para nova avaliação, devendo, para isso, pagar nova taxa no Detran. Se é este o caso, quando o indivíduo volta, realizo pelo menos uma vez todos os testes necessários, nem que para isso ocorra atraso no atendimento.

Concordo que, conforme exigência do Detran, o usuário tem direito de ter a devolutiva dos seus resultados, por isso no dia da entrevista forneço todos os resultados e dou orientações sobre como ter um melhor desempenho e esclareço suas dúvidas. 

Logo, tratando o candidato com respeito, fornecendo todas as explicações necessárias e realizando o trabalho da forma correta conforme a legislação, não tenho tido problemas com reclamações ou número excessivo de reprovações na clinica.

 

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