Quando o EXCELSO CRIADOR me ordenava
Nascer na Terra e SERVIR neste Mundo,
À outros filhos SEUS que tanto amava
Senti no âmago um temor profundo.
Não desejava trocar a vida amena
Do paraíso vivenciado àquela altura.
Por torvelinhos na crosta terrena
Por outra realidade ainda obscura.
Porém mandou-me o PAI que observasse
E encontraria alguém de alma pura
Que em seu seio bondoso aconchegasse,
Desde o limiar a nova criatura
Irás filho querido e ampara-te de inicio
Em quem conseguirá te amar tanto,
Que por ti aceitará qualquer suplício
Sem jamais quedar-se ao desencanto.
Verás, então, para tua surpresa,
Que mudarás teu juízo de valor
Num paraíso de outra natureza,
Mas também feito pelo meu amor.
Receberás abrigo no seu ventre.
Terás por alimento os seios seus.
E num desenvolver crescente
Compreenderás, enfim, os planos meus.
Por seus braços serás acalentado,
Por sua força sempre protegido,
Em seu saber serás reeducado
Até que estejas bem desenvolvido.
Poderás sentir, então, o Céu na Terra
Por obra e graça do seu coração,
Porque somente a sua alma encerra
Todo o amor que há na imensidão.
Chamá-la-ás de MÃE e podes vislumbrá-la
É aquele ponto de luz que vês no espaço.
Vai, pois é chegada a hora de encontrá-la
E servir-te do abrigo do seu braço.
Para compreenderes bem mais tarde então
De seus exemplos na vida a refletir,
Que ela é o próprio exemplo da lição
De que o ideal maior é o de SERVIR.
Servir somente, distribuir ternura
Sem nunca pretender compensação,
Um relicário de tanta doçura
Que até EU próprio já beijei-lhe a mão.
Pois esta mão que acolhe o beijo que deponho
É a mesma que levou-me ao seio um dia
É a MUSA dos poemas que componho,
Será também da tua poesia.
Dr. Flamarion Moreira é filho de Fénelon W. Moreira, um dos maiores dos maiores insentivadores deste Jornal.

