Cadecs começam a mudar avicultura na Lapa

Implantação das comissões de frango de corte e matriz/recria abriu um canal entre produtores e indústria, antes inexistente.

Nos últimos dois meses, a avicultura da Lapa e região tem sofrido uma transformação. Desde a implantação das Comissões de Acompanhamento, Desenvolvimento e Conciliação da Integração (Cadecs) de corte e matriz/recria, os cerca de 300 avicultores, somando os envolvidos com as duas etapas, estão presenciando mudanças significativas na forma de negociação entre o setor produtivo e a indústria JBS, instalada no município.

As duas Cadecs, constituídas com assessorias técnica e jurídica da FAEP e auxílio administrativo do Sindicato Rural da Lapa, atendem a chamada Lei de Integração – n.º 13.288/2016 –, aprovada pelo governo federal no ano passado. A legislação exige a formação de comissões paritárias, com o mesmo número de representantes do setor produtivo e das empresas, com regimento interno próprio, que define, entre outras coisas, a periodicidade das reuniões.

Na Lapa, as Cadecs, mesmo com pouco tempo de existência, já permitem que a relação comercial entre as partes seja mais aberta e transparente, principalmente na troca de informações. “Hoje, eles [indústria] estão respeitando os produtores. Antes, nós não éramos recebidos. Eles determinavam o preço e ponto”, relembra Adyr Krauchuk, avicultor e coordenador da Cadec de matriz/recria na Lapa. “Agora nos reunimos para traçar as dificuldades dos produtores, que são quase sempre as mesmas, e vamos de forma planejada e direcionada para as reuniões com a indústria”, complementa.

As reuniões entre os avicultores que antecedem aos encontros da Cadec de matriz/recria acontecem a cada 15 dias, com a presença de boa parte dos 23 produtores envolvidos com a atividade. “Ficamos muito tempo sem canal de comunicação [com a indústria] e estamos bastante defasados. A cada reunião surgem muitas pautas”, diz Krauchuk.

Na Cadec de corte a situação é bastante similar. A criação da comissão abriu um canal entre os dois elos da cadeia. “Antes também não éramos atendidos. Agora somos muito bem recebidos pela empresa e esse canal está intermediando a relação”, conta João Miguel Ritzmann, produtor e coordenador da Cadec.

Apesar do curto prazo, os produtores envolvidos com o frango de corte já contabilizam uma conquista. “Conseguimos uma alteração no acerto e estamos recebendo R$ 0,10 a mais pelo quilo do frango. E já está em negociação outro reajuste”, comemora Ritzmann. As reuniões dos produtores envolvidos com a Cadec de corte acontecem mensalmente, com presença de boa parte dos 284 produtores.

PARANÁ

No Estado, das 30 unidades industriais de frango, nove já contam com comissões implantadas: Paranavai, Rolandia, Jacarezinho, Toledo, Dois Vizinhos, Carambeí e Lapa, todos com corte e matriz/recria. Outras cinco Cadecs estão em processo de implantação: Cianorte, Francisco Beltrão, Joaquim Távora e Maringá. O Paraná conta ainda com sete unidades gerenciadas por cooperativas. Porém, nesta modalidade a legislação é outra.

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