Paraná planeja privatizar parques estaduais

Conceder à iniciativa privada o controle de visitações, transporte e infraestrutura de alimentação dos parques e em contrapartida ter retorno financeiro e logístico para preservar o patrimônio natural e ambiental desses espaços. Esses são os objetivos do Plano de Desenvolvimento Turístico e Uso Público em Unidades de Conservação do Estado, do governo do Paraná, que tem início previsto para o próximo mês.

A ideia é iniciar as ações até o fim do ano nos parques de Vila Velha, em Ponta Grossa; do Monge, na Lapa; e Guartelá, em Tibagi, além da Ilha do Mel, no litoral. Outras 24 áreas de conservação poderão fazer parte do projeto. Entre as possibilidades de concessão estão a exploração de turismo de aventura e ecoturismo (caminhada, trilhas, rappel e rafting, entre outras) e concessões de serviços como transporte interno e refeições.

O desafio será viabilizar economicamente essa iniciativa. “Não vejo a iniciativa privada entrando onde não há retorno. Ao governo cabe fomentar a atividade, gerando emprego e renda, preservando a sustentabilidade”, diz o secretário de Estado do Turismo, Faisal Saleh.

MODELO

O plano tem como base o modelo implantado pelo governo federal no Parque Nacional do Iguaçu. Com vários serviços privatizados, o parque aumentou sua visitação. “O caso de Foz é de sucesso e influenciou o modelo de exploração da ilha de Fernando de Noronha [no Nordeste brasileiro]. No nosso caso, a Ecoparaná [autarquia vinculada ao governo estadual] vai cuidar da gestão do uso público dessas unidades e aumentar a educação ambiental, criando um cenário para concessões privadas”, afirma Saleh.

O aspecto econômico deverá ser uma das principais preocupações na implantação do sistema, opina o diretor do Parque Nacional do Iguaçu, Jorge Luiz Pegoraro. “Aqui, o que sustentou o modelo foi a grande visitação. Só em 2010, tivermos mais de 1,2 milhão de turistas”, afirma. “Mas cada caso tem que ser visto de forma diferenciada. As empresas têm que oferecer serviços de boa qualidade e elas visam lucro, ninguém vai investir para depois perder dinheiro.”

Os serviços turísticos do Parque Nacional do Iguaçu foram privatizados em 1999, quando a empresa Cataratas S/A assumiu, após vencer uma licitação, a exploração de seis áreas de visitação e do sistema de transporte interno. “Temos uma preocupação em utilizar serviços ofertados a região. Hoje, 77% dos nossos fornecedores são daqui e fazemos ações ambientais”, afirma a gerente de marketing da empresa, Juliane Poitevin.

NOTA DA REDAÇÃO

Alguns questionamentos devem ser feitos em relação à privatização do Parque do Monge.

Entre eles, se o público-alvo do local terá condições financeiras para visitar o local, visto que o turismo praticado até então no local oferecia baixo custo, em sua grande parte.

Também é relevante questionar se este não será, realmente, o melhor caminho para administrar o Parque. Isso porque sempre houve um impasse entre governo estadual e municipal quanto à responsabilidade de manutenção do local.

Antes de mais nada, é necessário que o Conselho Gestor do Parque se mobilize e realmente fiscalize esta nova situação.

Esta atitude irá evitar que, posteriormente às decisões tomadas, líderes realizem movimentos para só então tentar reverter a situação.

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