O recente anúncio da reforma do Cine Teatro Imperial trouxe à tona uma questão que exige reflexão: como preservar e valorizar o patrimônio cultural da Lapa? O valor anunciado de R$ 1,4 milhão, proveniente em grande parte do Ministério da Cultura, parece um avanço, mas revela-se insuficiente diante da magnitude das reformas necessárias. Não se trata apenas de uma manutenção superficial, mas da necessidade de um esforço integral para revitalizar um prédio antigo e complexo, garantindo sua funcionalidade como espaço cultural.
A comparação com obras de menor porte na cidade, como a construção de uma sala para a Diretoria de Esportes no módulo esportivo que custou mais de R$ 600 mil, evidencia o desafio de reabilitar um patrimônio histórico tão significativo com recursos limitados. Para o Cine Teatro Imperial, as demandas incluem não só o telhado, mas também o palco, os camarins, a plateia e a parte técnica. Sem uma abordagem estratégica e recursos adequados, o espaço dificilmente estará acessível ao público em um futuro próximo.
Outro exemplo preocupante é o Pantheon dos Heroes, cuja reforma permanece inconclusa. Desde fevereiro de 2023, o local segue com soluções provisórias, como telhado remendado e escoras de madeira que ocupam propriedades vizinhas. O descaso com este monumento não só compromete a preservação do patrimônio, mas também desvaloriza a memória coletiva da cidade.
A situação do Theatro São João é igualmente alarmante. Apesar de sua importância histórica, as ações realizadas até agora são limitadas a intervenções superficiais, como a pintura da fachada, ignorando a necessidade de uma reforma estrutural abrangente. Esses exemplos revelam um padrão de gestão que privilegia soluções paliativas em vez de projetos sustentáveis e bem planejados.
A pergunta que ecoa é clara: qual é a real prioridade do patrimônio cultural para a administração do prefeito Diego Timbirussu? A Lapa, reconhecida por sua rica história e arquitetura, merece uma política pública que vá além de anúncios e promessas. É preciso que a cultura e o patrimônio recebam a atenção devida, sendo tratados como pilares de desenvolvimento social e turístico.
Para isso, torna-se essencial buscar parcerias estratégicas. Leis de incentivo à cultura e ao patrimônio, assim como convênios com empresas privadas e instituições culturais, podem oferecer os recursos necessários para uma revitalização plena. Sem esse esforço conjunto, o patrimônio cultural da cidade continuará sendo negligenciado, prejudicando não só a identidade da Lapa, mas também seu potencial turístico e econômico.
A preservação do patrimônio cultural não é apenas uma questão de estética ou nostalgia; é um compromisso com a história, a memória e o futuro de uma comunidade. A Lapa possui um acervo inestimável, mas somente uma gestão comprometida e visionária poderá transformá-lo em um legado vivo, acessível e inspirador para as próximas gerações.