Seria cômico, se não fosse trágico!

Existe uma corrida secreta aqui na América do Sul. Começou faz uns 25 anos. envolve três países: Argentina, Venezuela e Brasil. O objetivo é conseguir se tornar a piada do mundo. Não é tarefa simples. A Argentina tem um nível educacional médio invejável. A Venezuela é uma grande produtora de petróleo. E o Brasil é um país com infinitos recursos. Mas, a verdade é que são todos uns gozadores, esses latinos. Aí decidiram divertir o mundo com suas performances.

A Venezuela largou na frente em 1998, quando Hugo Chávez, um preso político que já tinha tentado não um, mas dois Golpes de Estado, foi perdoado pelo então presidente Rafael Caldera. Que Presidente perdoa um sujeito que tenta dois golpes de Estado que renderam mais de 300 mortos? O mundo riu, para não chorar. Chávez era um fanfarrão anti-americano. Uma piada pronta, feita para divertir o Rei da Espanha. O mundo gargalhou com o “Por que no te callas?”, lembram? Mas como piada pouca é bobagem, em 98 Chávez ganha eleições e institui a Revolução Bolivariana. A Venezuela dispara na frente na disputa de país mais ridículo do mundo. Para a decepção de muitos, patinou na largada. Ao reduzir a pobreza para 25%, Chávez fez com que a Venezuela perdesse liderança. Foi quando a Argentina, correndo por fora com a grande depressão de 1998 até 2002, assumiu o primeiro posto. Com o fim da paridade do peso argentino com o dólar e o default da dívida externa, os argentinos viraram rapidamente a grande piada do mundo. O jornal The Telegraph conta que em quatro anos a economia do país encolheu 28%. O percentual de cidadãos abaixo da linha da pobreza chegou próximo de 50%.  Los hermanos estavam tranquilos na liderança.

Neste mesmo período o Brasil começou a surfar a marolinha internacional, quase saindo do páreo. Brasil, aliás, que por pouco não foi desclassificado da competição quando saiu na capa da The Economist como a bola da vez do BRIC. Estaria a terra do deputado Tiririca fora do ranking da palhaçada mundial? Olhando a atuação da família Kirchner parecia, inclusive, que a disputa iria acabar ali mesmo e a Argentina sairia com o troféu. Mas a Venezuela não decepcionou. Com toda sua economia apoiada no petróleo (cerca de 96% das exportações do país!), com a morte de Chávez e com a queda do preço internacional do petróleo, a Venezuela ficou cabeça à cabeça com a Argentina. De repente, o país sulino elege o Papa Francisco e é vice-campeão na Copa do Mundo no Brasil. Foi o suficiente para irem parar no final da fila.

Para que você não se perca, ali pelo começo de 2015, portanto, estávamos assim: Venezuela liderando o páreo de país mais ridículo do mundo, Brasil em segundo e Argentina em terceiro. Mas o mundo estava de olho. Quando noticiaram que o povo que organiza a Copa grita pelas ruas “Não Vai Ter Copa”, o mundo se divertiu a valer. Encostamos na Venezuela. Aí vem a Alemanha e nos mete 7 a 1 em casa. Aos poucos fomos abrindo uma cabeça, um corpo, dois corpos de vantagem. No final de 2015, aos gritos agora de “Não Vai Ter Golpe”, já estávamos com meia volta de vantagem. A Argentina elege Macri e praticamente desiste da corrida. Veio 2016. Dilma fala bobagem para a imprensa internacional enquanto os presidentes de Câmara e Congresso, acusados de corrupção, tocam o impeachment. Damos uma volta de vantagem nos adversários. O mundo não ri. Gargalha de nós. Duas voltas de vantagem. Então. A musa do Impeachment dá um xilique na São Francisco.A mulher do Temer é recatada e do lar. A do Ministro do Turismo é Miss Bumbum. E a militante, no Masp, faz suas necessidades sobre a foto do Bolsonaro. Pausa silenciosa para pensarmos nestas quatro imagens. Acabou. Acabou! Vencemos! Venezuela e Argentina saem revoltados. É a velha catimba latina: “Estos no saben jugar!” (Ouve-se a música da vitória do Ayrton Senna e Cunha passa fazendo aviãozinho gritando “É teeetra!!!”).

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