Em setembro, ACLISAM fechará as portas

Secretária Municipal de Saúde confirma: haverá mudanças no atendimento às pessoas com problemas de saúde mental/emocional. A partir de outubro, elas deverão buscar atendimento nas Unidades Básicas de Saúde.

 

Na última semana, a redação da Tribuna Regional recebeu denúncia, por parte de leitor, de que a ACLISAM (Atendimento Clinico de Saúde Mental), na Lapa, seria fechada. Com isso, segundo informações do leitor, os pacientes ali atendidos seriam encaminhados para os Postos de Saúde do município, onde receberiam acompanhamento de clínico geral. Da mesma forma, o leitor informou que o Centro de Atendimento Especial (CAE) da Lapa também estaria prestes a ser fechado.

Diante destas informações, a redação entrou em contato com a Prefeitura para esclarecer a situação.

Os questionamentos feitos abrangem as duas situações, da ACLISAM e do CAE, quanto a número de atendimentos realizados desde 2012, motivação do fechamento e como serão atendidos os pacientes.

Em resposta, a Prefeitura encaminhou à Tribuna esclarecimentos feitos pela Secretária Municipal de Saúde, Lígia Cardieri. Informou, ainda, que as explicações sobre as mudanças também serão prestadas pelo Dr. Cleandro, psiquiatra do CAPS, no dia 9 de setembro, às 19h30min, na Tribuna Livre da Câmara Municipal. Todos os interessados estão convidados a comparecer no local para ouvir os esclarecimentos.

Acompanhe a entrevista com a Secretária de Saúde.

 

Tribuna Regional: A ACLISAM será realmente fechada?

Lígia Cardieri: Não ocorreu fechamento do ACLISAM e o atendimento continuará igual até final de setembro. Mas, haverá mudanças.

A proposta para breve é remanejar o atendimento hoje centralizado no ACLISAM para outros locais, como recomenda a política estadual e nacional de atendimento em Saúde Mental. Diretrizes já consolidadas pela Reforma Psiquiátrica e as normas da Atenção Básica do SUS

As pessoas com problemas de saúde mental/emocional devem buscar atendimento nas Unidades Básicas de Saúde, como os problemas com a saúde física. Os médicos da rede básica vêm sendo capacitados para esse atendimento e continuarão a encaminhar para os especialistas sempre que necessário.

Assim, os profissionais do ACLISAM só receberão pacientes que necessitem de atendimento especializado (com psiquiatra ou psicólogo/a) encaminhados por médicos da Rede Básica.

Em casos graves ou mais urgentes, as pessoas devem buscar o CAPS, que tem portas abertas e equipe multidisciplinar para acolher e encaminhar a pessoa para o atendimento adequado.

 

T.R.: Quantos pacientes, em média, vinham sendo atendidos na ACLISAM em 2012, 2013 e 2014? 

L.C.: São registrados os números de atendimentos, como segue:

Ano

Consulta  médica

Atend.  Psicólogo/a

Total

2012

1.426

1.609

3.035

2013

2.509

3.420

5.929

2014-julho

  869

1.756

2.625

o mesmo paciente pode fazer mais de uma consulta ou atendimento no ano.

 

T.R.: Os profissionais que atendiam na ACLISAM serão realocados? Se sim, para onde, a partir de quando?

L.C.: A proposta é continuar com eles, mas mudará local e a forma de acesso a eles. Os locais ainda estão em fase de discussão.

Em breve – provavelmente outubro – começará a operar na Secretaria Municipal de Saúde um Núcleo de Apoio a Saúde da Família (NASF), que contará com psiquiatra e psicólogo, além de outros profissionais que irão complementar os atendimentos nos casos mais complexos que chegam às UBS/ESF.

 

T.R.: Procede a informação de que os pacientes da ACLISAM passarão a ser atendidos por clínico geral?

L.C.: Uma grande parte, sim, conforme explicado acima. Lembramos que na ACLISAM nem sempre o atendimento foi realizado por psiquiatra: a Dra. Cassandra, que atendia no ACLISAM por 40h/semanais até abril de 2013, era Clinica Geral.

 

T.R.: Caso a motivação para o fechamento tenha sido a descentralização (assim como ocorreu com a Clínica da Mulher), o que levou a crer que irá efetivamente funcionar melhor do que como estava? Com a descentralização da Clínica da Mulher, o atendimento às mulheres do município melhorou? De que forma?

L.C.: Assim como na Clínica da Mulher parte da carga horária dos médicos especialistas gineco-obstetras foi transferida para UBS mais distantes do centro: CAIC, Cohapar, V.S.José e Mariental.

As mulheres dessas localidades têm apreciado a mudança, pois antes tinham mais dificuldade para o acesso a estas consultas.

 

DA REDAÇÃO

Os questionamentos feitos à Prefeitura também incluíam informações a respeito do possível fechamento do CAE. No entanto, as respostas enviadas à redação, até o fechamento da edição, abordaram somente a situação da ACLISAM. A Tribuna entrou em contato com a Prefeitura solicitando as respostas faltantes, mas até o fechamento da edição, não recebeu os dados. Assim que as informações sejam repassadas, serão publicadas para esclarecimento da população.

No entanto, em relação ao fechamento da ACLISAM, fica a dúvida sobre sua real necessidade, levando-se em consideração que, segundo a Secretária de Saúde, “em breve – provavelmente outubro – começará a operar na Secretaria Municipal de Saúde um Núcleo de Apoio a Saúde da Família (NASF), que contará com psiquiatra e psicólogo, além de outros profissionais que irão complementar os atendimentos nos casos mais complexos que chegam às UBS/ESF”. Seria realmente necessário fechar a ACLISAM e criar o NASF? Não seria possível somente encaminhar os novos pacientes para avaliação com Clínico Geral, para depois encaminhá-los para atendimento especializado, na própria ACLISAM?

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