Quem mais grita, mais ganha

Lembra daquela frase de Carnaval que diz: “quem não chora, não mama”? Pois é. Analisando a política nacional nos últimos trinta anos, essa expressão parece ter se tornado a mais pura verdade. São inúmeros os casos que mostram: quem grita mais alto, é ouvido primeiro.

Vamos aos exemplos.

Lembra daqueles institutos como o “Sou da Paz” e outros movimentos que foram às ruas pedindo o desarmamento da população? Eles conseguiram seu objetivo. Apesar de a maioria dos eleitores ter votado pela liberação das armas no plebiscito de 2005, quem venceu foram as organizações e movimentos sociais que gritaram mais alto. E você, que é a favor do porte responsável de armas, não gritou. O outro lado virou o jogo.

Algo parecido ocorreu – e ainda ocorre – com as pautas do movimento LGBT. O ativismo abriu espaço para que mulheres trans (isto é, pessoas que nasceram biologicamente homens) possam competir com mulheres cis em diversos esportes. Isso, na prática, acaba prejudicando a participação feminina. Os movimentos gritaram alto e foram ouvidos. E quem discorda, se silenciou. Resultado: o outro lado ganhou.

Podemos citar ainda os casos envolvendo policiais que, em diversas partes do país, são punidos por simplesmente cumprirem sua função, muitas vezes em confronto com criminosos armados. Quando um desses “anjinhos” – armados com fuzis – morre em confronto, rapidamente vira “trabalhador exemplar” nas manchetes. Isso porque há movimentos que os defendem e gritam mais alto. E você, que apoia o trabalho da polícia, fica calado. Eles vencem.

São muitas as batalhas perdidas por omissão. Quando foi a última vez que você viu uma manifestação em defesa da família tradicional, da liberdade de culto ou do direito ao trabalho duro? Raras, não é? Em contrapartida, são frequentes os protestos contra o patriarcado, contra as igrejas, a favor da redução da jornada de trabalho. Eles gritam. Você não. Eles vencem.

O mesmo aconteceu com a anistia aos guerrilheiros, assaltantes e sequestradores que atuaram durante o regime militar. Eles gritaram muito. E o que aconteceu? Foram anistiados, ocupam hoje boa parte dos cargos eletivos mais importantes do país e, além de tudo, recebem gordas aposentadorias. Você, que viveu o regime militar sem problemas com o governo, não gritou. Eles gritaram. Eles venceram. Saíram como heróis da resistência, mesmo com muitos tendo participado de ações armadas contra o Estado.

Agora, começamos a ver manifestações de direita mais numerosas, enquanto as reuniões da esquerda têm perdido força. Isso é bom. Mostra que estamos, enfim, aprendendo a gritar. Mas ainda é pouco.

Precisamos gritar que somos a favor do trabalho duro como caminho para o crescimento. Gritar que estudar de verdade é o que transforma vidas. Gritar que formar uma família é um dos maiores bens do ser humano. E gritar, sim, para que bandidos sejam punidos com rigor – e não libertados logo após serem presos, mesmo que tenham “apenas” trocado um celular por uma cervejinha.

É fácil? Não. Cansativo? Sem dúvida. Defender o que acreditamos exige esforço. Mas, se não gritarmos, aquele que pensa diferente vai gritar tanto que, cedo ou tarde, até você pode acabar acreditando na pseudoverdade dele.

Vamos à luta.

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Aramis José Gorniski


Entre em contato com Aramis José Gorniski: aramizinho@gmail.com