A alma de uma comunidade é formada pelas pessoas que a integram e pela dedicação que estas aplicam às causas que valorizam seu potencial. Na Lapa, é evidente que os eventos culturais, turísticos e comerciais só se concretizam graças às iniciativas de cidadãos comuns, movidos por paixão e compromisso. Sem essas pessoas, o cenário cultural seria desolador, e o poder público se manteria como um espectador coadjuvante, distante do protagonismo necessário.
Um exemplo icônico é o espetáculo do Cerco da Lapa, realizado pela União dos Artistas da Lapa (UAL). Há anos, este grupo garante que o feriado do dia 9 de fevereiro tenha uma dimensão histórica e cultural significativa. A administração municipal participa fornecendo estrutura básica para o evento, mas sem a UAL, o feriado se restringiria às formalidades de um desfile cívico-militar.
Outro exemplo notável é a Feira de Ponta de Estoque, promovida pela Associação Comercial da Lapa (ACIAL). Sem qualquer vínculo político, membros da sociedade civil se organizam para fomentar o comércio local. O apoio municipal se limita a fornecer serviços essenciais, como energia e limpeza. Essa parceria mostra que a organização popular é uma força motriz, mas também destaca a falta de protagonismo do poder público.
O Encontro de Veículos Antigos e a Gincana Cidade da Lapa também exemplificam essa dinâmica. No caso da gincana, o Canal da Cidade assume a organização completa, enquanto a prefeitura entra apenas com a infraestrutura mínima. Esses eventos atraem público e movimentam a economia, mas a limitação do papel municipal é algo que chama atenção.
A questão que surge é: por que o poder público não assume um papel mais ativo na criação de eventos que promovam o turismo e o entretenimento local? É compreensível que a administração enfrente desafios de recursos e priorização, mas também é inegável que há espaço para mais criatividade, inovação e envolvimento.
Isso não significa desvalorizar os esforços da prefeitura, mas sim repensar a distribuição de responsabilidades. Se os recursos públicos estão sendo aplicados, é justo esperar que gerem resultados que impactem positivamente a vida dos cidadãos. Investir em eventos não é apenas uma questão de cultura e entretenimento; é também uma estratégia para movimentar a economia e fortalecer a identidade local.
Por outro lado, o espírito comunitário da Lapa é admirável e deve continuar sendo incentivado. Uma combinação equilibrada entre ações municipais e iniciativas da sociedade civil pode potencializar ainda mais os resultados. Enquanto isso, permanece o desafio de encontrar caminhos que garantam mais protagonismo à administração sem sufocar a criatividade e a autonomia da comunidade.
É fundamental refletir sobre o papel de cada ator neste cenário. Apenas com união e colaboração será possível construir uma Lapa ainda mais vibrante, onde tanto o poder público quanto a sociedade civil trabalhem lado a lado para criar e inovar, beneficiando todos os seus moradores.