Chega de folia. Vamos trabalhar.

Acabou a festa, minha gente. Guardem as serpentinas, desmontem os bloquinhos, e, pelo amor do ponto facultativo, devolvam as fantasias para o fundo do armário. O Carnaval se foi, e agora não há desculpa: é hora de finalmente começar o ano. Sim, porque, sejamos sinceros, janeiro e fevereiro são apenas dois meses de aquecimento, com muito sol, pouca produtividade e uma sucessão de feriados e recessos estratégicos.

Mas agora não tem escapatória. O relógio da vida adulta está batendo mais alto do que um surdo de escola de samba, e o patrão não quer saber se você ainda está removendo glitter dos cantos mais inusitados do corpo. Aliás, reza a lenda que o glitter do Carnaval pode sobreviver a três banhos, um divórcio e até a uma mudança de regime político, mas não resiste a uma segunda-feira de trabalho.

E que semana é essa, meus amigos! A quarta-feira de cinzas chega trazendo uma ressaca existencial coletiva. Olhos inchados, bolsos vazios e a consciência pesando mais que o abadá suado na sacola de viagem. Mas agora é seguir em frente, pois tem boleto esperando para ser pago e chefe esperando relatórios que foram prometidos “depois do Carnaval” – e olha que “depois do Carnaval” parecia tão longe quando você disse isso em dezembro.

A rotina nos chama, e não adianta insistir na ideia de que o Brasil só funciona depois do Carnaval. Quem disse isso nunca enfrentou um supermercado no dia 2 de janeiro ou tentou marcar um dentista em fevereiro. O país não parou, apenas andou mais devagar, como quem tenta atravessar um bloquinho lotado sem derrubar a cerveja.

Mas não vamos nos desesperar. Há um lado positivo no fim do Carnaval: agora podemos todos parar de fingir que amamos axé e marchinha. É um alívio para aqueles que, no fundo, só estavam lá pelo feriado prolongado. Voltar ao trabalho também significa menos purpurina na comida e menos estranhos abraçando você no meio da rua gritando “É CARNAVAL, MEU REI!”.

Agora começa oficialmente aquele longo período do ano sem grandes pausas. Próximo feriado? Provavelmente só lá no meio de abril. O que significa que teremos cerca de um mês inteiro de produtividade ininterrupta – ou pelo menos até o próximo feriado prolongado, quando fingiremos surpresa ao perceber que, de novo, o ano só começa depois da folia.

Então, coragem, guerreiros da CLT, sobreviventes do home office e empreendedores da vida dura! O Carnaval acabou, mas o jogo da vida continua. Que os boletos sejam leves, que o chefe esteja de bom humor e que o despertador não nos traia. Afinal, se conseguimos atravessar a folia ilesos, podemos sobreviver a mais uma quinta-feira de planilhas.

E para os saudosistas que já estão contando os dias para o próximo Carnaval: fiquem tranquilos. O tempo voa quando estamos atolados de trabalho.

Please follow and like us:

Aramis José Gorniski


Entre em contato com Aramis José Gorniski: aramizinho@gmail.com