Grupo Petrópolis faz parceria com Cooperativa BJ na produção de cevada

Agricultor terá venda garantida a preço da Bolsa de Chicago, o que serve como estímulo para o desenvolvimento da cultura.

O crescimento do mercado cervejeiro está estimulando o cultivo de cevada no Paraná. O Estado é o maior produtor nacional e a expectativa é que a área cultivada mais que dobre até 2018. A expansão da produção de malte, a instalação de fábricas da Ambev e do Grupo Petrópolis no Estado e o avanço das microcervejarias, especializadas em versões artesanais, estão puxando o movimento.

O grupo Petrópolis, segunda maior cervejaria do Brasil e única grande empresa do setor com capital 100% nacional, por exemplo, confirmou a escolha do município de Araucária para instalar sua primeira maltaria no País. Com investimento de R$ 200 milhões, a empresa pretende produzir 120 mil toneladas por ano de malte. 

A maltaria faz parte de um pacote de R$ 2,2 bilhões de investimentos do grupo no Paraná, anunciado em abril do ano passado. A previsão é criar 6 mil empregos diretos e indiretos.

Além disso, há forte impacto no campo. O grupo Petrópolis estabeleceu parceria com a Cooperativa Bom Jesus, da Lapa, para a produção da cevada que será usada na fabricação do malte. Desde o ano passado, produtores da cooperativa estão fazendo a multiplicação de sementes.

Nesse ano foram plantados 1,5 mil hectares e a primeira safra deve ser colhida em novembro. O grupo, junto com a Embrapa, também vem pesquisando variedades mais adaptadas ao clima da região. A previsão é chegar a uma área de 40 mil hectares de área de cevada até 2017.

De acordo com a Petrópolis, o agricultor tem a venda garantida a preço da Bolsa de Chicago, o que serve como estímulo para o desenvolvimento da cultura. A região é forte na produção de soja e a cevada pode ser uma alternativa para a diversificação do plantio durante o inverno.

PARANÁ COMPETITIVO

O empreendimento tem apoio do Governo do Estado, por meio do programa de incentivo fiscal Paraná Competitivo. O protocolo para inclusão da empresa no programa foi assinado pelo governador Beto Richa em abril do ano passado, mas só neste mês de julho a empresa anunciou Araucária como o município escolhido para abrigar o empreendimento.

De acordo com Eliana Cassandre, gerente de propaganda da marca, o Paraná foi escolhido para receber os investimentos por conta da boa localização e da infraestrutura logística – com facilidade de acesso tanto a São Paulo quanto os demais estados do Sul – além do potencial de mercado de consumo de bebidas.

A maltaria, que será instalada em uma área de 70 mil metros quadrados, deve ficar pronta entre fim de 2017 e início de 2018. O objetivo é que a produção ajude a reduzir as importações de malte do grupo, hoje concentradas na Argentina e no Uruguai. A expectativa é que a fábrica responda por entre 25% e 30% das necessidades da empresa, de 250 mil toneladas por ano.

O Sul é um mercado estratégico para a expansão da empresa. Quando estiver em operação, a produção de cerveja no Paraná poderá abastecer tanto a região quanto atender o mercado de São Paulo em períodos de pico de consumo, como no verão.

EM ETAPAS

O projeto do grupo Petrópolis no Paraná está sendo tirado do papel em etapas e compreende o período de 2014 a 2018. Depois da maltaria, será a vez da construção da cervejaria. Ainda não foi definida sua localização, que vai depender de fatores como infraestrutura, terreno e na qualidade da água, que é um dos itens mais importantes na produção de cerveja. Inicialmente a produção será de 300 milhões de litros por ano.

Do total de R$ 2,2 bilhões, cerca de R$ 800 milhões irão para a cervejaria e a maltaria. Outros R$ 500 milhões e R$ 600 milhões devem ser aplicados nas operações da processadora de soja Imcopa. O grupo Petrópolis arrendou as duas fábricas da empresa em Araucária, na Grande Curitiba, e Cambé, no Norte do estado.

MERCADO

Com seis fábricas de cervejas, o grupo emprega 23 mil pessoas e detém 13,2% do mercado no País, atrás apenas da Ambev. No Paraná, a empresa informa deter 6,7% das vendas de cerveja.

Com a Imcopa, o grupo passou a concentrar as exportações de grãos e derivados pelo porto de Paranaguá. De janeiro a junho, as exportações do grupo totalizaram US$ 61,8 milhões, 29,8% acima mais do que no mesmo período do ano passado.

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