Cássia Vicente
Leia o pensamento colocado no final deste texto. Quanto eu li a frase, num e-mail, reli várias vezes e fiquei embaralhando os meus pensamentos tentando tirar com cuidado o que Saramago quis dizer, porque, confesso que quando li deu um blecaute na minha mente.
Puxa vida! Que simples. Aliás, são as coisas mais simples que nos confundem… E não é mesmo assim?
Para que a gente tenha algo, pessoas, coisas, enfim… Precisamos primeiro nos enamorar, gostar de… Para em seguida sentirmos a vontade ou necessidade de possuirmos. Isso é claro com o sol.
Tudo faremos para conquistar o que desejamos. Isto muitas vezes vem com facilidade, em outras temos que usar de sabedoria e, em outras, ainda, de artimanhas (é feio, mas acontece).
E acabamos tendo o que queremos!
Depois de possuirmos nos sentimos donos porque infelizmente ainda temos sentimento de posse, ficamos cegos e estabelecemos domínio.
Ter acaba sendo a maneira doente de gostar, quando deveria ser a maneira saudável de compartilhar. Porque, se conquistamos, com certeza não foi uma conquista solo, precisamos do outro, objeto, pessoa, para que aconteça a conquista.
Fica a pergunta: Como você gosta?
Já parou pra analisar algum sentimento seu?
Se ainda não o fez, por favor, pare, comece por um objeto, depois chegue a uma pessoa.
As suas muitas maneiras de gostar levam a posse, a poder?
Estamos adoecendo a nossa alma por gostar de…?
Sabe o blecaute em minha mente que falei no início? Era o medo de assumir o meu gostar de asas quebradas.
O gostar com desprendimento, respeito aos limites, é o que necessitamos para sermos livres como as borboletas, que quando saem do casulo, voam e embelezam sem se importarem com o dia em que perderão suas asas.
-o-o-
“Gostar é provavelmente a melhor maneira de ter, ter deve ser a pior maneira de gostar.”
(José Saramago)