Capoeira Formando Cidadão traz esporte e responsabilidade social para os jovens da cidade

Todos sabem que no Brasil existem muitos aspectos culturais oriundos dos negros vindos da África na época da colonização do país. Como segunda opção, os portugueses viram a mão-de-obra escrava como a melhor maneira de aumentar a produtividade e lucratividade de seus latifúndios. A Capoeira é vista pelos estudiosos de história como uma mistura de luta, jogo e dança, e é uma maneira que os escravos refugiados inventaram para se defender de seus opressores.

Na Lapa a oferta de aulas de capoeira nas academias é baixa. A Academia JS Corporis oferece aulas do esporte todos os dias, situada na Rua Dr. Joaquim Linhares de Lacerda nº 987. Há seis anos o professor Cleiton Abreu de Lima (professor Galo), junto com a academia, fixou parceria com o Grupo Ilê de Bamba, que há mais de 10 anos resgata a cultura negra através de vários projetos sociais.

No domingo, dia 10 de julho, foi criado um campeonato na Lapa para decidir os representantes da cidade em torneios de outras regiões. Na academia as categorias são divididas por idade (a cada três anos) e por sexo, e não por nível de conhecimento, pois, segundo Cleiton, quase sempre a idade é compatível com o nível do jogador.

O projeto é praticado em academia mas, para cumprir seu lado social, possui alguns quesitos que seus alunos devem seguir como, por exemplo, ir bem na escola e, durante o fim de cada bimestre, apresentar seu boletim, sendo que notas baixas levam à suspensão. O nome do projeto, oriundo do grupo Ilê de Bamba, é ‘Capoeira Formando Cidadão’, com o objetivo de formar jovens estudiosos e com responsabilidade.

Hoje a academia possui 50 alunos matriculados. “A principal mudança que vejo na vida dos jovens que entram aqui é um aumento da responsabilidade. Qualquer envolvimento com algo ilícito ocasiona expulsão do participante”, explica o professor Galo. Além da melhora na responsabilidade e educação, o esporte também melhora a questão motora dos jogadores, no desenvolvimento e no dia-a-dia. O professor ainda explica que há preconceito em torno da Capoeira, principalmente quando as pessoas tratam o esporte como algo violento ou ligado às religiões afro.

O esporte é mais uma opção para os jovens e também ajuda no desenvolvimento físico e moral, formando melhores cidadãos. “Depois que meu filho entrou na capoeira mudou bastante, o Cleiton e sua equipe são profissionais e passaram para ele várias noções de educação e respeito”, comenta a mãe de um aluno da Academia, Elisangela Ferrari Vidal.

Os professores de capoeira levam também para os seus alunos um legado cultural que está presente desde o início da colonização do país, não deixando a cultura afro-brasileira morrer. Pode-se dizer que é uma mistura de esporte, cultura e educação. “Aqui eu aprendi o que é o respeito, que devemos ter responsabilidade com todos os compromissos de nossa vida e que o nosso país possui uma grande cultura inexplorada e pouco divulgada”, conta o aluno da capoeira há mais de quatro anos e representante de sua categoria do esporte na Lapa, João Vinicius Ferrari Vidal, conhecido como Sabiá.

Adrian Delponte é estudante de jornalismo e colaborador da Tribuna.

Please follow and like us: