Os novos reis da pera

Adquiridas as técnicas de manejo da cultura, o desafio do casal passou a ser a comercialização da fruta.

Casal Jaime e Nair Klenk produz mais de 500 toneladas da fruta, comercializada em praticamente todas as regiões do Estado.

Há quase duas décadas, ninguém poderia imaginar que a terra coberta com batatas do casal Jaime Henrique klenk e Nair Brongiel, na Lapa, daria lugar ao maior pomar de pera do Estado. Mais, que os produtores, responsáveis pela colheita de mais 500 toneladas do fruto a cada safra, ocupariam o posto de novos reis da pera, desbancando João Brongiel, pai de Nair, envolvido com floricultura há mais de 50 anos.
A opção por produzir pera na propriedade na Lapa, aconteceu por uma necessidade. Em meados de 1995, com a crise na economia brasileira e as mudanças na moeda do país, de Unidade Real de Valor (URV) para o atual Real, Jaime acabou sucumbindo na bataticultura, negócio que tocava em parceria com o pai.

A salvação veio do sogro, que plantava pera há décadas, dominava o manejo e técnicas e ofereceu algumas mudas para o início da produção. “Na época, ele deu algumas mudas para recomeçarmos, já que tínhamos a terra. Eu viajava para Itaiópolis (em Santa Catarina, onde fica a propriedade do sogro) para aprender sobre a cultura”, relembra Jaime.

Apesar da assessoria especializada do sogro, que ainda mantém cerca de 6 mil pés na propriedade localizada no Estado vizinho, o início da produção foi desafiador. Em 2006, os milhares de pés de peras, que dividiam espaço com pêssego nos 48 hectares – a mesma área de hoje – renderam apenas 12 caixas de 10 quilos do fruto em formato de lâmpada. Porém, com o passar dos anos e o vingar da cultura, os pés da fruta de caroço foram substituídos por novos de pera. Hoje, mais de 13 mil árvores fornecem diversas variedades de pera, como asiática, branca, Tsu-li, abacaxi, entre outras.

“Tem comprador para cada qualidade. Essa diversificação permite abrir o leque de compradores”, diz Nair. “Tem árvores com três, quatro enxertos. Ou seja, um mesmo pé dá diferentes frutos”, complementa Jaime.

COMERCIALIZAÇÃO
Adquiridas as técnicas de manejo da cultura, o desafio do casal passou a ser a comercialização da fruta. A grande quantidade, cerca de 50 mil caixas de 10 quilos por safra, não poderia ficar restrita ao interesse de vizinhos e amigos de Contenda, onde o casal mora.
Os primeiros clientes foram os boxes da Central de Abastecimento do Paraná (Ceasa) em Curitiba. “Como tem muito atravessador, acabava sobrando pouco para nós”, ressalta Nair. O desafio seguinte foi entrar em uma grande rede de supermercado, cumprido em dobro.
Hoje, as peras Brongiel & Klenk estão nas gôndolas das lojas da rede Condor, em Curitiba, Lapa, Araucária, Paranaguá, Apucarana, Maringá, Londrina e Cascavel, e em dezenas de lojas na rede Cidade Canção, espalhadas pelo Paraná. O fruto também é entregue para Sacolões da cidade e região. Em média, os produtores recebem R$ 1,5 por quilo, podendo chegar a R$ 3, dependendo da variedade.
Mesmo assim, o casal tem excedente de cerca de 20 mil caixas. “Temos sobra de produto e a produção está aumentando a cada ano. Precisamos expandir as vendas de forma urgente”, reforça Nair. “Demorou a pegar o jeito com o fruto, mas aprendemos a deixá-lo saboroso. Agora precisamos aprender a vender a fazer marketing”, complementa.

A ideia do casal é, com o término da colheita em abril, percorrer outras regiões do Paraná para apresentar do produto, e tentar garantir clientes para a próxima safra, que começa em dezembro. Esse trabalho será realizado em forma conjunta com os cuidados com o pomar, que não pode ser deixado de lado, pois exige poda constante das árvores e tratamento do solo para evitar pragas.

PROJETOS FUTUROS
O marketing, entre outras ações, está no horizonte de curto/médio prazo de Jaime e Nair. O casal reconhece que a marca “Brongiel & Klenk” é difícil de ser fixada pelos clientes. “Até mesmo os compradores têm dificuldade de escrever”, conta Nair, responsável pelos negócios externos, enquanto Jaime cuida do manejo da fruticultura.

A ideia é desenvolver uma marca mais fácil de ser aceita pelo público, já que a fruta em si conquista na mordida. Para isso, o casal conta com a ajuda da filha mais velha Isabella, que já demostrou interesse em entrar no negócio. “O pessoal não conhece. Falta divulgação”, reconhece a produtora, que também auxilia na seleção dos frutos em dias com muitas entregas.

A filha, que está terminando a faculdade em Curitiba, também ajudaria na parte administrativa e nas vendas, pois ficaria no escritório. Como não há internet na propriedade, afastada cerca de 30 quilômetros da Lapa, alguns negócios acabam sendo perdidos. “Semana passada mesmo perdi duas vendas, que só vi à noite, quando cheguei em casa, pois os pedidos foram realizados por WhatsApp”, lamenta Nair.

Além disso, existe o projeto de comprar uma câmara fria para estocar as frutas e, consequentemente, aumentar a vida útil. Uma área acondicionada para o armazenamento ajudaria na logística e na programação. “Às vezes, o mercado faz pedido ao meio dia, de mil caixas para as 17 horas. É uma loucura atender”, diz Jaime, ciente do papel que uma câmara fria terá no negócio. “Estamos analisando, pois quanto mais cedo colher, menor é o prejuízo com o clima e passarinhos”, complementa.

Outro projeto, ainda em desenvolvimento, é desidratar a pera para vender como fruta seca, uma tendência saudável entre os consumidores. Os primeiros testes foram aprovados pelos amigos. Porém, para evoluir neste segmento, o casal teria que adquirir uma máquina maior. A atual, emprestada pelo pai de Nair, é de pequena capacidade.

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