Também conhecidos como sistemas de sombreamento de pastagens, técnica pode diminuir estresse térmico nos bovinos.
Os Sistemas Silvipastoris, também denominados de sombreamento de pastagem, produzem madeira de alta qualidade integrada a produção de forragem, tornam o ambiente mais favorável para a pecuária, aumentando sua produção, promovem a conservação de solo e água e promovem a captura de gás carbônico, o que contribui para o equilíbrio ambiental.
Alguns indicadores podem demonstrar que os bovinos estão em estresse térmico, tais como: elevação da temperatura interna; aumento do ritmo respiratório; diminuição do consumo de alimento e; aumento da ingestão de água.
Dentre as consequências do estresse térmico sofrido pelos bovinos tem-se a diminuição da produção de leite, a alteração na composição do leite, a diminuição do crescimento corporal e a alteração dos parâmetros reprodutivos.
Portanto, é importante observar os parâmetros de bem-estar animal, os quais favorecem o seu desenvolvimento e crescimento. São eles:
Zona de conforto térmico: Gado europeu = 1° C a 21° C; Gado zebuíno = 10° C a 27° C.
Condições de ambientes onde ruminantes mantém a produção: gado leiteiro em lactação = de 4° C a 24° C; gado de corte = de 4° C a 26° C; novilhas = de 10° C a 26° C; umidade relativa em torno de 75%; Carga Térmica Radiante = de 500W.m-2 a 800W.m-2; velocidade do vento entre 4,0 a 8,0 Km.h-1.
Os benefícios da arborização das pastagens para os animais são: a melhora no desenvolvimento da produção de carne e leite na ordem de 20 a 25%; a antecipação da idade reprodutiva das fêmeas em 6 meses; e a melhora da condição reprodutiva dos touros, prolongando sua vida útil.
IMPLANTAÇÃO DOS SISTEMAS
Alguns fatores importantes devem ser observados antes e durante a implantação dos Sistemas Silvipastoris. Além disso, o manejo das árvores deve ser realizado de forma a possibilitar o seu desenvolvimento sem, contudo, prejudicar a pastagem.
É importante preparar o solo, observar o espaçamento, a posição na paisagem, o plantio, a proteção das mudas, a adubação, o controle de formigas cortadeiras, os tratos culturais, os tratos silviculturais (poda e desbaste), e as espécies arbóreas recomendadas.
PREPARO DO SOLO
O principal objetivo do preparo da área é oferecer condições adequadas ao plantio e estabelecimento das plantas no campo. Como condições adequadas podem se considerar a redução da competição por ervas concorrentes e melhoria das condições físicas do solo (ausência de compactação).
O plantio deve ser realizado em área limpa, podendo a limpeza ser realizada através da capina ou com uso de herbicida. A limpeza pode ser tanto na linha de plantio, ou mesmo no local específico da muda.
Em relação a compactação, recomenda-se o sulcamento, que deve ser feito acompanhando o nível do terreno, no espaçamento determinado entre linhas de plantio. No caso da confecção apenas de covas, o sulcamento não é necessário.
ESPAÇAMENTO
O espaçamento influenciará as taxas de crescimento e a qualidade, tanto da forragem quanto da madeira produzida, influenciando o número de desbastes, a idade de corte final, as práticas de manejo e consequentemente os custos de produção da madeira.
Normalmente os plantios são executados com espaçamentos variando de 14 a 30 metros entre linhas (renques), e de 2 a 6 metros entre as plantas.
Espaçamentos maiores, tanto entre linhas quanto entre as plantas, correspondem a um menor custo de implantação e desbastes em menor número e mais tardios. Espaçamentos menores necessitam um maior custo de implantação e a exigência de desbastes precoces e em maior número.
POSIÇÃO NA PAISAGEM
As linhas ou renques devem ser implantados em nível, cortando a pendente do terreno. Essa prática tem como objetivo evitar a ocorrência de sulcos de erosão, protegendo o solo e conservando a água.
PLANTIO
Nos locais pré-determinados para as covas, com uma punção, deve-se abrir a cova na altura exata do colo da planta. A seguir, retira-se a muda do saco plástico, tubete ou rocambole e coloca-se dentro da cova. Em seguida, aproxima-se o solo do torrão da muda, evitando deixar bolsas de ar.
Caso seja necessário realizar o replantio, este deve ser feito em até 15 dias, repetindo-se o mesmo procedimento do plantio. As mudas utilizadas para o replantio devem preferencialmente ter a mesma idade e dimensão das mudas do plantio, sob pena de ter diferenças na uniformidade do crescimento dos renques.
PROTEÇÃO DAS MUDAS
Em Sistemas Silvipastoris a serem implantados em pastagens já existentes e com presença de gado, é necessária a proteção das mudas, pelo menos até completar o primeiro ano, ou até as plantas possuírem dimensões que não permitam serem quebradas pelos animais. A proteção pode ser realizada com o isolamento de cada planta, ou com o emprego de cerca elétrica nas linhas ou renques.
Em casos da pastagem ainda não ter sido implantada, recomenda-se a sua instalação após o cultivo de lavouras anuais, para que haja tempo das árvores atingirem dimensões adequadas, dispensado neste caso o uso de cercas de proteção.
ADUBAÇÃO
Tanto a correção do solo quanto a adubação devem atender as necessidades nutricionais da espécie segundo resultados da análise do solo.
A correção do solo só é recomendada nos casos onde o pH for inferior a 5,5. Quanto a adubação, ela pode ser realizada em duas etapas. A primeira, chamada de adubação fundamental, é feita antes ou no momento do plantio, utilizando nitrogênio, fósforo e potássio. A segunda, denominada de adubação de manutenção, é recomendada para solos de baixa fertilidade, e pode ser realizada até o segundo ano de idade das árvores.
O adubo orgânico também pode ser utilizado, o que em muitos casos tem um custo menor que o adubo convencional.
CONTROLE DE FORMIGAS CORTADEIRAS
A presença e o ataque de formigas cortadeiras é um fator que pode limitar o processo de produção florestal. Elas atacam quase todas as espécies de plantas cultivadas, podendo causar desfolha total e até a morte, principalmente no primeiro ano após o plantio. É recomendável iniciar o controle na área a ser plantada e nas vizinhanças antes mesmo de ser efetuado o plantio.
O controle pode ser manual, mecânico ou químico, sendo este último através de formicidas em diferentes formas. A isca granulada é a forma química mais prática e menos perigosa de ser adotada. Comercializadas em pequenas embalagens, são aplicadas diretamente no campo, ou quando em embalagens maiores faz-se necessário a utilização de porta-isca.
TRATOS CULTURAIS
O principal trato cultural a ser empregado nas áreas de Silvipastoris é o coroamento. O coroamento consiste na supressão da vegetação concorrente junto a muda em desenvolvimento. Esse coroamento, que em geral é realizado no primeiro ano do plantio, pode ser manual, mecânico ou com a utilização de herbicidas, embora este último requeira muito cuidado para não prejudicar a muda.
TRATOS SILVICULTURAIS – PODA E DESBASTE
A poda, que também é designada por derrama, desrama ou derramagem, é a supressão e o corte de galhos ou ramos ao longo do fuste (tronco), sendo uma alternativa viável para obtenção de madeira e produtos de alta qualidade, sem ocorrência de nós, e uma necessidade no caso dos Sistemas Silvipastoris.
A necessidade da poda está relacionada a incidência de sombra na pastagem, o que pode provocar o seu definhamento. A poda pode iniciar após o oitavo mês de idade das plantas, sendo recomendada a eliminação dos galhos até uma altura de no máximo 50% da altura total da árvore.
Quanto ao desbaste, em plantios florestais maciços, cada árvore teve ter a sua disposição certo espaço de crescimento, o qual aumenta com a idade e o crescimento contínuo. Nos Sistemas Silvipastoris tem-se ainda o fator do sombreamento, que em demasia pode prejudicar a pastagem. Por isso, o número de árvores deve ser diminuído pelo desbaste.
Em geral os desbastes podem ocorrer após o segundo ano de idade, mas tanto a poda quanto o desbaste serão orientados de acordo com o desenvolvimento das árvores do sistema, resultado das características da espécie, da fertilidade do solo, das operações de manejo da área, e especialmente das condições da forragem.
ESPÉCIES ARBÓREAS RECOMENDADAS
Não existe uma lista de espécies recomendadas, no entanto além de atentar para a adaptação ao solo e clima deve-se dar preferência para as espécies de rápido crescimento e que tenham um bom valor comercial.