Sl 24 – Ainda que não substitua o texto em si, vamos à introdução, com vistas à interpretação e explicação contextualizada e atualizada, cristologicamente, dos Salmos, que têm em vista o conhecimento e a glória de Deus, em aroma suave, mediante Jesus Cristo. E nEle, na unidade do Espírito Santo, de fé em fé, edificação luteradora das consciências pávidas, exortação de soberbos e empedernidos, e consolo necessário, profícuo, ubérrimo dos corações atribulados.
O Salmo 24 é uma profecia acerca do reino de Cristo, vindouro em todo o mundo, e exorta as portas que não são eternas, a saber: as autoridades seculares e religiosas, a que deem lugar a Ele, ao invés de Lhe descrer em Seu ofício e ministério e incumbência, que exerce em resposta de obediência perfeita ao Seu Pai, em nosso favor. Porque são eles, em verdade, que em autoindulgência com o pecado e em autojustificação dos pecados, o mais Lhe resistiram e resistem, como lemos também no Sl 2.1ss. A pergunta das autoridades é: “Quem é o Rei da Glória?” E respondem, apesar de conscientizados via Palavra e ministério da Palavra, com insulto e injuria: Ele é um mendigo, blasfemo e agitador do povo. Sim. Os autofeitos poderosos do mundo, já que a honra e a glória de Cristo estão ocultas, perguntam: Por um acaso Ele, Cristo, é o Rei da Glória, e nós Lhe devemos dar a primaz preferência e ouvidos crentes? E a sua resposta autoindulgente à pergunta, fundamentados em sua fé, teologia, culto, piedade para as quais Cristo não é importante, é: nós não o queremos fazer e nem Lhe abrimos oportunidade para que adentre em nossos espaços de domínio, poder, autoridade. E o salmista, contíguo, consciente de que sempre há quem quer banir e sepultar o Evangelho, profetiza que a Palavra de Deus, mesmo após a vinda de Cristo e do início do Seu reino, será amaldiçoada e rejeitada, ainda que toda a salvação seja possível alcançar, somente, via ação do Espírito Santo, por graça divina, mediante a fé no Rei da Glória, Forte, Poderoso nas batalhas, SENHOR dos Exércitos, em Pessoa. Sim. Gente de fé, ensino, confissão, e consequente condenar e rejeitar para quem a Segunda Pessoa da Trindade não é importante, não dão importância alguma para o artigo principal da nossa justificação e salvação, ao mesmo tempo. Ademais, em oposição ao ministério da mediação do Espírito, descreem que só é possível ser salvo se a Palavra de Deus – lei e Evangelho – adentra o coração de quem ouve e acolhe, em arrependimento e fé, o que promove e aponta para Cristo e Seu Evangelho, poder de Deus – Rm 1.16 parte. O presente Salmo pertence ao primeiro Mandamento de Deus, e nos três primeiros, como um todo, e às três primeiras petições do Pai Nosso. Porque o salmodiado revela e aponta qual seja a verdadeira justiça – a da fé – e quem é o verdadeiro povo de Deus – o que dá ouvidos crentes às promessas alusivas a Cristo, que haveria de ser e foi feito nascer dos judeus, segundo a carne, em cumprimento da promessa divina. E que pouca gente, após Sua encarnação, hoje, O segue, existencialmente, em discipulado da cruz e renúncia. Ademais, o salmodiado, denuncia a altivez e a soberba espirituais que advêm da justiça das cerimônias religiosas autoinovadas, como supostos meios de alcançar o perdão dos pecados, mas sem necessidade de Cristo, o Rei da Glória, crucificado, ressuscitado, assunto aos céus e sentado à destra de Deus Pai, em nosso favor. Somente Ele, Cristo, deve, recorrentemente, entrar e permanecer presente em nosso coração, por meio da Palavra e da fé. E só o Espírito Santo pode dar acesso aos portais eternos, e fechar os do inferno e de todo o mal. A quem levanta a cabeça, por fé, o ministério da pregação cristológica, via ação do Espírito, traz Jesus Cristo ao coração, com todos os Seus benefícios, sem méritos, dignidades, boas obras nossas.
O presente Salmo é uma profecia sobre como os gentios haveriam de ser chamados sem a lei, a saber, de forma oculta, pelo Espírito Santo, onde, quando e como aprouver a Deus Pai, mediante a ação do Espírito Santo, pela fé em Cristo. E que Este haveria de pôr fim à lei e ao ministério da Antiga Aliança. E como tal, o Salmo 24, mostra qual seja a verdadeira justiça, a que, por graça divina, mediante a fé em Jesus Cristo, alcança o perdão dos pecados, vida e salvação. Ele salmodia quem é o verdadeiro povo de Deus, e condena e rejeita a altivez fundamentada na justiça das cerimônias, em especial nos judeus para os quais Cristo não é importante, ainda que seja o povo que recebeu a promessa do Salvador, na carne.
P. Airton Hermann Loeve.