O atleta Alexandre Machado Pierin, aluno da professora Suellen Weinhardt, é o primeiro aluno e atleta da cidade a participar de uma das maiores maratonas de natação do país, no Canal de Bertioga.
No sábado, 1º de dezembro, foi realizada a 51ª edição da Ultramaratona de Natação 14 Bis, a maior e mais tradicional prova de seu gênero no Brasil, que envolve milhares de nadadores brasileiros e internacionais ao longo de seus mais de 40 anos de história. A prova é realizada nas (nem sempre) calmas águas do Canal de Bertioga, em São Paulo – o canal que separa a Ilha de Santo Amaro (Guarujá) do continente. Na prova, os nadadores percorrem o Canal até a base aérea de Santos.
Ao todo, 130 nadadores participaram na modalidade masculina. Da Lapa, somente um competidor: Alexandre Machado Pierin, que se classificou em 33º lugar, nadando por 6 horas, 6 minutos e 42 segundos, por 24 quilômetros.
Ele passou meses treinando especialmente para o 14 Bis. E relata que não estava sozinho nesta “corrida” pelas águas. “Desde a decisão de participar da ultramaratona aquática 14 Bis eu nunca estive sozinho. Mesmo nas longas horas solitárias de treino na piscina, não estava sozinho. Sempre levei todos comigo, cada sorriso de surpresa e aprovação, cada palavra de incentivo, cada amigo e familiar que me encorajou, levei comigo. Nas 6, 7 horas de prova não foi diferente, em cada uma das 11.663 braçadas, em cada um dos quase 24 km, levei todos no meu coração. E com certeza foram estes mesmos que me empurravam em direção a chegada. Senti a energia de todos. Com muita felicidade e sentimento de realização só posso agradecer a todos que levei e me empurraram em direção a realização deste sonho”, relatou.
Alexandre recebeu apoio de sua professora de natação Suellen Weinhardt, de sua esposa Camila Schefer, e de familiares e amigos. Além do apoio de Diego Vidal e Willian Rogério Scardanzan, que acompanharam o atleta lapeano com o caiaque, fazendo a hidratação de Alexandre a cada meia hora
O lapeano também recebeu apoio do Viva Bem Esporte e Lazer, de Renata Suplicy, da Academia Extreme, de Schefer Madeiras, do Treino Online Glauco Rangel e do Forte São João Bertioga.
O CAMINHO ATÉ O 14 BIS
A intenção de participar da Ultramaratona Aquática 14 Bis surgiu há cerca de um ano, quando Alexandre iniciou seus treinamentos com a professora Suellen. Desde então os treinos passaram a acontecer diariamente.
Tudo começou com suas participações em algumas pequenas travessias em Bombinhas, SC, com o grupo de natação Lapanada, coordenado pelas professoras Suellen Weinhardt e Camila Côrtes. Daí surgiu a intenção de participar da 14Bis. Então Alexandre sugeriu à professora de natação Suellen: “Vamos encarar essa?”. Ela aceitou o desafio e começou toda a busca pelo treinamento, em novembro de 2017.
Quanto ao apoio e orientação recebidos na piscina, a professora Suellen conta como é a rotina. “A iniciativa foi total do Alexandre. Então fomos atrás, pesquisar como tudo funcionava, pois há a questão da maré. Começamos os treinos, eu não tinha muita experiência em ultramaratonas. As travessias em Bombinhas, das quais participamos, são mais curtas. Por isso, comecei a participar de travessias, para poder sentir como é a competição no mar. Fiz também alguns cursos sobre travessia, sobre provas no mar, para poder saber como trabalhar com os alunos interessados. E fui participar para saber como era na prática. Então, quando Alexandre chegou com o desafio, aceitei, é claro. Desde então realizamos o treinamento na piscina, que é diário, de segunda a sexta-feira. Ele treina de quatro a 15 quilômetros por dia, sendo os mais longos concentrados nas sextas. Além disso, ele fez alguns treinos na Represa do Passaúna”, relata, agradecendo ao Alexandre pelo convite ao desafio e por confiar em seu trabalho para acompanha-lo. “O mérito é dele, pois se não treinasse e não se dedicasse não chegaria a estes resultados”, finaliza.
14 BIS
Conduzida nas (nem sempre) calmas águas do Canal de Bertioga – o canal que separa a Ilha de Santo Amaro (Guarujá) do continente – ela teve sua primeira edição no ano de 1970, numa aventura ousada para a época.
Os nadadores se esforçam para vencer a prova, nadando em ritmo forte por horas a fio e poucas paradas para alimentação. Seu objetivo não é financeiro – o que desejam atualmente é entrar para seu Hall da Fama.
Historicamente organizada ao longo destas quatro décadas pelo Comando da Aeronáutica do Núcleo da Base Aérea de Santos, com o firme apoio da Praticagem de Santos, das Prefeituras de Bertioga e Guarujá, da Marinha do Brasil, do Clube de Nadadores de Maratonas Aquáticas (NAMAN) e de um forte esquema voluntariado composto por outras academias e nadadores que contribuem espontaneamente para sua realização, a Maratona Aquática 14 Bis configura-se como uma prova de união e de valorização dos ideais esportivos, mais até do que de desempenho e de superação de marcas individuais.
Quem faz uma Maratona Aquática 14 Bis não esquece da emoção de emergir no outro extremo da prova, exaurido pelos quilômetros de esforço, pelas correntezas, pelas mudanças da maré, pelos percalços ao longo da prova, pelas marolas, pelo vento contra e por tantas outras dificuldades que lhe são peculiares. E depois de tudo, ser recebido pelos militares e representantes de Bertioga e Guarujá com um sorriso no rosto, um forte aperto de mão e uma medalha no peito.
