Esta história é engraçada e interessante, pois é típica de períodos eleitorais municipais. Conversando com um grande amigo que gosta de ler e acompanhar A Tribuna Regional, ele contou, em tom de desabafo, de sua indignação ao chegar, em casa certo dia destes.
Ao encerrar seu expediente no trabalho foi para casa, com aquela vontade de tomar um banho e jantar, para depois assistir um noticiário, como sempre faz em seu cotidiano. Qual não foi a surpresa do cidadão ao chegar, em frente de casa e notar que o portão da sua casa estava aberto e, pior, dentro de sua casa um candidato a vereador estava pedindo votos para seus familiares.
Ele contou que foi cordial com o sujeito e até ouviu suas propostas para um futuro melhor, mas a coisa já estava demorando demais e o candidato não se tocava de que estava invadindo o convívio familiar do eleitor. Depois de mais de uma hora de papo furado o candidato notou que não iria receber um convite para jantar e acabou saindo da casa do cidadão.
Aí perguntei ao meu amigo qual a lição ele tirou desta história e ele me respondeu sem pestanejar: “Não deixe o portão aberto!”
Diverti-me muito com a história e com a indignação do leitor e fiquei a pensar nas outras várias lições que podemos tirar disso tudo. Uma delas é a lição do ‘semancol’, onde as pessoas tem que aprender a abordar as outras em horários e condições adequadas, sob pena de serem consideradas intrometidas. Outra lição importante é para os candidatos. Vocês devem conquistar o eleitor e não espantá-lo. Devem respeitar a residência das pessoas além da privacidade e, mais importante, saber qual é a hora de ir embora. Mas voltando à lição primordial – “Não deixe o portão aberto” – podemos também traduzir e interpretar como um princípio à nossa vida. Deixar o portão da nossa casa aberto torna possível que ela seja invadida por qualquer pessoa, assim como deixar o portão da nossa vida aberto faz com que deixemos pessoas, atitudes e situações entrarem na nossa mente trazendo confusão, indignação e complicações. Não deixar o portão aberto não quer dizer fechar sua vida para o seu entorno, somente quer dizer que temos que selecionar quem pode entrar em seu convívio para que não lhe traga problemas que não são seus. Voltando ao candidato. É claro e transparente que ninguém da família do leitor que contou a história vai votar nele, depois da inconveniência vivida por todos pela visita de alguém estranho à sua família.