Ponto de Vista: Mas a gente quer é indústria!!!

        

Nas ultimas edições comentei sobre a dinâmica que faz com que o comércio multiplique riqueza e a forma que poderíamos sincronizar (pelo menos tentar) a receita da agricultura da Lapa com o ciclo virtuoso de comércio. Mas, tenho certeza de que alguns devem ter falado: “Isso não interessa! O que precisamos é indústrias!”. Não discordo.

Mas, para alguma indústria de porte se instalar na Lapa ela deve perceber alguma vantagem em nossa cidade, em detrimento de outras. Quando trabalhei no Piauí, acompanhava empresários que avaliavam as diversas regiões do estado buscando vantagens e desvantagens para se instalar. Aprendi alguma coisa, apesar de não ser nenhum perito. Vamos analisar nossas concorrentes próximas.

1) Araucária: a cidade já é o segundo maior parque industrial do Estado, o que faz com que a compra de algumas matérias primas fique muito baratas devido o baixo frete. Tem acesso direto á capital sem nem pagar pedágio, ou seja, dependendo do ramo de indústria, isso é fabuloso. O município também tem acesso fácil às principais rodovias e ao Porto de Paranaguá.  Para finalizar, basta um passeio pelo interior de Araucária para perceber que existe muito espaço para se instalar. Também está próxima de centros de treinamento (SESI, SENAI etc. etc.), e parque universitário existente na capital.

2) Contenda: município com rodovia praticamente duplicada até a Capital e fácil acesso ao segundo maior polo industrial do Paraná. Não tem pedágio. Preços de imóveis relativamente mais baratos que em Araucária (e também menores que na Lapa), mas com grande possibilidade de valorização devido à efetiva incorporação à Região Metropolitana de Curitiba. Tem a vantagem também de estar próxima de centros de treinamento (SESI, SENAI etc. etc.), e parque universitário existente na capital.

3) São Mateus do Sul: cidade com bom desenvolvimento comercial, amparada principalmente pela Petrobrás. É um município com destaque regional, em que várias cidades próximas se utilizam do seu comércio. Também tem acesso fácil e direto ao oeste catarinense e oeste gaúcho.

4) Rio Negro/Mafra: a primeira vantagem é serem duas cidades, isso faz com que se uma administração estiver falhando, a outra pode “salvar”, ou seja, só metade do município ficaria defasado. A segunda é a posição estratégica, na divisa entre Paraná e Santa Catarina, às margens da BR 116, que segue direto pelo interior de Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Está distante o suficiente de Curitiba para manter um comércio forte e independente, e perto o suficiente para vender seus bens industriais. Já tem um parque industrial considerável. Tem seu parque universitário próprio, apesar de não ser tão expressivo para a indústria como o de Curitiba. Apesar de ter rodovias pedagiadas, os valores não são extorsivos.

5) Palmeira: está bem próxima a Curitiba e Região Metropolitana, e também muito próxima à grande Ponta Grossa. Dependendo da indústria, apenas esta posição estratégica já elimina qualquer outra consideração. Tem acesso ao interior do Paraná e de São Paulo. Sofre também com pedágio abusivo.

Finalmente, temos a nossa amada Lapa. O que a Lapa tem de vantagem? Analisando friamente, apenas o centro histórico. Sim… apenas isto, o que do ponto de vista de uma indústria, é nada. Temos um posicionamento geográfico não tão interessante como o de nossos vizinhos. As nossas rodovias não ligam a Lapa diretamente a grandes centros – ou melhor, até ligam, mas com um custo altíssimo de pedágio. Os imóveis na cidade estão supervalorizados, não temos nenhum parque industrial – apenas duas grandes indústrias.

Não estou dizendo que sou contra indústrias na Lapa. Adoraria que tivéssemos várias grandes empresas aqui. Mas reconheço que estamos numa situação complicada para buscar uma industrialização. Quem irá investir em indústrias na cidade serão apenas pessoas com vínculo emocional com nossa terra, e são poucas pessoas com vinculo emocional e capital suficiente para instalar grandes empreendimentos aqui. Exemplo foi a Potencial Biodíesel, cujo proprietário tem raízes na Lapa, mas será que teremos muitos outros industriais na mesma situação?

 

Dartagnan Gorniski é cidadão lapeano e

proprietário da Flora Monte Claro. De vez em

 quando aceita ser o “palpiteiro de plantão”.

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