Atitude, vista por muitos como protesto político, pode comprometer futuro da nação.
Diferentemente do mito popular que acredita na nulidade das eleições por maioria de votos inválidos, o protesto apolítico nas urnas pode ser um perigo para a própria noção básica da democracia.
Muito se fala que se mais da metade dos eleitores anularem seus votos, isso anularia a eleição, pois demonstraria a insatisfação popular com os candidatos. No entanto, como alguns já devem saber, isso é falso.
A legislação eleitoral no Brasil (e a própria Constituição) preveem que para o cargo de Presidente da República, no qual a eleição é feita pelo sistema majoritário absoluto, existe uma regra clara de que a contagem para considerar um candidato eleito leva em conta apenas os VOTOS VÁLIDOS.
Assim, ao votar branco ou anular, o eleitor faz com que seu voto seja computado como INVÁLIDO. Dessa forma, o número de votos considerados para eleger alguém será ainda menor do que se você votasse em um candidato que menos odeie, por exemplo.
Numa historinha rápida, perceba como isso funciona:
Num Brasil fictício, existem 150 pessoas, mas apenas 100 delas são eleitores aptos a votar.
Ocorre que, nesse Brasil fictício, os candidatos para as novas eleições são péssimos, de modo que dos 100 eleitores, 40 deles resolvem protestar e votar em branco ou nulo.
Assim, chegado o dia da Eleição, apenas 60 pessoas votam entre 5 candidatos. Confira como seria:
Candidato A: 35 votos.
Candidato B: 10 votos.
Candidato C: 5 votos.
Candidato D: 5 votos.
Candidato E: 5 votos.
Neste cenário, o Candidato A foi eleito com 35 votos, isto é, 58% dos votos válidos (que foram 60 votos ao todo).
Como podem perceber, as outras 40 pessoas, ao simplesmente anularem seus votos, fizeram com que o “Candidato A” precisasse de apenas de 35 votos, em 100 votos possíveis, para ganhar uma Eleição. Assim, se esse Brasil tem apenas 150 pessoas, todo o País seria Governado pelos próximos 4 anos por um candidato eleito por apenas 23% de toda população.
Por outro lado, caso essas 40 pessoas que anularam seus votos, votassem em qualquer candidato, ainda que seja o que menos lhe desagrade, faria com que o número mínimo de votos que um candidato precisaria para ser eleito, fosse para 51 votos, podendo inclusive ter levado a um eventual 2º turno, onde o candidato eleito poderia ser outro.
Portanto, pense, eleitor: E se esse “Candidato A”, dentre todos os candidatos ruins que você julga, for o pior de todos? Vai deixar apenas essas “35 pessoas” decidirem por você?
A mensagem com isso, a você, cidadão, é de que não é uma boa solução anular ou votar em branco nas eleições. Não é, na realidade, atitude de protesto. O direito de votar foi conquistado com muito esforço por seus antepassados, que sobreviveram a explorações, monarquias, guerras e ditaduras. Não desperdice mais quatro anos com um protesto político, que pode comprometer ainda mais o seu futuro!