Tribuna recebe suposto “atestado de morte” do Monge

Documento foi entregue ao Diretor de Turismo, Márcio Assad, na presença do Vice-Prefeito Joacir Gonsalves.

Documento, escrito em 1928, será encaminhado ao Instituto Histórico e Geográfico do Paraná para verificar sua autenticidade.

Uma carta, a princípio, escrita em março de 1928, transcrevendo as possíveis últimas palavras ditas por João Maria de Agostinho, o primeiro dos dois Monges que passaram pela Lapa, chegou à redação da Tribuna Regional no início do mês.

O documento, que ainda não se sabe se é verídico ou não, estava em União da Vitória, sob os cuidados de Alan Martin Jones. Ele encontrou o escrito em 1998, na casa da fazenda do saudoso Durval Rocha, quinto filho do patriarca Pedro Joaquim Richa e Maria Joquina Nepomuceno, situada na Colônia Jararaca, município de Paula Freitas, Paraná. Como os herdeiros do documento não demonstraram interesse, Alan ficou com o escrito. No entanto, não possui mais informações de como, quando, ou por quem tal documento chegou à família de Durval Rocha. Até onde sabe, não havia nenhuma ligação da família com o Monge. O detentor da carta deseja que ela seja exposta em museu, para que contribua com a reconstrução da história do Monge.

De acordo com o conteúdo do documento, João Leite, na Lapa, em 30 de março de 1928, teria recebido uma carta assinada por Dom Juan Sentú Gonzales, comunicando a morte de João Maria de Agostinho, bem como suas últimas palavras, ditas à margem esquerda do Rio Pilcomayo, no chaco paraguaio.
Segundo o documento recebido por João Leite, João Maria teria falecido em 12 de março daquele ano. Mas, antes de morrer, aos 115 anos, teria dado conselhos aos povos do sul do Brasil, assim como feito algumas profecias.

DESTINO
Como a Tribuna Regional não possui competência para atestar a veracidade do documento – e também não é o local ideal para se manter tal escrito, na quarta-feira, 15 de março, foi realizada a entrega da carta para o Diretor Municipal de Turismo da Lapa, Márcio Assad, acompanhado do vice-prefeito Joacir Gonsalves. Assad ficou responsável por levar o “atestado de óbito” de João Maria ao “VI Encontro de Estudos Turísticos sobre o Monge João Maria”, que acontecerá no dia 23 de março, em Prudentópolis. Depois, a carta será levada ao Instituto Histórico e Geográfico do Estado do Paraná – instituição que poderá atestar sua autenticidade. Se comprovado como verdadeiro, poderá ser reproduzido e distribuído em museus.

DISCUSSÃO
O Monge João Maria de Agostinho, primeiro Monge a passar pela Lapa, teria pregado e oficiado missa na Igreja Matriz de Santo Antonio em 1847.
Há que se ter muito cuidado ao abordar o assunto “Monge”, tendo em vista não existirem muitos registros oficiais sobre sua vida, trajetória e morte. O que existe, em grande quantidade, são histórias orais que, muitas vezes, confunde quem pesquisa sua vida.
Fato é que, no ano de 2011, esteve na Lapa, Alexandre de Oliveira Karsburg, então estudante de Pós-Graduação em História Social pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Ele estava viajando pela América do Sul, percorrendo os caminhos feitos pelo Monge João Maria. O objetivo era levantar dados para escrever sua tese de Doutorado, intitulada “O Eremita do Novo Mundo – A trajetória de um peregrino italiano na América do século XIX (1838-1869)”. À época, Alexandre visitou a Tribuna Regional, tendo em vista o fundador do jornal ter escrito o livro “Monge – Vida, milagres, histórias, lendas e orações”. Na ocasião, também deu entrevista ao semanário.
Em 2012 Alexandre apresentou seu trabalho à Universidade. Ocorre que, segundo o então estudante, João Maria de Agostinho teria chegado aos Estados Unidos em 1863, mantendo seus ofícios de eremita, missionário e curandeiro. Lá, teria morrido violentamente em circunstâncias não esclarecidas, deixando como legado inúmeras devoções, histórias e lendas espalhadas em vários países da América, principalmente no sul do Brasil e no sudoeste dos Estados Unidos.
O próprio Alexandre, em seu trabalho, relata a dificuldade em traçar a história deste Monge, por conta das várias histórias orais existentes. Então, diante de tal documento recentemente divulgado, o melhor a se fazer é aguardar a análise que será feita pelo Instituto Histórico.
Após isso, se poderá dizer, quem sabe, se os povos do sul do Brasil devem levar a sério as profecias transcritas na carta de Dom Juan Sentú Gonzales, recebida por João Leite, na Lapa, em 30 de março 1928.

Please follow and like us: