Quaresma: o valor da mortificação e sacrifício

A quaresma é um tempo forte de encontro com Deus e abertura para o próximo. São quarenta dias percorrendo o caminho de conversão e renovação da fé. A Igreja oferece uma grande riqueza espiritual, oferecendo meios de conversão interior, através de práticas como a mortificação e sacrifícios. O objetivo é desapegar-se dos bens terrenos, combater as paixões desordenadas e viver a liberdade interior.

– Jejum: união com o sacrifício de Cristo Quaresma: o valor da mortificação e sacrifício
Uma das formas mais comuns de sacrifício é o jejum. Para que serve o jejum e qual sua finalidade? A Igreja entende o jejum como uma forma de educação dos nossos hábitos, ou seja, aprendemos a deixar de comer algo que gostamos, e revertemos em serviços de amor e em práticas de caridade. O jejum só tem sentido e eficácia quando nos afasta das paixões desordenadas e nos aproxima de Deus. É um pequeno sacrifício unido ao sacrifício de Cristo. Ao praticar o jejum, percebemos que necessitamos tanto de Deus e os bens deste mundo são passageiros. O jejum deve levar o fiel à conversão do coração. Com o jejum devemos nos perguntar: o que devo mudar na minha vida? O que preciso deixar Deus dominar?
Jesus Cristo jejuou durante quarenta dias no deserto e venceu as tentações. Era a preparação para a sua Paixão. O jejum precisa transformar a nossa vida. O nosso corpo é submetido à oração, combatemos a gula, que é causa de prazeres pecaminosos e paixões transtornadas. Jesus nos ensina a entregar o nosso corpo em oração para vencer as tentações e alcançar a conversão.

– Mortificação: propósito de mudança
A mortificação é outra prática importante para a vida cristã. É vista como um voto ou promessa a Deus. A mortificação não é um fim, mas um meio para que o fiel viva uma vida superior e não fique apegado aos bens deste mundo. A Igreja recomenda a mortificação aos fiéis com o objetivo de unir-se com Deus. Isto significa que, se fazemos a mortificação e sacrifícios, devemos ter um propósito de mudança interior. Por exemplo: deixar de comer chocolate durante a quaresma. É preciso ter presente a pergunta: por que estou deixando de comer chocolate? É necessário ter um efeito de conversão e mudança de vida. Não é deixar de comer chocolate por que quero emagrecer ou simplesmente deixar de comer.

A mortificação precisa ser assumida de acordo com aquilo que queremos mudar na nossa vida, fazendo o propósito de mudança e conversão interior. A mortificação deve levar a pessoa, por exemplo, a deixar de murmurar, de fofocar ou qualquer outra imperfeição que necessita de mudança.

– A união com Cristo

As mortificações e sacrifícios, sejam quais forem, devem ser realizadas em oração entregando a Deus as nossas deficiências. O objetivo maior é a união com Cristo, assemelhando-se à sua entrega total na cruz. Por meio dessas práticas, alcançamos a vitória nas tribulações, vencemos as tentações e a nossa vida torna-se mais agradável, pois somos libertos da escravidão das coisas temporais. Vale a pena mortificar a nossa vida por algo maior, o dom mais elevado para a nossa salvação.

Essas práticas quaresmais nos ajudam na santificação e a reconhecer a soberania de Deus Pai, rico em Misericórdia. O Catecismo da Igreja Católica ensina que “o progresso espiritual envolve ascese e mortificação, que levam gradualmente a viver na paz e na alegria das bem-aventuranças” (CIC, 2015). O caminho da perfeição passa pelo caminho da cruz. Conquistamos a santidade por meio do combate espiritual e da renuncia às paixões, isto é, vivendo como soldados que lutam pela paz e alegria. O objetivo último é a união completa com Cristo, o portador da vida em plenitude e fonte de todo bem.

*Pe. Marcio Adriano Krefer – Vigário da Paróquia Santo Antonio da Lapa – texto publicado no Boletim Informativo Paroquial de março de 2017.

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