Tributo aos gaúchos…

A fronteira agrícola do Brasil expandiu-se admiravelmente nas últimas décadas e por isso o país é hoje um dos celeiros mundiais na produção de alimentos, ocupando o terceiro lugar com forte tendência de crescimento. O PIB do agronegócio deve crescer em 2015 algo em torno de 3%, enquanto os demais setores sinalizam para a redução. A expansão da agricultura transformou regiões e criou novo cenário de desenvolvimento econômico e social. O Centro Oeste é atualmente o celeiro nacional na produção agropecuária, o Piauí é considerado nova e promissora fronteira agroindustrial e o Tocantins, um dos mais novos estados, registra notável expansão na produção de grãos. Esse conjunto situa a agricultura e a pecuária – o agronegócio enfim – com peso de um quarto do PIB brasileiro. O destaque nesse contexto é o crescimento da agricultura, da pecuária e da industrialização agregada em estados e regiões que até pouco tempo atrás eram figurantes, com exploração meramente de subsistência, como o Centro Oeste, o Norte e parte do Nordeste.  A terra estava lá, as potencialidades também, assim como as oportunidades lá existiam há séculos.Talvez o clima tropical que estimula a malemolência tenha sido por tanto tempo entrave natural. Até o cerrado, tido como árido e improdutivo floresceu e produz culturas nunca dantes imaginadas e nesse aspecto, louve-se o trabalho extraordinário da Embrapa, que acreditou naqueles que acreditavam na terra e contribuiu com pesquisas, experimentos e tecnologias no desenvolvimento de culturas adequadas.

A partir da metade do século passado tudo começou a mudar, essas regiões foram desbravadas e hoje ostentam novo cenário no desenvolvimento brasileiro. Essa transformação teve início quando os pioneiros gaúchos começaram a subir os trópicos, abriram e alargaram as fronteiras produtivas. Eles colonizaram o Oeste catarinense que hoje é um manancial na produção de alimentos; depois vislumbraram as ricas e promissoras terras do Oeste e do Sudoeste do Paraná que são hoje inquestionáveis alavancas na produção de alimentos e de produtos industrializados com base na agropecuária.

Depois, os sulinos foram subindo para o Brasil central e região Norte, formando novas cidades e transformando outras em prósperas e fortes economias agropecuárias. Foram eles também que transformaram o Paraguai em destacado produtor de soja. Por onde a saga dos gaúchos passou deixou esteira de progresso econômico baseado na riqueza de terras por tantos anos esquecidas. Dos pioneiros que mudaram o perfil de regiões de Santa Catarina e do Paraná chegaram ao Centro e ao Norte os descendentes, que dão seguimento ao trabalho com o mesmo determinismo, experiência e visão empreendedora no trato da terra.

Hoje, o agronegócio salva a balança comercial e a economia do Brasil, o país é visto como grande potencial no fornecimento de alimentos para a população mundial, em crescimento e carente.

Os estados cresceram e a agroeconomia deslanchou. E mais seria se o governo, que não ajuda, não atrapalhasse.

Este positivo cenário, aqui resumidamente descrito, deve em grande parte ser creditado aos gaúchos. Todo o tributo que se lhes preste é justo e merecido.

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Hoje a realidade é outra, as lei antitabagismo pegaram, a população está consciente e o número de fumantes caiu consideravelmente. Recente pesquisa revela que de 1989 para cá o numero de fumantes foi reduzido em mais de 43%, o consumo oficial aparente de cigarros per capita reduziu-se em 65%.  Em 2014, o Brasil registrou menor consumo de cigarros per capita .

É evidente que se trata de um trabalho perseverante, não se deve arrefecer, até porque o apelo ao tabagismo é forte e permanente, especialmente sobre as gerações adolescentes.

Portanto, esse foi um exemplo do efeito benéfico da continuidade de programas e projeto públicos. Os ministros que se sucederam na Saúde não só deram seguimento como ampliaram as ações. Atitudes semelhantes deveriam ser regra na  administração que deve ter em foco o bem-estar da população e não a mesquinhez política.

 

*Luís Carlos Borges da Silveira – lapeano, empresário, ex-Ministro da Saúde.

 

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