Em tempos de crise política e instabilidade na popularidade do atual presidente, observamos, dia após dia, tentativas desencontradas de recuperar sua imagem. Propostas como o empréstimo com garantia do FGTS — que nada mais é do que o uso do próprio dinheiro do trabalhador — e o reajuste tardio da tabela do Imposto de Renda, são exemplos de medidas que soam mais como manobras de marketing do que soluções efetivas.
Além disso, chama atenção o esforço da Secretaria de Comunicação Social, sob o comando de Sidônio Palmeira, em transformar o presidente Lula em uma espécie de “influencer”, utilizando danças e tendências das redes sociais para reconstruir sua imagem pública. O resultado, até aqui, tem sido questionável.
Diante desse cenário, muitos analistas políticos apontam para uma provável vitória de um candidato de direita ou centro-direita nas eleições presidenciais de 2026 — seja ele o próprio Bolsonaro ou alguém por ele indicado. No entanto, essa possibilidade nos leva a uma reflexão incômoda, mas necessária: será que este é o melhor momento para uma alternância de poder?
A lógica é dura, mas faz sentido. Se um novo governo de direita assumir, inevitavelmente precisará adotar medidas impopulares de austeridade para reequilibrar as contas públicas e conter o desperdício de recursos. Como ocorre hoje na Argentina com o governo Milei, essas ações geram forte resistência de parte da sociedade, que não compreende — ou não aceita — os sacrifícios exigidos pela realidade econômica.
O risco? A esquerda, embora fragilizada, pode se aproveitar da insatisfação popular para retomar o poder em 2030, justamente quando os efeitos das medidas duras começarem a surtir efeito e o país estiver entrando nos trilhos novamente. Assim, herda-se um Brasil reestruturado para, mais uma vez, desmantelá-lo com políticas populistas e ineficientes.
Diante disso, surge uma provocação: e se, estrategicamente, fosse melhor permitir que a esquerda permaneça mais um mandato no poder? Não por mérito — pois é evidente a incapacidade administrativa e o viés assistencialista que a norteia —, mas para que sua falência se torne incontestável. Para que fique claro, até mesmo para os mais céticos, que não há sustentação prática nas promessas de “pai dos pobres” e de “fome zero” que tanto emocionam, mas pouco entregam.
Não se trata, aqui, de defender a reeleição de Lula — o que, aliás, seria logicamente indefensável —, mas de ponderar estrategicamente o que pode representar um verdadeiro rompimento com o ciclo vicioso que prende o Brasil entre esperanças utópicas e decepções concretas.
É um dilema espinhoso: entregar o país a quem tem mais competência agora, sabendo que poderá ser sabotado por sua própria eficácia; ou permitir que os erros continuem, até que se tornem insustentáveis até para os mais apaixonados.
A resposta não é simples. Mas talvez esteja na coragem de olhar o futuro com mais razão do que emoção.