Peixe para todas as épocas

Em todos os pesqueiros que estivemos, um problema sempre foi sentido: nos meses de inverno a procura cai bastante, tanto pelo clima quanto pelo comportamento das tilápias, que fisgam menos os anzóis. Com isso é comum chegar em um pesque e pague nesta época e encontra-lo vazio, o que representa um grande queda na receita.
Ali na divisa entre Johanesdorf e Capão Bonito o Sr. Geraldo Schimidt resolveu implantar seu empreendimento. Homem da roça, na juventude trabalhava com cultivo de hortaliças nas terras de sua família, na Johanesdorf. Na verdade, foi o precursor da agricultura orgânica na Lapa, e também um dos fundadores da feira do agricultor. Essa foi sua atividade principal entre 1971 e 1983. Mas quando falam que foi o primeiro nos orgânicos ele rebate: “não sou o primeiro – o primeiro é a natureza”.
Só que desde sua época de orgânicos sonhava com piscicultura. Seu sonho começou a se materializar em 1993, quando comprou a área atual, e começou seus trabalhos. Já em 1994 tinha dois tanques instalados (que são na verdade viveiros, pois existe uma diferença técnica entre tanque e viveiro – e viveiros tem algumas caraterísticas vantajosas para a produção e qualidade da carne). Nestes dois ele começou seu pesque e pague.
O nome foi escolhido depois de consultar vários clientes, e chegou à conclusão que se desejava um local que atendesse o ano inteiro, isso deveria refletir no nome. Dai a escolha de “Pesque e Pague Quatro Estações”.
Mas o empreendimento foi crescendo. Em 2007 já tinha 7 tanques, e em 2014 tinha 14 tanques, chegando ao total de 19 tanques em 2016. Mas dai surgiu o problema que todos os pesqueiros enfrentam: a sazonalidade. E nisso surgiu um novo projeto, que foi novidade em nosso município: um abatedouro.
O abatedouro permite que seja comercializada o filé de tilápia em qualquer lugar que se deseje, e muitos restaurantes de nossa cidade já se tornaram fregueses assíduos do Sr. Geraldo. Ou melhor, da família do Sr. Geraldo, pois depois de um AVC, quem toca os negócios é seu filho Edvaldo Ferreira Schimidt, junto com outros 4 familiares que executam as atividades de abate e embalamento no abatedouro. Hoje a renda da família vem tanto do pesque e pague quanto do abatedouro, em proporções iguais, mas no inverno o abatedouro sustenta mais, e no verão, o pesque e pague.
A entrega dos filés aos restaurantes é semanal, e alguns pontos da cidade já tem o produto para venda. Edvaldo nos conta que já chegaram a entregar 450 kg de filé de tilápia por mês, mas agora, com a crise, estão entregando cerca de 250 kg. O preço do filé é de R$ 35 por quilo, já o da tilápia no pesque e pague é de R$ 14 o quilo. Mas claro, apesar de o forte ser a tilápia, o pesque e pague também tem outros peixes, mas o Sr. Geraldo fala que 99% da produção é tilápia.
Um dos problemas que surgiu da nova escala é justamente o que fazer com os restos do abatedouro. Edvaldo diz que até tentou algumas técnicas para curtir o couro das tilápias, mas não teve muito sucesso. A solução para destinar este material foi uma composteira, cujo produto é doado para quem desejar ir até o local e retirar, pois apesar de a família ainda ter sua horta (entregam repolhos semanalmente nos Supermercados Barcelona), o material produzido na composteira é mais do que o necessário para a produção dos Schimidt.

 

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