Vamos ao psicólogo?!

“Acolher a pessoa tal como ela é, é mostrar também sua humanidade. Acolher a dor e a dificuldade de quem a traz é se tornar tão humano quanto quem a vive”. Palavras da Psicóloga Maria Rita Lima Gertner, sobre a profissão que, muitas vezes, ainda é cercada de muitos preconceitos por quem precisa “sentar no divã”.

Em 27 de agosto celebrou-se o dia do profissional da área da saúde responsável por estudar e orientar o comportamento humano, lidando com os sentimentos, traumas e crises das pessoas. O psicólogo.
Este profissional pode atuar em diversas áreas, entre elas a Terapia Cognitiva, Terapia Comportamental, a Psicanalítica ou a Psicodinâmica. Mas, independentemente da área de atuação, infelizmente ainda há muito preconceito com relação àqueles que necessitam de atendimento psicológico. Ainda há a ilusão, para muitos, de que o atendimento é voltado a “loucos”. Ledo engano! Para explicar um pouco sobre a atuação deste profissional e sua relevância, para todos, a Tribuna Regional conversou com a Psicóloga Maria Rita Lima Gertner, que atuou por 16 anos em empresas da área de treinamento, há 12 anos atua como psicóloga clínica e hoje também atua na área escolar.
A profissional relatou, primeiramente, que a habilidade de escuta e de ajuda sempre foi um ponto forte na família, sendo um fator importante para motivá-la na escolha profissional. “Viver neste meio me proporcionou a possibilidade de desejar conhecer mais o ser humano e tê-lo como um referencial para a escolha profissional’, comentou.
Ela comenta sobre a dificuldade das pessoas aceitarem a necessidade em ter um acompanhamento psicológico. “A resistência em relação à procura psicoterapêutica reside nas dificuldades encontradas pelo ser humano em olhar para si mesmo e perceber que necessita de ajuda para resolver seus próprios problemas. É quando ele se depara com sua impotência diante da vida. E esta dificuldade, antigamente mais acentuada, vem sendo hoje desmistificada à medida em que as pessoas passaram a entender melhor o papel do psicólogo. Seu papel não é de julgar as pessoas, mas oferecer ajuda de maneira imparcial e científica, usando de seu conhecimento sobre o ser humano de forma profissional e específica a cada caso que lhe é apresentado”, explica Maria Rita.  Ela conta que uma das formas para desmistificar este papel de maneira direta é o profissional mostrar-se no ato do acolhimento. “Acolher a pessoa tal como ela é, é mostrar também sua humanidade. Acolher a dor e a dificuldade de quem a traz é se tornar tão humano quanto quem a vive”, relata.
Outra forma de desmistificar a profissão pode estar no fato de desvincular o diagnóstico médico do método psicológico. “O médico, como profissional, deve estabelecer com o cliente um diagnóstico, pois ele busca a cura física do paciente. No caso do psicólogo, a busca é por ajudar este cliente a sentir-se apto e consciente a tomar as decisões que lhe são necessárias naquele momento”, relata Maria Rita.
“Também, no sentido de quebrar este paradigma do psicólogo, acredito ser muito importante o papel social que o profissional pode ter dentro da sociedade, que não se limita ao atendimento clínico no consultório, empresas, escola ou hospitais. Participar de forma voluntária em projetos, oferecer serviços de atendimento à comunidade e divulgar conhecimento científico sobre temas de interesse social também são ferramentas que ajudam nesta quebra de paradigma”, comenta.
A psicóloga conta que quando alguém procura o profissional, leva consigo conflitos existenciais que, além de dolorosos, para ele muitas vezes são incompreensíveis. “É um pedido de ajuda que a pessoa faz, cabe ao psicólogo ajudar a pessoa a conscientizar-se das dificuldades nas quais se encontra e ajuda-lo a encontrar novas perspectivas até então não percebidas. Saídas saudáveis, dentro de sua visão de vida”, explica.
Temos a capacidade de nos perceber organicamente e, sendo assim, sabemos quando algo não vai bem. Nosso corpo emite sinais como forma de nos mostrar a necessidade de olharmos mais de perto. Pessoas altamente ansiosas, por exemplo, podem desenvolver doenças físicas de causas emocionais, justamente por não darem atenção a estes sinais emitidos pelo corpo. Alguns transtornos, como o TOC e a depressão, servem de exemplo. Hipertensão, diabetes, alergias, câncer, dores de coluna, contraturas musculares, problemas respiratórios, podem se manifestar ou ser intensificados pelas emoções e situações que as envolvem. “Várias pessoas procuram médicos na expectativa de curas através de medicamentos que auxiliam, porém não excluem ou resolvem o problema de base. A ajuda psicológica poderia ser uma forma de lidar com as doenças de forma preventiva e mais saudável, evitando assim os grandes males causados por problemas emocionais não resolvidos”, conta a psicóloga.

IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA
A família é o suporte que todos precisam para vencer qualquer problema na vida e, no caso de problemas psicológicos, não é diferente. A psicóloga considera a família como um “Raio X” dos problemas psicológicos. “Tudo que afeta uma pessoa na família afeta a todos. É na rede de relacionamento familiar que ocorre a identificação não só da dificuldade que um membro possa estar passando, mas também como esta dificuldade pode ter se originado dentro da própria família e manifestado naquele indivíduo. Este problema pode vir a manifestar-se também em outros lugares, como trabalho e escola, por exemplo. Um dos principais sinais de que algo não vai bem está no desequilíbrio individual. Na forma de nos manifestarmos no mundo (personalidade) existe um ponto de equilíbrio que é percebido quando da convivência com as pessoas. Caso haja um desequilíbrio, logo as pessoas o perceberão. Exemplos são o isolamento, a agressividade, o choro excessivo, a irritabilidade, a desatenção, a agitação, o sono excessivo, dentre outros. Reforço a necessidade de perceber todos estes pontos dentro da personalidade da pessoa, não podendo ser analisados fora de um contexto. Por isto a importância de um profissional que alie o conhecimento e a técnica”, relata Maria Rita.
“Um amigo pode vir a alertar a pessoa sobre determinado sintoma, mas normalmente não consegue ajuda-lo a reequilibrar-se. Daí a necessidade de uma ajuda profissional”, conta.

A ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO
A psicóloga conta que cada vez mais se vê a necessidade do trabalho do profissional de psicologia. Seu espectro de ação tem aumentado muito, tendo em vista os principais males da humanidade. Ela expôs seu ponto de vista em relação á rapidez em que as coisas mudam, a importância das redes sociais e também a dependência delas nas relações que por vezes acaba afastando as pessoas. “Na forma como nossa sociedade se organiza, o homem se tornando o centro de tudo, faz com que se queira ter um controle sobre todas as coisas. As redes sociais nunca foram tão importantes, alterando inclusive nossa forma de nos comunicar. Trazem uma aparência de proximidade, porém o que na realidade é percebido é como ela tem distanciado pessoas do convívio pessoal. Ver este mundo neste ritmo de transformação e tentar acompanha-lo ou não conseguir acompanha-lo é mais que o suficiente para termos tantas doenças causadas por fundo emocional. Hoje a depressão, os transtornos de ansiedade, a bipolaridade, doenças físicas de fundo emocionais, a drogadição, a falta de habilidades sociais que afetam crianças e tantas outras doenças são sintomas manifestados pela sociedade na qual vivemos. Certamente, contar com um profissional que nos entenda e que nos ajude a encontrar nosso próprio caminho em segurança, reequilibrando nossas emoções, fará com que este mundo se torne menos difícil, pois o caminho se tornará possível e mais leve”, explica.
Sobre seu trabalho, Maria Rita manifestou sua gratidão e o amor pela profissão que exerce. “Agradeço a Deus por ter me concedido o dom e aos meus clientes que me permitem participar temporariamente de suas vidas e que me fazem não só crescer com o seu crescimento, mas conhecer um novo mundo a cada contato que é feito, a cada descortinar de suas vidas”, finaliza.

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