O Feijão nosso de cada dia

Produto está na base alimentar do brasileiro e apresenta dificuldades e oportunidades para produtores.

O termo “feijão” em si não se refere apenas a uma única espécie vegetal. Na verdade, é dado a diversos tipos de grãos de plantas da família Fabacea, pertencente à superfamília das leguminosas. O histórico do uso dos feijões pelo ser humano é bastante confuso e se perde no tempo, existindo registros desde 7 mil A.C.
No Brasil o mais cultivado é o feijão carioca com 65 a 70% da produção e consumo. Só que no sul quem se destaca é o feijão preto, líder em produção e vendas, mas que no âmbito nacional responde por apenas 30% do mercado. Claro, existem outras espécies e variedades também cultivadas, mas em pequena escala.
Desde o descobrimento o grão se tornou parte da base alimentar dos brasileiros por ser uma excelente fonte proteica, além de ter boas quantidades de carboidratos, substâncias que garantem a energia necessária para o funcionamento do corpo. Também é uma ótima fonte de ferro, vitaminas do complexo B e fibras e se considerarmos seu alto valor nutritivo, podemos concluir que o feijão não é um alimento de alto teor calórico.
O feijão fornece o aminoácido essencial metionina e o arroz (gramínea), fornece o aminoácido essencial lisina. Esses aminoácidos são importantes e necessários na nossa dieta. Interessante que geralmente, os povos têm uma dieta que combina uma leguminosa e uma gramínea, suprindo assim a necessidade de ingerir esses aminoácidos essenciais. No Brasil, o casal é arroz e feijão. Outros povos combinam arroz e soja, trigo e lentilha, grão de bico e aveia, e assim por diante.
O consumo no Brasil realmente é alto, mas o grão não é uma commodity, e com isso o preço fica à mercê do mercado interno. Segundo o Sr. Alécio Batista, gerente da Master Grãos da Lapa, houve pesquisas que definiram que o grande consumo hoje é feito pela classe média, justamente pela orientação de nutricionistas, diferente de décadas anteriores onde o feijão era alimento das classes pobres. Isso tem o impacto de estabilizar a demanda do produto – o consumo ao longo do ano se mantém constante.
Com consumo constante, o que afeta bastante o preço é a oferta do produto. Parece simples, mas não é, pois é muito fácil a importação do grão, e com isso a formação do preço depende da produtividade mundial. O feijão é importado a valores de cerca de US$ 800 por tonelada, ou US$ 48 por saca de 60 kg – equivalente a R$ 150 por saca, em cotação de 18 de janeiro. O produto tem uma variação de preços que lembra realmente uma montanha russa – já tivemos preços de R$ 40 até R$ 230 por saca.
A produção nacional é bastante instável, pois muitos agricultores cultivam feijão apenas quando o preço anterior foi alto e migram para soja quando o preço é baixo. Mas existem aqueles que insistem e se entusiasmam com a cultura. O Sr. Antônio Kososki é um destes, trabalhando com feijão já a quarenta anos.
Juntamente com o filho, Giovani, o Sr. Antônio cultiva 43 alqueires de feijão, em duas safras por ano. Segundo eles, o histórico que possuem é de produção entre 50 e 150 sacos por alqueire, dependendo muito do clima, que afeta significativamente a produção. Como o custo de plantio por alqueire é fixo, de R$ 6.500,00, o custo por saca tem alta variação – de R$ 43 no melhor cenário até R$ 150 no pior cenário.
Apesar da situação bastante arriscada, o Sr. Antônio comenta que nos últimos cinco anos não teve arrependimentos com a cultura, pois conseguiu aliar seguidas vezes altos preços com alta produtividade.
Em todo o Paraná a preocupação é com as chuvas em excesso neste inicio de ano, mas para a família Kososki os danos serão minimizados: restam apenas 14 alqueires para serem colhidos, e destes a estimativa é que seja perdida de 10 a 20% da produção, em uma produtividade média – neste ano – de 70 sacas por alqueire.
Extrapolando a realidade da família para os demais produtores da Lapa podemos dizer que apesar do momento não ser dos melhores para a cultura, ainda assim não existem prejuízos.

Sr. Antônio Kososki com seu filho Giovani (esq) e seu neto Felipe(dir) em meio à lavoura de feijão.
Produção de feijão no Paraná teve queda significativa entre os anos de 1995 2005, mas está em alta novamente. Gráfico elaborado a partir de dados da SEAB.
Variação de preços da saca de 60 kg de feijão – em vermelho o preço nacional, e em azul o preço no Paraná. Altas e baixas pouco previsíveis. Gráfico elaborado a partir de dados da SEAB.
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