
CANTINHO DA POESIA
Século XIX
Foi um século guerreiro
Onde a Lapa enfrentou os Maragatos
Sob o Comando do General Carneiro
II
Vieram do Rio Grande
Derrubando toda a gente
Mas não sabiam que aqui na Lapa
Todos os homens eram valentes
III
Marechal Floriano preocupado
Vendo a República ameaçada
Apelou ao Grande Herói
Para não ser desintegrada
IV
Saíram do Rio Grande
Pois vai haver tiro e morte
Vieram do sul engalanados
Se dirigindo ao norte
V
O recurso era chamar um homem
Que não sabia retroceder
Que só passariam pela Lapa
Se levasse um tiro e morrer
VI
Os poderosos Maragatos
Já em combate encarniçados
Não sabiam que aqui na Lapa
Havia guerreiros desassombrados
VII
E vieram derrubando
Um a todos os guerreiros
E cercaram toda a Lapa
Para enfrentar o Coronel Carneiro
VIII
Mas o bravo guerreiro da Lapa
Aliado a outros valentes
Morreriam lutando em pé
Tombando em todas as frentes
(Por aqui não passam!!!)
IX
Enquanto estiveram de pé
Os Maragatos não passaram
Foi precisos fuzilá-los
Onde os Heróis heroicamente tombaram
X
Dia 7 de fevereiro
Numa loucura fraticida
Se travaram no Cemitério
Para adentrar à Lapa já ferida
XI
Carneiro e Joaquim Lacerda
Correm aos postos para orientar
Que os Maragatos invadindo casas
Já estavam prestes à Lapa tomar
XII
Por aqui não passam
É a minha declaração
Que venham os Maragatos
Lutaremos com fuzil e facão
XIII
E os Maragatos vieram
E se dividiram em vários pelotões
E lá do alto do morro bombardeavam a Lapa
Com seus poderosos canhões
XIV
Qualquer artilheiro sabe
Que a Lapa em 2 dias tomba
Mas levaram 26 dias
Resistindo com metralha e bomba
XV
Dia e noite heróis caindo
Indo à luta enquanto em pé
Que venham os Maragatos
Pois não sabemos andar de ré
XVI
E os Maragatos vieram
Com metralhas e canhões
Bombardeando a Pequena Lapa
Com impiedosas explosões
XVII
E os bravos da pequena Lapa
Não temendo explosão
Enfrentaram com fuzil
Metralhadoras e canhão
XVIII
Esgotada todas as defesas
Foi feita a capitulação
A Lapa passava fome
E não tinha mais munição
XIX
Seus guerreiros estavam mortos
Esparramados pelo chão
Estavam inertes nas ruas
Em estado de putrefação
XX
Pensaram que em 2 dias
Levariam a Lapa pela frente
Mas aqui são todos heróis
Nossa Lapa é só desta gente
XXI
No fundo da Igreja
Na janela do lado direito
Coronel Dulcídio observava os Maragatos
Quando recebe um tiro no peito.
XXII
Lavado à Casa Lacerda
O nobre guerreiro falecia
Levaram-no então à Igreja
Enterrando-o na Sacristia
XXIII
No alto da Boa Vista
Tenente Henrique comandava um canhão
Mas os Maragatos já invadindo casas
Lhe deram um tiro sem salvação
XXIV
Coronel Carneiro e Joaquim Lacerda
Atendem o mesmo agonizante
Quando Carneiro carregando-o nos braços
Leva nos rins um tiro perfurante
XXV
Olímpio Westphalen
Vendo a gravidade do ocorrido
Recomenda leva-lo a Enfermaria
Onde dois dias após teria morrido
XXVI
Coronel Amintas de Barros
Já sabendo da invasão
Desce a Rua da Boa Vista
Enfrentando os Maragatos a facão
XXVII
Já no termino da descida
Encontra a porta da casa fechada
Arrebenta-a com um chute
Para enfrentar a gauchada
Leva um tiro na cabeça
Caindo morto na calçada
XXVIII
E assim foram tombando
Um a um os Pica Paus
Que lutavam com fuzil
Com facão e também a pau
XXVIX
A luta foi de gigante
Cada qual com seu ideal
Nas ruas já cheias de mortos
Numa luta desigual
XXX
No cemitério não se podia entrar
Onde acontecia o maior combate
Entre Pica Paus e Maragatos
Pelo controle da cidade
XXXI
O altar da nossa Igreja
Era o local então escolhido
Para enterrar os Combatentes
Que na luta tinham morrido
XXXII
A Lapa passava fome
Não tinha mais chefes a defendê-la
Não havia mais comida
Nem munição a socorrê-la
XXXIII
A comida das crianças
Era as galinhas a salvação
Comiam também os ovos
Com um pedacinho de pão
XXXIV
A Lapa foi cercada
A estrada de ferro também
Os trens não circulavam livres
E de fome morriam também
XXXV
Nessa luta encarniçada
Dezenas são feridos em ação
Outras dezenas de mortos
Que são mortos em profusão
XXXVI
A República será mantida
Sobre nossa proteção
Que venham os Maragatos
Com fuzil e com canhão
XXXVII
Pois não temos medo de nada
Lutaremos até com facão
Enquanto estivermos de pé
Esta é a nossa declaração
XXXVIII
Perderam 26 dias
E se arrependeram da mortandade
Não derrubaram a República
Enfrentando os heróis desta cidade
XXXIX
Voltaram para o Rio Grande
Desiludidos com a situação
Bombardearam a Pequena Lapa
Que se defendeu apenas com 4 canhões.
XL
36 foram feridos
28 mortos em ação
E 8 foram degolados
Nessa horrível intenção
De derrubarem a República
Onde a Lapa lhes disse NÃO.
XLI
Disseram a Menandro Barreto
Cave a Cova de sua morada
Primeiro deceparam-lhe as mãos
Em seguida a cabeça é decepada
XLII
Aqui é Terra de Valentes
Tem Dulcídio, tem Amintas e Paraná
Tem Marques e tem Padilha
Se não acreditam então venham para cá
XLIII
Aqui tem Coelho, tem Pereira e tem Silva
Tem Siqueira, tem Gomes e tem Barbosa
Se acham que é mentira
Venham comprovar nossa prosa
XLIV
Aqui tem Ladwig
Tem Ganzert, tem Camargo e tem Westphalen
Tem Martins, tem Gaudêncio
Tem Regis, tem Charlot e tem Gonzales
XLV
Aqui tem Lachinski, tem Suplicy e tem Galvão
Tem Rochendorf, e tem Cordeiro,
Que lhes dão alerta
Por aqui não passam não
XLVI
Essa epopeia
De guerreiros contra valentes
Que lutaram até a morte
Onde perderam tanta gente
XLVII
Tantos chefes foram mortos
E cercados não tinham mais provisão
As famílias já passavam fome
Para as crianças sobrava um pedacinho de pão
XLVIII
O reforço prometido
Ficou só no papo furado
Para que Carneiro aqui viesse
Levar um tiro e cair estirado
XLIX
Após haver tantos combates
Viram que a Lapa era de valentes
Voltaram para o Rio Grande
Não adianta irem para frente
L
Voltaram para o Rio Grande
E se arrependeram da mortandade
Não derrubaram a República
Enfrentando os heróis da cidade
LI
Os 4 canhões Krupp
Que enfrentaram nossa invasão
Hoje enfeitam a paisagem
De nosso glorioso Panteão
LII
Por isso querida Lapa
És Legendaria e Varonil
Defendeste a República
Desse nosso imenso Brasil
PARABÉNS
Lapa, PR, 09 de fevereiro de 2017
*Abdalla João Dardaque – Cidadão Honorário da Lapa