O alimento que vale ouro!

Cena rara- amamentação prolongada ainda é muito pouco praticada, apesar dos benefícios. Falta de informação e preconceito são os motivos para não seguir adiante.

O leite materno tem tudo o que o bebê precisa nos primeiros seis meses de vida. E continua oferecendo muitos benefícios após esse período. Mãe, familiares, sociedade, se informem sobre a importância da campanha e do apoio à amamentação!

Você sabia que a composição do leite materno, durante os períodos de mamada e de vida da criança, passa por algumas transformações? Essas mudanças refletem a necessidade do bebê!

Por exemplo, durante o início da mamada, o bebê recebe um leite com aspecto mais aguado. Esse leite é responsável por deixar o recém-nascido hidratado. Quando o leite é mais espesso, o bebê recebe de fato um alimento, pois este contém mais gordura e será fundamental para o seu crescimento saudável. Essa composição se divide em três tipos e são de acordo com o tempo de amamentação:

Colostro: é o primeiro leite materno após o parto. Ele contém um aspecto mais espesso e amarelado, é rico em proteínas, anticorpos, vitaminas, lactose e sais minerais. É tão importante para o bebê que é considerado a primeira vacina do recém-nascido. Protege a criança de infecções, ajuda na digestão e na limpeza do sistema digestivo do bebê. A lactante produz entre 3mL a 5mL por mamada, correspondente a capacidade gástrica do bebê em seus primeiros dias de vida. É produzido por 5 a 7 dias após o parto.

Leite de transição: após o colostro, a gestante passa a produzir o leite de transição. Acontece entre as duas primeiras semanas após o nascimento do bebê. Sua cor é diferente do amarelado do colostro, passa a ser mais esbranquiçado e há um aumento significativo no volume. Sua composição é mais rica em calorias, pois possui maior quantidade de gorduras, lactose e vitaminas.

O volume de produção, em alguns casos, é tanto que pode provocar ingurgitamento, onde as mamas da mãe ficam cheias e endurecidas, e mastite, uma infecção que pode acontecer quando as mamas não são esvaziadas com frequência. Apesar de ser muito positiva essa produção abundante, a mulher precisa tomar alguns cuidados para que não sofra com o ingurgitamento e a mastite. Uma opção para as lactantes que produzem leite em grande quantidade é a doação para bancos de leite materno, que são tratados e repassados para bebês em situações que não podem receber o leite de suas próprias mães por motivos variados.

Leite maduro: após duas semanas do parto, o leite materno é considerado como leite maduro. Diferente do leite de transição, a produção do leite é mais controlada. Acontece nesse momento uma regularização da produção em razão das necessidades do bebê. Por esse motivo, algumas mulheres podem acreditar que seu leite diminui ou que esteja secando, mas não é isso que acontece. É natural que o leite maduro seja produzido em menor quantidade do que o leite de transição. Da mesma forma nas outras fases, esse leite é rico em nutrientes essenciais para a saúde da criança.

BENEFÍCIOS PARA A MÃE

O leite materno interfere positivamente na vida do bebê. Mas, a mãe também é beneficiada! Conheça quais são as interferências na saúde da mulher:

Ajuda na prevenção do câncer de mama: estimativas mostram que o risco de mulheres que amamentaram seja 22% menor do que para as mulheres que nunca amamentaram. A porcentagem é gradativa conforme o tempo de amamentação, sendo de 7% para as mulheres que amamentaram por 6 meses, 9% para as que amamentaram de 6 a 12 meses e 26% para as que amamentaram por um período superior a 12 meses. Além disso, os números também são interessantes no que diz respeito a sobrevida de mulheres que tiveram um câncer de mama, mas que amamentaram. O estudo feito com essas mulheres mostrou que o risco de morte para mulheres que foram submetidas a uma cirurgia por câncer de mama e que nunca amamentaram, ou que amamentaram por 6 meses ou menos, é 3 vezes mais alta do que para as que amamentaram por tempo superior. Pesquisas mostram que o incentivo ao aleitamento representa a prevenção de mais de 20 mil mortes por câncer de mama.

Diminui o risco de câncer no ovário: estudos mostraram que é possível reduzir as chances da doença em até 30% quando se tem o aleitamento materno mantido por mais tempo.

Auxilia na proteção contra o carcinoma do endométrio: assim como no câncer de mama e de ovário, as chances de mulheres que amamentaram desenvolverem um câncer do endométrio é inferior às chances de mulheres que nunca amamentaram. Com o aleitamento materno o risco diminui em 11% para essas mulheres.

Reduz o risco de diabetes tipo 2: esta é uma doença crônica comum e, de acordo com algumas pesquisas, as chances são menores em mulheres que amamentam, onde o risco cai em 32%.

Reduz a enxaqueca: a amamentação pode contribuir para a redução de enxaquecas após o parto em muitas mulheres. Casos acompanhados de mulheres que apresentam essas fortes dores de cabeça antes do parto, tiveram uma diminuição na ocorrência após o aleitamento.

QUEBRANDO MITOS

Infelizmente, por falta de informação e até mesmo preconceito, até mesmo por profissionais da saúde, há muitos mitos envolvendo a amamentação. Confira:

É proibido amamentar em público?

Não! Em nenhum local do Brasil a amamentação em público é crime, portanto, a prática não deve ser proibida ou recriminada. Amamentar é um direito da mulher e do bebê. A decisão de amamentar em público ou não cabe somente a mulher. Criticar, proibir, desestimular através de palpites, comentários e olhares, só demonstra a falta de respeito com a mãe e com o bebê. E, ainda, a grande ignorância do indivíduo.

Existe um tempo ideal para cada amamentação?

Não, o tempo de uma mamada quem faz é o próprio bebê. Ele deve mamar até ficar satisfeito. É importante perceber se ele está ingerindo o leite que contém mais gordura, pois é este que o deixará saciado. Os sinais de que o bebê está satisfeito são dados espontaneamente, quando por exemplo ele solta a mama ou acaba adormecendo no colo da mãe.

A lactante deve oferecer os dois seios para o bebê durante a mamada?

Não existe uma regra. Enquanto a mãe está amamentando ela perceberá quando o bebê está satisfeito e assim parar ou, se notar que ainda não está saciado, trocar para outra mama. É um processo natural e vai sendo moldado aos poucos.

Mulheres com leite excedente podem amamentar outros bebês?

Não, essa prática não é recomendada. Essa amamentação chamada de amamentação cruzada é considerada um risco para a saúde dos bebês e das mulheres, pois muitos microorganismos podem ser transmitidos, inclusive o HIV.

A opção mais saudável para as mulheres que produzem muito leite é a doação para Bancos de Leite Humano. Além de ser um procedimento seguro, este gesto ajudará a salvar outras vidas.

Existe leite fraco?

Não! O que pode acontecer, durante a transição do leite, é que as mulheres desconfiem de que ele tenha mudado ou que esteja mais fraco, devido a sua aparência mais esbranquiçada. Isso é normal e não significa que o leite é menos nutritivo. Até mesmo mulheres desnutridas são capazes de produzir um bom leite materno com tudo que o bebê precisa.

As mamadas devem ser feitas com horário marcado?

Não! O recomendado é que sejam feitas mamadas frequentes, sem horário e duração pré-estabelecida. O bebê deve mamar até se sentir saciado e sempre que demonstrar sinais de fome.

 

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