Na última semana, moradores da Vila Esperança, na Lapa, entraram em contato com a redação da Tribuna, relatando a situação no bairro. Segundo eles, sentiram alívio quando foi anunciado pela Prefeitura que iriam ser feitas instalações de esgoto na região. Conforme informações oficiais, as obras foram concluídas em 2014.
Ocorre que, de acordo com os moradores, as instalações teriam sido muito mal feitas. Isso porque, depois da conclusão, a água da chuva passou a invadir as casas e ruas. O motivo, de acordo com os moradores, seria a valeta (córrego) por onde passava a água ter ficado muito rasa, não tendo por onde a água escoar. Quanto ao esgoto, os moradores relatam que, quando chove, transborda pela tampa.
De acordo com as informações relatadas, os cidadãos afetados pela situação (na Rua João Lacerda Braga) foram até a Prefeitura, na tentativa de conversar com a Prefeita Leila. No entanto, em nenhuma das ocasiões ela estava disponível, sendo repassado a eles que a Prefeitura iria até o bairro verificar a situação. Segundo os moradores, até o momento o Poder Público não fez nada para resolver o caso.
“É constrangedor para os moradores ver a água da chuva e o esgoto invadindo suas casas, molhando tudo, sem contar o mal cheiro e os ratos, e saber que a Prefeitura não faz nada”, contou uma das moradoras à redação da Tribuna, desabafando que ainda aguardam o cumprimento da promessa de campanha, de asfaltar a rua João Lacerda Braga.
O OUTRO LADO
Em contato com a Prefeitura da Lapa sobre o caso, a Tribuna recebeu as seguintes informações:
“Em 2014, a Prefeitura da Lapa fez a rede de esgoto que beneficiou aproximadamente 280 famílias na Vila Esperança. Todo o esgoto era antes despejado de maneira irregular nos córregos do local.
As obras realizadas na Vila Esperança abrangeram 3.267,31 metros de rede coletora de esgoto sanitário e manilhamentos para direcionamento de água pluvial em pontos críticos.
Os problemas não estão nas obras realizadas e sim na situação de localização geográfica das residências, em destaque para aquelas que sofrem com os alagamentos. A maioria dos casos se trata de construções clandestinas sem aprovação do Departamento de Habitação e estas estão muito próximas das margens dos rios, dentro dos 30 metros de Área de Preservação Permanente. Além disso, abaixo do nível das ruas. Portanto, para o caso de inundações e enchentes, o grande problema é a ocupação irregular da área.
Em relação ao problema da rede de esgoto, em conversa com o presidente da Associação de Moradores, Sr. José Carlos, ele relatou que muitas famílias, ao fazerem a sua ligação da rede de esgoto aproveitaram e ligaram a pluvial na mesma rede. Portanto, quando chove a demanda de água na rede de esgoto é muito maior que a capacidade, o que ocasiona o retorno para os poços de visitas e, dependo do caso, retorna nas residências pelos ralos.
As soluções a serem tomadas são: para o primeiro caso a Prefeitura contratou uma empresa que está realizando um estudo técnico a respeito do Sistema de Drenagem da cidade com foco nos pontos críticos. Com base nesse trabalho as medidas necessárias e definitivas serão propostas. Até que este plano fique pronto e executado, a Secretaria de Infraestrutura está estudando ações paliativas para o momento.
Para a situação da rede de esgoto, a Sanepar está executando vistorias em todas as residências do município para detectar ligações irregulares e orientar a ação adequada a ser tomada pelos moradores.”
DA REDAÇÃO
Diante do caso relatado e das justificativas da Prefeitura, cumpre questionar ao Poder Público municipal:
– Se “os problemas não estão nas obras realizadas e sim na situação de localização geográfica das residências”, não teria sido mais adequado realizar o “estudo técnico a respeito do Sistema de Drenagem da cidade com foco nos pontos críticos”, antes das obras, evitando ainda mais transtornos aos moradores?
Também cumpre questionar quanto tempo levará para que se realize o citado estudo técnico, bem como quanto tempo levará para ser executado.
Ainda, quais são as medidas paliativas que serão tomadas e em quanto tempo isso ocorrerá?
Quanto ao esgoto, da mesma forma, cumpre questionar a Sanepar sobre a realização da obra, sem antes realizar as devidas vistorias e orientações?
Talvez, com estas ações, o transtorno hoje real dos moradores, poderia ter sido evitado ou minimizado. Talvez!