O Campo integrado à Indústria

Nesta edição o destaque vai para as comunidades de São Bento, São Bento II e Rio da Várzea. Só que na última edição não conseguimos encontrar um importante produtor da comunidade da Colônia Municipal, e também deixamos de citar a Lapinha, que é uma referência.

Desta forma, nosso passeio iniciou no final da Estrada da Colônia Municipal, onde paramos na última edição, com uma visita à Casa da Uva e do Vinho. Depois, seguindo em direção à Comunidade de São Bento encontramos a Lapinha Clinica de Saúde. Interessante que logo em seguida existe uma placa antiga de um Haras, que julgamos ser de criação de cavalos Appaloosa, mas aparentemente desativado. Realmente uma pena. Seguindo em frente alguns entroncamentos convidando a retornar para a rodovia Lapa-Porto Amazonas.

Chegando ao São Bento encontramos uma infinidade de cruzamentos, o que realmente torna difícil explicar o caminho, mas para todo lado que íamos encontrávamos a presença de granjas de frangos. A quantidade de integrados neste negócio realmente impressiona e fica evidente que é o principal fator de geração de renda na região. Como exemplo conversamos o senhor José Camargo.

Continuando, já no São Bento II, soubemos de um produtor que optou por cultivar plantas medicinais. Encontramos a família Zajonc, com seu cultivo de cavalinha, melissa e alcachofra. No retorno, tentamos encontrar um produtor que trabalha com morangos, mas no momento da nossa chegada não havia ninguém em casa.

Outra atividade de destaque que verificamos na região é a fruticultura, com algumas empresas estabelecidas. Mas nossa visita foi num domingo, e com isso não conseguimos contato com responsáveis.

Retornando do São Bento, visitamos a comunidade do Rio da Várzea. Bastante interessante no local é a estação ferroviária, que poderia talvez despertar um uso turístico. Ao redor da estação várias casas que segundo os moradores foram leiloadas há algumas décadas pelo governo federal.

Praticamente ao lado da estação encontramos um projeto bastante interessante: um condomínio rural às margens do rio, que recebeu o nome de Chácara dos Peixes.

Retornando à rodovia, encontramos por fim algo bastante interessante para quem não conhece: uma indústria de extração de areia.

Interessante neste circuito foi a percepção do tamanho de nosso município, pois as distâncias entre comunidades é considerável, e como as comunidades são fronteiriças e distantes do centro da Lapa, percebemos que muitos moradores tem como centro de referencia Campo do Tenente e Rio Negro, principalmente em São Bento I e II.

Casa do Vinho e da Uva

O Sr. Waldecir já é conhecido de muitos em nossa cidade pela produção de vinhos. Possui em sua propriedade uma área razoável de parreiras, das variedades bordo, isabel e niágara, das quais anualmente faz a colheita e produz um vinho que já é bastante apreciado na região. Quem conhece a propriedade também aproveita a época de maturação para comprar uvas direto do produtor. No momento, está em estudos para a instalação de uma cozinha industrial para que possa também produzir suco de uva, ampliando o seu leque de opções de venda. Quem tiver interesse em adquirir um vinho colonial muito bem feito, basta entrar em contato pelo fone 9 8822-2238.

Parreiral do Sr Waldecir, com uvas ainda em maturação.

Lapinha Clínica de Saúde

A Lapinha foi fundada por Dona Margarida Bornschein Langer, que, em uma visita médica à Suíça, na década de 50, experimentou a cura por meio da terapia naturista. Retornando ao Brasil, ela decidiu criar um espaço onde as pessoas pudessem combater doenças com a força da natureza e adquirir hábitos saudáveis de vida. Assim, em 1972 nasceu a Lapinha, o primeiro Spa Médico do Brasil, que hoje é reconhecido e premiado como um dos melhores destinos de saúde do mundo. A clinica é dirigida atualmente pelo casal Margareth e Dieter Brepohl. Contatos pelo fone 3622-1044.

Vista aérea da Clinica Lapinha.

Família Camargo

Como já citado, uma quantidade bastante representativa de agricultores da região optaram pela integração junto à JBS para produção de frangos. Uma das famílias que aderiu ao programa foi a família Camargo.

Em nossa visita conversamos com o Sr. José Camargo, que é integrado já a mais de 25 anos – o primeiro contrato foi realizado ainda com a antiga DaGranja. Segundo ele, que iniciou na atividade foi seu pai alguns anos antes e o negócio deu tão certo que acabou convencendo os dois filhos – Sr. José e o seu irmão – a entrarem na atividade.

A criação de frangos de corte, para quem não conhece, é dividida. Alguns produtores só produzem ovos galados, que depois de chocados, são selecionados pelo sexo, e enviados, com um dia de vida, para engorda, onde passam mais 45 dias até serem recolhidos e enviados ao abate.

Os irmãos trabalham justamente na parte da engorda, e produzem cada um aproximadamente 14 mil frangos a cada 45 dias. Por motivos sanitários, a granja descansa, sem animais, por mais 30 a 45 dias, portanto, a cada 3 meses recebem lotes novos de pintinhos para engorda. A organização dentro da granja e o controle de ocorrências, inclusive de visitantes, impressiona.

Um desafio para os produtores é a necessidade que a indústria está tendo de aumentar a escala de produção. Os aviários antigos tem 1.200 m2, mas a empresa agora necessita que os novos integrados criem aviários de quase 3 mil m2, com capacidade para 40 mil aves. Isso tem um custo alto para agricultores, o que torna um desafio a adesão de novos integrados e a manutenção dos antigos.

Sr José Camargo posando ao lado dos vários certificados que recebeu.

Família Zajonc

O sobrenome pouco usual deve-se a um erro de cartório, pois o escrivão não compreendeu o nome polonês original, e com isso acabou criando um novo sobrenome. Conhecido por todo o São Bento como “Edinei”, o Sr. Francisco Valdinei Zajonc iniciou sua vida na agricultura como produtor de fumo, cultura já tradicional em sua família. Ocorre que em 2008 e 2009 começou a ter problemas de saúde graves pelo contato com o tabaco, e decidiu que teria que mudar de ramo.
Após muito pesquisar, percebeu que todo o maquinário que tinha para produção de fumo poderia ser aproveitado para produção de plantas medicinais. Tentou várias plantas, e acabou focando a produção em cavalinha, melissa e alcachofra. Edinei já envolveu a família no negócio – trabalham juntos sua esposa e seu pai, apesar que este ajuda apenas nos momentos de maior necessidade de mão de obra.

A cavalinha é o principal, com duas colheitas por ano, que é colhida e desidratada na antiga estufa de fumo. A alcachofra pode ser comercializada de duas formas: folhas ou flores. O Sr. Edinei optou por folhas, que são colhidas mensalmente e também desidratadas. Apesar de colheitas frequentes, rendem pouco, pois quando secam diminuem 12 vezes o volume – ou seja, 12 kg de folhas verdes produzem apenas 1 kg de secas. Já a melissa é colhida a cada 3 meses, e exige cuidados especiais com a quantidade e espessura de galhos cortados junto com as folhas.

Toda a produção é vendida para um comprador em Mandirituba, que por sua vez envia boa parte dos produtos para o Estado de São Paulo.

Uma coisa interessante é que quem tem terreno na cidade em que alguma destas plantas esteja crescendo, basta entrar em contato que o Edinei compra a produção. Assim além de um lucrinho na venda, a pessoa ainda fica com o terreno limpo. Mas ele não faz o plantio, ok? Apenas faz a colheita. Contato pelos fones 9 9941-8437 e 9 8863-4240.

Família Zajonc em meio ao cultivo de cavalinha.

Estação Ferroviária

Não procuramos muitas informações sobre a estação ferroviária que existe ali na comunidade do Rio da Várzea. Informações de vizinhos indicam que o local ainda serve para manobra de trens e vagões, e que pelo menos duas residências ainda são ocupadas por funcionários da ALL.

A estação em si parece necessitar de alguns reparos, mas está em condições muito melhores que a estação da Lapa estava há algum tempo. Verificando a situação não pude deixar de pensar em um roteiro levando turistas de trem até ali, partindo da Lapa, para algum passeio turístico rural… Talvez algo às margens do Rio da Várzea, talvez apenas um passeio a cavalo e/ou charrete até alguma associação local para um café colonial.

É um sonho ou possibilidade distante, com certeza, mas fala-se tanto em turismo na Lapa, com iniciativas isoladas de turismo rural, turismo em nosso centro histórico, e ainda a Maria Fumaça, que talvez fosse uma forma de integrar a todos. Ganhariam os hotéis da cidade, ganharia a comunidade. Enfim, sonhos de uma Lapa turística.

Estação Ferroviária no Rio da Várzea com casas antigas da rede ao fundo.

Chácara dos Peixes

Não podemos afirmar com certeza, mas é provável que seja o primeiro condomínio rural da cidade da Lapa. A Chácara dos Peixes é uma propriedade às margens do Rio da Várzea que sofreu loteamento como um condomínio. A iniciativa foi do Sr. Luiz Piovezan, em 1998. Os lotes tem tamanho variado, sendo o menor de 20x80m (ou 1.600 m2) e o maior de 30x70m (ou 2.100 m2). O atual presidente do condomínio é o Sr. Hélio Bortolini, que nos deu maiores detalhes.

O condomínio tem 44 lotes, e destes 16 já contam com casas construídas, algumas com moradores fixos, outras apenas como “refúgio de fim de semana”. Cada condômino paga um valor de R$ 50,00 para manutenção interna, valor que cobre cascalhamento das estradas internas, manutenção do poço artesiano que abastece todos os lotes, manutenção da rampa e guincho na beira do rio e atividades em geral, como por exemplo, uma limpeza do Rio da Várzea, realizada em 16 de setembro, e um campeonato de pesca esportiva (pesque e solte) realizada em 28 de outubro.

O sr. Hélio informa que ainda existem lotes a venda, que devem ser verificados e negociados com o Sr. Luiz Piovezan. Os valores dos lotes giram em torno de R$ 40 mil, variando pela localização e tamanho. Mas os lotes não são vendidos para qualquer pessoa, não. O objetivo da chácara é o descanso e atividades em família, então quem quer som alto, bebedeira e gritaria não será bem vindo.

Este novo tipo de “ocupação de terras rurais” está crescendo em todo o Brasil, e é bastante interessante para as comunidades vizinhas, pois cria um novo fluxo de recursos, afinal, a tendência é que estes moradores contratem mão de obra, serviços e produtos de vizinhos, gerando maior circulação financeira na região.

Rampa e guincho às margens do Rio da Várzea facilitando o lazer dos moradores da Chácara dos Peixes.

Extração e Comércio Rio da Várzea

Bem próxima à rodovia, a indústria se instalou às margens do Rio da Várzea em 2015. Anteriormente atuava do outro lado do rio, no município de Campo do Tenente. Com o esgotamento das cavas de lá, mudou-se para o lado lapeano do rio.

Possui capacidade para beneficiar até 3 mil m3 de areia bruta por mês de várias cavas já licenciadas ou em processo de licenciamento. A cava atual tem capacidade de mais ou menos 40 mil m3, devendo durar mais um ano. Contudo, o local tem capacidade de fornecer areia e pedriscos por pelo menos mais 15 anos.

A indústria é gerenciada pelo Sr. Antônio Araújo, original de União da Vitória, que nos informou que os principais clientes são fábricas de concreto, mas atende também pessoas físicas e pequenas lojas de material de construção. Fornecem material para várias cidades, como Araucária, Fazenda Rio Grande, Contenda, Lapa, Porto Amazonas, Palmeira, Antônio Olinto, São Mateus do Sul, Campo do Tenente, Rio Negro e Mafra, São Bento do Sul e Rio Negrinho, Quitandinha, Mandirituba e outras cidades.

Quem tiver interesse em conhecer o local ou até mesmo adquirir areia de diversas granulometrias, basta entrar em contato com o Sr. Antônio no fone (42) 9 9997-5585.

Área de decantação utilizada para separação das diversas granulometrias de areia.
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