Quem não é visto não é lembrado

Feira de Rua em Paris, livre circulação de pessoas
Feira de Rua em Paris, livre circulação de pessoas
Feira de Rua em Paris, livre circulação de pessoas
Feira do Largo da Ordem - tradicionalmente no centro histórico de Curitiba e com muita visibilidade
Feira do Largo da Ordem – tradicionalmente no centro histórico de Curitiba e com muita visibilidade

Esconder a Feira do Produtor não ajuda o seu movimento. Feiras de Rua são feitas para terem grande visibilidade e circulação livre de pessoas.

Muito antigas e com diversas hipóteses sobre o marco histórico do seu surgimento, as feiras livres são sem dúvida parte da paisagem das pequenas às grandes cidades brasileiras. Essas feiras possuem ainda grande importância sócio cultural, uma vez que as mesmas são muito mais que apenas espaços de transações comerciais, são espaços de interação entre as pessoas e que ainda preservam a diversidade de nossa cultura popular e alimentar. Talvez por essa e outras razões, as feiras resistam nesse contexto onde a correria do mundo do trabalho impõe que as pessoas busquem cada vez mais agilidade na compra, o que as empurra para o frio, mas prático contexto das grandes redes de supermercados.

No final de semana passado a Lapa tirou a sua Feira do Produtor da Alameda David Carneiro e transferiu para um terreno em frente à antiga prefeitura. Segundo informações recebidas a ação foi realizada para beneficiar os agricultores, não havendo mais a necessidade de montar e desmontar as barracas a cada quarta-feira ou sábado. Outra justificativa é a de que, durante eventos, a feira não precisa ser mudada de lugar e pode também, conforme a possibilidade dos produtores, atender durante outros dias da semana.

A Feira do Produtor já existe há décadas, sempre na Alameda David Carneiro. O local está preparado para receber os clientes, bem como já tinha a estrutura necessária para os comerciantes. Um local de grande visibilidade e de fácil acesso que beneficiava os consumidores, tendo muito espaço para estacionamento e circulação de pessoas.

Com o custo de dois mil reais ao mês para o município, o terreno, que é particular, recebeu benfeitorias, uma terraplanagem básica e novos portões. E esta “obra” demorou mais de seis meses para ser realizada.

No novo local, um terreno em desnível e com pedriscos, além de atrapalhar a mobilidade dos clientes, perdeu-se a visibilidade das barracas. Muitas pessoas idosas visitam a feira e podem se machucar, além dos clientes competirem com o pretenso estacionamento embutido no local.

Será que é o caso de apostar neste novo modelo? Os produtores que lá comercializam vão aguardar a queda nas vendas, para depois notarem que era melhor ficar onde estava? A prefeitura da Lapa não vê que nas maiores cidades do mundo, como Paris, Roma e, prá não ir muito longe, Curitiba e Morretes, as feiras são realizadas no centro da cidade?

Esconder o feirante não é uma boa solução neste momento de crise. A Alameda David Carneiro já é o palco para essa feira há muitos anos e os lapeanos já tem a tradição de comprar na feirinha. Colocar os comerciantes escondidos num beco não ajuda.

Pensem melhor.

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