Ontem, 12 de julho, São Pedro resolveu comemorar seu dia, meio atrasado, para não assustar o povo da Terra, pois poderiam até chama-lo de exibido, então resolveu no dia de ontem fazer o tiroteio de sua fogueira, o dia inteiro e mais ou menos às 19 horas, soltou o maior estrondo de trovoadas e mais ainda, com um trovão mais grave que já ouvi na minha vida (78 anos).

O trovão foi tão grande que tremeu o chão da Lapa, meus ouvidos acostumados a ouvir tenores e baixos de óperas, ficou encantado com tamanha concepção orquestral de São Pedro, com variações orquestrais dos vários ritmos estrondóticos (meu chapéu de palha), onde os tambores e os fagotes emitindo gravíssimos sons, contracenavam com os efeitos maravilhosos dos clarins e a vibração dos instrumentos de repique.

Como gosto muito de ver e ouvir raios e trovões, abri a porta da cozinha e fiquei assistindo a dança do foguetório de São Pedro e lá em cima, no céu estava, São Pedro, São Paulo, São João, todos dançando com suas esposas e também uma quantidade de bem aventurados, dançando alegremente.

As esposas estavam com vestidos rendados, compridos até os pés, acinturados, onde eram graciosamente enfeitados com um laço na cintura e pendentes ao lado do corpo.

São Pedro estava vestido de bombacha, com textura ao lado, uma bota preta com tiras brancas enfeitando a parte alta. Tinha um bigode de 20 cm de cada kadi, com uma curvinha nas pontas, tinha um facão na cintura e uma espora de 25 cm, ETA bicho veio.

São Paulo era o sanfoneiro, tocando uma sanfona de 485 baixos com vários tubos por onde saia os sons, e um deles, estava virado para a Lapa e São João aumentava e diminuía os estrondos pra surtir uma melhor vibração nas pessoas.

O barbicacho de São Pedro tinha 88 cm de comprimento e balançava de um lado para o outro e quando balançava espalhava raios para todos os lados.

As damas e as donzelas faziam um círculo em volta de São Pedro, São Paulo e São João e graciosamente soltavam sorrisos encantadores, para compartilhar de tão belo foguetório.

Quando fiquei olhando para o céu e vendo aquela dança, vi que São Pedro me acenou para compartilhar da festa, mas quando vi São Paulo com aquela desenvoltura na sanfona, fiquei com vergonha de pegar meu violino e fazer uma dupla com São Paulo e fiquei só observando.

São Pedro é muito risonho e quando ri seu bigode balança, além de ser uma pessoa bem graciosa e com a Chave do Céu nas mãos ele comanda a festa, cuja chave é a batuta.

Por tão bela fogueira, tão belos estrondos, tão maravilhosos raios e coriscos, parabenizo São Pedro, por tão bela fogueira.

Abdalla João Dardaque, Cidadão Honorário da Lapa, em 13 de julho de 2015.