
Num município rico em cultura e gastronomia como a Lapa, começam a surgir tanto na cidade como no interior opções para um gostoso café colonial.
Em 2013 o Jornal A Tribuna Regional já noticiava sobre a criação de um café colonial no centro da Lapa. Esta refeição nada mais é que um apanhado de tortas, doces, bolos, pães e salgados, servidos junto com cafés, chás e sucos, e tem origem na tradição de diversos países europeus. Servida em qualquer momento do dia que a fome apareça, era uma refeição reforçada justamente para dar sustento ao trabalho pesado na lavoura.
Com a colonização alemã predominante no Rio Grande do Sul, lá são muito comuns pratos desta culinária. Santa Catarina varia com a região, tendo influencia também italiana e polonesa. Já no Paraná temos também forte influência das culturas polonesa e ucraniana representadas nos pratos de vários cafés. Aliás, na Lapa temos ainda a influencia da comida tropeira, que provê bolos, tortas e salgados diferentes de outros locais, e claro, receitas que são tradicionalíssimas da Lapa, como a nossa coxinha de farofa.
Mas é claro, com a mistura das diferentes etnias aqui no sul, não é incomum encontrar num mesmo local um strudel alemão, um piernik polonês e um bolo de milho na panela de ferro, tropeiro. E sinceramente, não dá pra reclamar dessa mescla – só aproveitar.
Mas o fato é que a Lapa, com sua cultura, é um município pródigo em cafés coloniais. De 2013 para cá surgiram várias opções no centro da cidade temos alguns, mas é interessante que estão surgindo estabelecimentos também no interior, unindo culinária com passeio no campo, no melhor estilo do turismo rural.
Conseguimos descobrir dois que trabalham exclusivamente com isto – mas existem mais, que trabalham em outras áreas e eventualmente servem café colonial. O primeiro é de propriedade da Sra. Ingrid Tows, ali no Núcleo Leiteiro (segue em direção a Porto Amazonas, e pouco depois do trevo do Núcleo Leiteiro toma estrada de chão à esquerda). Não conseguimos contato com ela a tempo de fechar esta edição, mas o que averiguamos é que o café é servido sempre no segundo domingo de cada mês.
Já o segundo café é na Chácara Pingo de Ouro é o “Café Rural da Vó Ilza”, da Sra. Ilza Maria Ignaszewski. Fica ali na Lagoa Gorda (subindo pela antiga rua da piscina, passando o “Alto da Lapa” e seguindo mais alguns quilômetros). Segundo nos informou, a alguns anos um casal de ciclistas chegou à sua chácara, dizendo serem de Curitiba e que faziam passeios ciclísticos com frequência nas cidades vizinhas. Só que o problema é que não tinham nenhum lugar para lanchar, e questionaram se ela poderia ajudar. Como toda avó que se preze, já tinha uma certa quantia de quitutes prontos, e o casal adorou, pois foi um café com cara de sítio, tudo feito em casa, bem cara de “coisa da vovó”. Daí surgiu a ideia de atender a públicos maiores.
Como a chácara é bastante agradável, arborizada e com muitas flores, aproveitou o espaço e onde era uma estufa de flores criou todo um projeto para atendimento. Como já tinha feito o curso de manipulação de alimentos, graças à sua atuação na feira do produtor, e também por ser uma cozinheira de mão cheia, teve já uma certa facilidade na implantação. Mas a parte burocrática, como é comum nesse nosso Brasil, deu uma certa dor de cabeça.
De momento ela atende grupos previamente agendados, com entre 15 e 35 pessoas, a um valor de R$ 25 por pessoa. O atendimento pode ser em qualquer dia e horário, bastando claro, ter vaga no dia. Já recebeu vários grupos principalmente de empresas que querem promover uma confraternização de seus funcionários, em um ambiente agradável, arborizado e familiar, e com uma gastronomia farta.
Aliás, lembram do “bolo de milho na panela de ferro” que falamos no começo da reportagem? Quando visitamos a Sra. Ilza, ou Vó Ilza, como prefere ser chamada, ela tinha acabado de servir um café para um grupo e um dos pratos que a deixava orgulhosa era justamente esse bolo.
Pesquisamos um pouco sobre os incentivos existentes para as pessoas que resolvem trilhar o caminho do turismo rural, e foi um pouco decepcionante. A nível estadual, existe a Paranatur, mas no seu site aparentemente só aparece uma opção de cadastro dos estabelecimentos turísticos. A nível municipal também a divulgação é pífia.
De toda forma, achamos a iniciativa das duas senhoras, a “Vó Ilza” e a Sra. Ingrid bastante dignas de divulgação. Para saborear o café da Sra. Ingrid basta visitar o Núcleo Leiteiro, no segundo domingo de cada mês. É por adesão. Já no caso da “Vó Ilza” o agendamento é pelos telefones 9 9916-4543 ou 9 9945-2754. Em ambas as situações e só o deslocamento até os locais, aproveitando e curtindo as belas paisagens lapeanas já vale o passeio.
