Canários como terapia

Sr. Amaury com sua criação. Segundo ele, o prazer ao lidar com estes pássaros não tem preço.

A criação de canários na Lapa é uma atividade muito comum, mas de forma amadora. Alguns criadores profissionalizaram-se e já temos resultados interessantes em nosso município.

A origem da espécie mais criada no mundo é justamente nas Ilhas Canárias, que receberam esse nome dos romanos, já que nas ilhas existiam cães enormes – dai “canis” em latim, que virou “Canária”.

A partir de 1400 os animais se difundiram pelo mundo conhecido, tornando-se comum encontrar em todos as lojas de artesãos da Europa, e com o tempo, também em todos os barcos pesqueiros. Com a colonização do Brasil, descobriu-se uma outra espécie nativa de nosso país, e dai passou-se a diferenciar entre “canário da terra” os locais, e “canários do reino”, os que vinham importados principalmente de Portugal.

Com o tempo, criadores na Bélgica começaram a selecionar características que desejavam e criaram raças especiais, que receberam o nome de “canários belgas”, e tornaram-se extremamente populares.

A criação é bastante fácil, e trata-se de animal exótico que não necessita registro no IBAMA – desde que não se confunda com canário da terra, é claro. Também não existe risco de contaminação biológica – os canários belgas não conseguem sobreviver em nossa natureza, e com isso a libertação das gaiolas equivale à sua morte.

No Brasil existem vários criadores apaixonados por estes pequenos cantores. Existem campeonatos que avaliam os melhores animais para canto, outros campeonatos que avaliam o porte e ainda os que avaliam as cores.

Na Lapa inclusive tivemos um criador, Sr. Marcelo Silva, que ano passado ganhou em uma das categorias no Campeonato Brasileiro em Itatiba/SP. A maioria dos criadores lapeanos estão focados no porte – pelo menos, todos os que se profissionalizaram. Visitamos o Sr. Amary Budziak Siqueira, proprietário da Clemencar, que talvez seja o maior criador da cidade, com cerca de 100 casais em postura.

Conta-nos que é adepto à criação desde seus 9 anos de idade, mas sempre como amador. Em 2010 entrou em contato com o Centro de Criadores de Canários de Campo Largo, que representa criadores de uma região que começa em Guarapuava e cobre vários municípios da Região Metropolitana de Curitiba. São pelo menos 5 criadores lapeanos associados entre um total de 70 em toda a regional. Nesta época começou a conhecer mais sobre raças e sobre criação profissional.

Cria hoje três raças: a “Topete Alemão”, que como o próprio nome diz, ostenta um topete bastante pronunciado; a “Lancashire”, que lembra a primeira, mas tem outro porte; e também a estranha raça “Giboso”, que nem parece ser um canário, de tão diferente. Preferimos não fotografar animais da criação dele, pois para conseguir fotos adequadas precisaríamos colocar a câmara dentro das gaiolas e aguardar os animais se acalmarem. Quem já criou sabe como isso é difícil, e por isso optamos por colher fotos da internet, para mostrar estas raças. Na Lapa existem criadores de outras raças, como “Gloster”, “Frisado Pariense” e outras mais.

Questionamos a questão dos custos de criação e lucratividade, mas segundo o Sr. Amaury, não visa lucros, apesar de ocasionalmente até vender um ou outro animal. O principal, segundo ele, é o prazer da criação e também o círculo de amizades em toda a região, pois mensalmente os criadores se reúnem em Campo Largo para um jantar de confraternização. Na criação, consome pelo menos uma hora diária, e na época de acasalamento tem que verificar os animais pelo menos três vezes por dia.

Existe um campeonato regional organizado pela associação que ocorre todos os anos em junho, e que é pré-requisito para se classificar para o campeonato nacional, em julho. Como já citado, tivemos um lapeano campeão, mas o Sr. Amaury também não fez vergonha: emplacou 7 classificados a nível regional e 6 a nível nacional.

A principal diferença dos animais criados por associados do Centro dos demais, além da garantia de animais sadios, é o controle da genealogia, pois todos os criadores têm sua própria anilha que aplicam nos pássaros nascidos em seu criatório. Esta anilha permite conhecer dados dos animais, como origem, idade, criador, etc, e somente pássaros anilhados podem participar de campeonatos.

Existem diversas espécies de canários, selecionadas pelas qualidades de canto, porte ou cor. Na Lapa a especialidade da maioria dos criadores é o porte. Acima, as três raças criadas pelo Sr. Amaury – da direita para esquerda, Giboso, Topete Alemão e Lancashire. Imagens de internet.

 

Sr. Amaury com sua criação. Segundo ele, o prazer ao lidar com estes pássaros não tem preço.
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