1984: O aviso de George Orwell (Parte 4)

George Orwell tinha nos alertado sobre a tirania governamental, em sua consagrada e estupenda obra “1984”. Nos deixou um manual completo para reconhecermos um governo tirânico.

Continuando o texto anterior vamos aos apontamentos que George Orwell nos deixou. (Para quem ainda não leu a parte 1, 2 e 3, os textos estão nas edições 1886, 1887 e 1888 da Tribuna Regional).

São três os principais apontamentos que George Orwell deixou para que identifiquemos um governo tirano: 1º Mudança ou omissão histórica; 2º Mudança semântica de palavras que conceituam condutas éticas e morais (Religião); 3º Controle absoluto sobre as liberdades individuais. Dissertemos um pouco sobre o terceiro apontamento:

3º – Veja, se um governo possui o poder de lhe dizer o que a sua família é ou não é, dizer a seus filhos o que ele são ou não sexualmente, o que mais falta para possuírem controle absoluto sobre você e sua casa?

Na obra que estamos refletindo o primeiro dispositivo de tirania e regulação social é o Estado. O partido e o Estado se confundem em 1984. O primeiro sinal de um governo tirano e ditador, em todas as épocas, foi um Estado inflado e manipulador das liberdades mais básicas dos indivíduos, seja na moral pessoal, familiar, costumes ou vida privada. Um Estado que começa a ditar a práxis social, aumentando o controle econômico via impostos, impondo a todos uma maneira correta de agir e pensar, violando todo e qualquer aparato de liberdade individual, controlando todo sistema educacional e não dando abertura a pensamentos destoantes da sua ideologia, como denunciou Pascal Bernardin em sua obra: Maquiavel pedagogo[7]. Independentemente se isto ocorra em maior ou menor grau, tendo como controle social a repressão física ou psicológica, este governo já é um governo totalitário.

Desconfie sempre de um governo que lhe diga o que seu filho deve ou não ser, desconfie de um Estado que invade os muros de sua casa para ditar a sua forma de viver. Quem deu ao Estado o direito de dizer ao meu filho o que ele é ou não? Tanto no fascismo quanto no comunismo o Estado inflado sempre foi prelúdio de carnificina de empilhar corpos e encher mares de sangue. “Sempre que puder opte por menos Estado”, pode-se ouvir este grito das profundezas de “1984”.

Estas são as principais sinalizações de Orwell para identificarmos um governo tirano, a genialidade de um homem se mostra quando sua filosofia, mesmo após sua morte, se torna necessária em épocas vindouras. A grande realidade é que não aprendemos com nossos erros. Vimos um homem com bigode exótico subir nas praças públicas da Alemanha e pregar coisas estranhas e assustadoras, dissemos a nós mesmos: “relaxa, isto não vai dar em nada”, anos depois este homem empilhava corpos e mais corpos, pois era guiado por suas ilusões ideológicas; vimos Lênin, que se dizia possuidor do socialismo puro, anos depois criando seus sistemas de guerras e conquistas territoriais, suas usurpações de propriedades e liberdades, empilhando, também, seus cadáveres de estimação; Stalin, o mais sangrento de todos, que também dizia ser o paladino do comunismo, e, cegado por esta ideia, tornou-se talvez o homem que mais matou na terra, criador dos famosos “Gulags”(os campos soviéticos de trabalho forçado)[8]; Mao Tse, outro assassino guiado por suas convicções, homem que ainda reina na China e também matou aos milhões. Todos estes, incrivelmente seguiram os três passos salientados por George Orwell em 1984. Dizer que as tiranias foram iguais a obra em questão, não, a ficção de Orwell não tinha a pretensão de se tornar realidade, ele tinha pretensão de evitar que sua ficção se transformasse ou se aproximasse da realidade, mas os homens não souberam compreende-lo!

Caminhos velhos darão sempre a finais repetidos, eis o grande grito de George Orwell.

 

 

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