Centro de Imagem: um impasse entre CMS e Prefeitura

Município conquistou verba de mais de R$ 2 milhões para oferecer na Lapa exames de tomografia, mamografia, ecografia e raio-x. Mas, falta de entendimento entre Prefeitura e Conselho de Saúde está atrasando resposta positiva sobre instalação da obra.

No dia 11 de setembro o Prefeito da Lapa, Paulo Furiati, divulgou em sua página pessoal do Facebook a seguinte postagem: “A Lapa conquistou 2 milhões e 500 mil para instalar um Centro de Imagem. Tomografia aqui. Mamografia aqui. Ecografia aqui. Raio-x aqui. O Conselho de Saúde não é representado por opiniões pessoais mas da entidade que representam. Os questionamentos se podemos ou não bancar o custeio, apesar de ser nossa responsabilidade, estão atrasando a instalação. É fundamental que votem se aprovam ou não. Chega de enrolação. O povo tem pressa por maior conforto”.

A notícia de que a Lapa poderia ter um Centro de Imagem passou a gerar intensas discussões, principalmente nas redes sociais, nos últimos dias.

Tudo porque a Lapa está sendo beneficiada com verba para aquisição de equipamentos como tomógrafo, mamógrafo, aparelho de Raio-x e Ecografia. Mas, o que teria gerado tanta discussão, se, a princípio, uma notícia deste gênero só iria beneficiar os pacientes que, hoje, precisam se deslocar a cidades vizinhas para realização de exames?

De um lado a Prefeitura, afirmando que a Secretaria Municipal de Saúde apresentou para conhecimento e análise do Conselho Municipal de Saúde (CMS) proposta para a implantação do centro de imagens. Segundo o Secretário Municipal de Saúde, Ruy Wiedmer, o município tem garantido do Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado da Saúde (SESA), investimento de quase R$ 3 milhões para construção aquisição de equipamentos e construção do centro de imagens. Se a Lapa receber, realmente, o investimento, a previsão, segundo o Secretário Ruy, é de que o Centro de Imagens passe a funcionar a partir do final de 2018.

Ainda de acordo com a Prefeitura, o CMS estaria protelando a discussão e votação do assunto, o que poderia acarretar na perda da verba para o Centro de Imagens.

O Conselho Municipal de Saúde, por sua vez, alega que os membros do CMS não são contrários a equipamentos de saúde instalados no município, mas tratando-se de investimento de alto custo e considerando a atual crise vivida no Brasil, haveria necessidade de segurança para deliberar. O CMS afirma já ter solicitado à Secretaria de Saúde um plano de instalação do Centro e está aguardando a resposta para deliberar sobre o assunto.

A REUNIÃO

Na tarde de segunda-feira, 25 de setembro, o Conselho Municipal de Saúde se reuniu para deliberar sobre diversos assuntos, dentre eles o Centro de Imagens.

Segundo o que foi falado na ocasião, os conselheiros teriam solicitado mais detalhes sobre o Centro, através de ofícios enviados tanto por membros do CMS como pela própria mesa do órgão. As informações teriam sido solicitadas à Prefeitura por meio de mais de um ofício, o que acarretou em respostas, também, em vários ofícios. Ou seja, os questionamentos e as respostas não estão reunidos em um único documento.

Este foi um dos pontos de discussão na ocasião, o fato de não existir um projeto específico sobre o tema, elaborado pela Prefeitura. E, diante das respostas já enviadas pela Prefeitura, vários conselheiros afirmaram ainda não estarem seguros para colocarem o assunto em votação.

Na reunião o Conselho questionou também se existe demanda no município que justifique os custos que o Centro de Imagens irão gerar. Perguntaram a origem dos recursos para manter o espaço, com profissionais especializados.

O Secretário de Saúde esteve presente na reunião e, ao final, fez uso da palavra, respondendo os questionamentos levantados, tanto por ofícios, como os que surgiram durante a reunião.

Segundo o Secretário, o município tem condições de manter toda a estrutura necessária para o Centro de Imagens funcionar, com os equipamentos e profissionais necessários. Ele afirmou que, atualmente, muitas pessoas, para serem atendidas pelo SUS e realizarem estes exames, precisam ir até Curitiba ou a outras cidades, enfrentando fila de espera para agendamento. O município, com isso, também tem custos, segundo o Secretário, sem contar o desgaste do paciente, que precisa enfrentar a estrada para ser atendido.

Ruy ressaltou que há pressa para o andamento na apresentação do projeto para que o município não perca os recursos do Governo do Estado, que tem validade para serem viabilizados. O Secretário de Saúde pediu aos conselheiros que colocassem o assunto em pauta, ao menos para decidir se aprovam ou não, dando continuidade ao tema.

Sete dos conselheiros presentes disseram ainda precisarem de mais informações para a aprovação ou não do plano do centro de imagens. Outros quatro conselheiros manifestaram-se satisfeitos com os esclarecimentos prestados. Os demais não opinaram.

O Secretário ressaltou que o município tem demanda de pacientes necessitados de atendimento e que o Governo do Estado irá custear toda a construção do Centro de Imagens. Segundo dados divulgados pelo Prefeito Furiati, em 2016 a Lapa realizou 1.920 tomografias (média de 160 por mês e 8 por dias úteis), 8.640 ecografias (média de 720 por mês e 36 por dias úteis), 2.160 mamografias (média de 180 por mês e 9 por dias úteis), e 16.800 radiografias (média de 1400 por mês e 70 por dias úteis).

Ao final da reunião houve tumulto. Os conselheiros acabaram por pedir mais informações para a Prefeitura, alegando que as já fornecidas pela Secretaria de Saúde não são suficientes para análise.

O CONSELHO

O Conselho Municipal de Saúde tem a missão de controlar e fiscalizar a aplicação do dinheiro na Saúde pública. Ele é formado da seguinte forma: 50% por representantes de entidades que representam os usuários; 25% por representantes de trabalhadores na área da saúde; 12.5% por representantes de prestadores de serviço; e 12.5% por representantes do Poder Executivo Municipal.

Please follow and like us: