Planejando a expansão da área urbana lapeana

Ponto de Vista

Nesta última semana, na Conferencia Municipal de Meio Ambiente, ocorrida ali no auditório da Escola Municipal Dr. Manoel Pedro, nossa prefeita, Sra. Leila, proferiu discurso onde enfatizou – entre outras coisas – a necessidade de discutirmos e planejarmos as formas de expansão urbana que queremos para a Lapa. Interessante, pois já havia dado a deixa do tema na semana passada, aqui nesta coluna.

 

Para este tema, gosto de usar o exemplo de Curitiba. Antes da gestão de Jaime Lerner, a nossa capital era um punhado de comunidades urbanizadas, com pouca ligação entre si. Tínhamos o centro, Santa Felicidade, Cidade Industrial, Cajuru, Santa Cândida, e algumas outras. O projeto lá foi unir todos esses pequenos núcleos urbanos, dando mobilidade aos cidadãos de ir de um para o outro, rapidamente. Como? Em primeiro lugar, criando vias rápidas para os carros se deslocarem. Em segundo, instalando o sistema de ônibus que fez de Curitiba famosa. O resto foi com a iniciativa privada. Com o tempo a urbanização se estendeu a ponto de que hoje Curitiba é 100% área urbana – e até por isso a necessidade de tantos parques.

 

Aqui na Lapa temos a mesma situação, só que lógico, em escala bem menor. Podemos dizer que temos dois grandes núcleos urbanos – a cidade da Lapa, propriamente dita, e Mariental. Temos vários outros pequenos núcleos urbanos, até bem próximos da Lapa, como Colônia São Carlos, Johanesdorf, etc, etc, mas os dois maiores são sim Lapa e Mariental.

 

Ocorre que parece que cada um dos dois maiores núcleos urbanos estão crescendo “de costas” um para o outro. A Mariental se desenvolve no sentido de se afastar da rodovia do Xisto, e a Lapa se desenvolve aparentemente na direção da antiga Estação Ferroviária, Marafigo e Johanesdorf.  Talvez fosse a hora de inverter isto. Como?

 

Hoje Lapa e Mariental são ligadas apenas pela Rodovia do Xisto. Porém existe a chamada Estrada do Caracol que também liga as duas comunidades. Será que não é hora de algum prefeito encampar a idéia de asfaltar esta estrada?

 

São quinze quilômetros, o que não é pouca coisa. Recebi uma vez a informação que o metro quadrado de asfalto custa R$ 40,00. Não sei se é verdade. Mas se for, para asfaltar estes 15 km com apenas duas pistas simples, o valor seria de R$ 6 milhões. Uma avenida, como a que penso, seria o dobro. É um mega projeto para a Lapa, que teria que entrar na pauta de reivindicações do município junto ao Governo do Estado, para que este implante. Não estou cobrando a implantação imediata, porque sei que o prefeito que conseguir isto terá que estar munido de vontade, bons contatos e principalmente sorte. Boa vontade sei que nossa prefeita Leila tem de sobra. Quanto aos seus contatos, desconheço a situação, mas espero que os tenha em quantidade. Só que para um projeto deste é também necessária a sorte de estar no lugar certo, na hora certa, e com a pessoa certa para conseguir que saia do papel.

 

Por isso que sugiro que entre na pauta de reivindicações como uma ação prioritária, sendo discutido e solicitado ao Estado sempre que possível, e não necessariamente que a prefeitura se lance em uma aventura solitária para asfaltar todo o percurso, o que comprometeria ainda mais os cofres municipais.

 

O leitor entende as vantagens de ligarmos os dois núcleos urbanos? A primeira vantagem é que Mariental se tornaria a porta de entrada da cidade, e ela está um pouco mais próxima de Curitiba que a Lapa – isso conta muito para empresários que queiram investir aqui. É vital que a Lapa se expanda em direção à capital, e não contra ela.

 

Outra vantagem é que criamos uma extensa avenida por onde poderão surgir dezenas de novos loteamentos. Experiências em outras cidades comprovam também que projetos como estes tendem a forçar a valorização das áreas por onde passam. Como o projeto passaria pela rua Conselheiro Alves de Araújo (antiga rua da piscina), toda aquela região, que compreende o famoso “Nosso Chão”, teria tendência a se valorizar e revitalizar.

 

Incluiríamos os cidadãos de Mariental como cidadãos lapeanos de FATO, e não apenas de DIREITO, pois estariam dentro da área urbana da cidade. Isso reduziria muito ou até acabaria com a demanda da criação de um novo município.

 

Finalmente, a Lapa deixa de lado um grande problema: o pedágio. Não sou contra a cobrança. Apenas acho que a Caminhos do Paraná deveria ter instalado a praça na divisa com Contenda, ou melhor ainda, na divisa com Antonio Olinto. Instalando onde está, criou uma profunda divisão no município, separando ainda mais seus dois maiores centros urbanos. Asfaltando a estrada do Caracol o pedágio pode continuar onde está, pois os danos ao município não serão mais sentidos.

 

Logicamente existem outros “eixos de expansão” que devem ser trabalhados. Precisaríamos de um eixo ligando rodovia do Xisto na altura do Parque de Exposições até a Estrada do Piripau, na altura que ela encontra com a estrada de Campo do Tenente. Outro eixo seria ligando a Johanesdorf à Colônia São Carlos, o que poderia num futuro até servir como desvio da Rodovia do Xisto, ou uma espécie de contorno Norte-Noroeste, facilitando a urbanização das áreas que estão hoje “depois da BR”, como alguns dizem. Só que considero estas duas ultimas intervenções não tão importantes quanto à da Estrada do Caracol.

 

Sei que a Prefeitura tem muitas pessoas competentes, e deixo agora para os mais expertos que eu avaliarem a sugestão. Fica aqui meu ponto de vista.

 

 

Dartagnan Gorniski é cidadão lapeano e

proprietário da Flora Monte Claro. De vez em

 quando aceita ser o “palpiteiro de plantão”.

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