Dia do Ator: a Lapa como celeiro de novos artistas

O Grupo Animathéia é um dos participantes da união dos artistas locais.

A União dos Artistas Lapeanos há tempos realiza importantes trabalhos na cidade, demonstrando o talento e a veia artística de muitos que aqui residem.

No domingo, 19 de agosto, foi comemorado no Brasil o dia do Artista de Teatro. A data homenageia todos os profissionais que atuam em performances teatrais. Nesse contexto não estão apenas dos atores e diretores, mas também os responsáveis pela sonoplastia, iluminação e figurino. Isso porque todas as funções são fundamentais para o sucesso de qualquer espetáculo teatral.

A cidade da Lapa, além de ser um polo turístico da região e possuir uma beleza arquitetônica única, vem se mostrando também um verdadeiro celeiro de artistas. Aqui existem muitos artistas que sempre estão em destaque, principalmente pela iniciativa desses profissionais de se unir, visando valorizar o trabalho desenvolvido e crescer juntos. Trata-se dos integrantes da União dos Artistas Lapeanos (UAL). Alguns deles relataram à Tribuna Regional como é ser artista na Lapa.

UAL

A União dos Artistas Lapeanos – UAL, é uma organização sem fins lucrativos, criada através da associação de diversos grupos culturais da Lapa, e iniciou suas atividades em meados de 2016 com a produção do espetáculo alusivo às comemorações do Cerco da Lapa. Tem por principal objetivo auxiliar no fortalecimento da cultura, através do desenvolvimento de ações como: espetáculos, oficinas, encontros e demais atividades que visem o incentivo e o crescimento dos grupos culturais existentes na cidade, bem como promover a criação de ambiente propício à formação de novos movimentos culturais. Atualmente a UAL é composta por integrantes dos grupos teatrais “Animathéia”, “Mistura Lapeana” e “Palhaçantes”, e os grupos de dança “Laços da Tradição” e “Studio Isabel Pellegrini”.

O Animathéia completará 13 anos de atividades, sendo um dos grupos mais antigos da área em atuação. Já o “Mistura Lapeana” teve origem da parceria de diferentes grupos culturais da cidade e, por esta natureza, busca promover a integração entre os artistas. Os “Palhaçantes” há 11 anos levam alegria ao público de todas as idades e também se dedicam a realizar trabalhos sociais. Já o grupo de dança “Laços da Tradição”, através da Dança Gaúcha, leva o melhor da música tradicionalista à região. E o “Studio Isabel Pellegrini” possui notório histórico de atividades ligadas ao Ballet Clássico, formando grandes bailarinos. A UAL é formada por artistas, mas antes destes artistas estão pessoas, gente do povo que sentiu a necessidade de fazer algo a mais pela comunidade em que vive. Este é o diferencial que faz da UAL e dos grupos integrantes verdadeiros profissionais, apaixonados pelo que fazem. A UAL já apresentou vários espetáculos, entre eles: “Lágrimas de Uma Guerra”, “Lapa: A História de Três Gerações”, “Por Dias Melhores”. Atualmente, os participantes estão trabalhando no projeto referente ao espetáculo alusivo às comemorações do “Cerco 2019”, além de projetos paralelos desenvolvidos pelos grupos componentes.

A VIDA DE ATOR

Questionados sobre como é a vida de um ator, os integrantes dos grupos que compõem a UAL comentaram que, como são amadores e por não ser esta a sua profissão formal, o nível de exigência acaba muitas vezes sendo maior, pois acabam abrindo mão de compromissos sociais, horas de descanso e lazer para dedicar-se a um projeto artístico. Relatam que a atuação é semelhante a atividade esportiva, sendo um constante exercício, então uma vez que o artista para de atuar por um determinado período, leva-se um certo tempo para “entrar em forma” novamente e isso é observado tanto em artistas amadores como em profissionais. No caso do artista que trabalha com improvisação, como os palhaços, contam que a exigência é ainda maior, pois o ato de improvisar é muito mais complexo e exige muito mais destreza do artista do que se imagina. Os atores lapeanos comentam que, além do constante exercício em palco, precisam desenvolver sua observação e percepção do ambiente em que vivem. Observar pessoas (e seus comportamentos) na rua, no trabalho, nos momentos de lazer, nas rodas de conversa, pode acabar servindo de matéria prima para futuros trabalhos, pois como diria o filósofo “o Teatro é a arte de mostrar o homem para o homem”.  Todas as técnicas aliadas a disciplina conduzem o ator para a base principal: o desenvolvimento da concentração e o despertar da sensibilidade. O ator, quanto mais sensível ao ambiente e quanto maior o nível de concentração, melhor desempenhará seu trabalho em cena.

O DESAFIO

A Tribuna também questionou aos integrantes quais os desafios de ser ator. Eles contaram que qualquer pessoa está apta para atuar, mas logicamente algumas levam mais tempo para desenvolver-se do que outras, mas todos são capazes de subir ao palco e, com uma boa dose de dedicação, realizar um belo trabalho. Hoje muitos são os desafios para os atores e, no caso dos artistas da UAL, que trabalham com teatro, entre os principais desafios estão o cultivo de plateias, pois na atualidade, com as novas tecnologias, os mais diversos tipos de entretenimento tornaram-se amplamente acessíveis, fazendo com que as pessoas saiam menos de casa para buscar tais atrativos, acarretando no vazio das plateias nos teatros e cinemas mundo afora. Outro ponto seria uma certa falta de apoio e incentivo da sociedade ou até mesmo de familiares, pois a atuação, seja como profissão ou hobby, é um caminho que apresenta muitas dificuldades, principalmente financeiras. Além da pouca valorização e de não possuir o glamour que muitos acreditam ter, fazendo com que os atores acabem muitas vezes desistindo de seguir na área.

VANTAGENS

Entretanto, apesar de todas as dificuldades, os integrantes da UAL que conversaram com a Tribuna contaram que ser ator é uma atividade bastante gratificante, sendo um caminho de autoconhecimento muito grande, onde cada espetáculo concluído torna-se uma vitória a ser celebrada. No caso dos amadores, é extremamente motivador ver pessoas que a partir da atuação superaram dificuldades, desenvolveram a autoconfiança, descobriram valores e talentos escondidos e que passaram a se perceber como cidadãos, livrando-se muitas vezes de doenças como a depressão e passaram e se integrar socialmente, participando ativamente da comunidade. “Acreditamos que a atividade cultural pode ser uma importante ferramenta de inclusão, desenvolvimento econômico e social, e pode auxiliar em questões de segurança e inclusive de saúde pública como prevenção de doenças. Enfim, os benefícios são inúmeros e só quem teve a oportunidade de vivenciar a experiência da atuação e soube usufruir é que pode compreender a dimensão dos impactos no cotidiano de cada um. E neste cenário a atuação é sem sombra de dúvida um dos importantes braços amigos de todas as atividades culturais”, finaliza Mara Ganzert, uma das integrantes da UAL.

Atores lapeanos durante apresentação de um dos espetáculos da UAL.
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