Sl 27 – Ainda que não substitua o texto em si, vamos à introdução, com vistas à interpretação e explicação contextualizada e atualizada, cristologicamente, dos Salmos, que têm em vista o conhecimento e a glória de Deus, em aroma suave, mediante Jesus Cristo. E nEle, na unidade do Espírito Santo, de fé em fé, edificação luteradora das consciências pávidas, exortação de soberbos e empedernidos, e consolo necessário, profícuo, ubérrimo dos corações atribulados.
O Salmo 27 é um Salmo de gratidão a Deus. Nele, incluso, o salmista ora, muito, e consola, ouvintes e leitores crentes, contra a presença ativa dos falsos mestres, os quais ele nomina de falsas testemunhas, que destemidas, injuriam a gente cuja vida persevera na Palavra e na fé. Eles, autoindulgentes com os pecados, porquanto são totalmente tolos e santos audazes, testemunhas autosseguras e petulantes diante de Deus, também se apropriam do ministério da Palavra, ainda que não tenham sido enviados e nem incumbidos por Ele. São gente tola e inepta no artigo principal da salvação, mas mesmo assim, se apresentam diante das pessoas, e abrindo a boca, logo logo, falam e querem ser ouvidos e cridos, sem detença. E quanto mais audazes são, tanto mais petulantes são e se portam no pregar e doutrinar que não promove e nem sequer aponta para Cristo. Não obstante, ainda que exortadas, seguem avante com sua doutrina, e com ela enchem o mundo. Elas são, em verdade, autofeitos mestres Sabichões irredutíveis no voraz tomar posse do que Deus reservou para Si em Sua e para Sua autoridade. E, como tais, em ferrocidade ciclópica, provocam e incendeiam guerra contra as pessoas verdadeiramente santas e tementes a Deus e legitimamente chamadas e incumbidas do ministério da Palavra, pelo qual, é dado o Espírito Santo, que opera a fé especial, onde e quando apraz a Deus Pai, naquelas que se arrependem e creem em Jesus Cristo, o SENHOR.
O Salmo 27 está ligado, quanto ao seu conteúdo, ao Primeiro Mandamento e à primeira e segunda petições do Pai Nosso. Pois Deus, não em virtude de méritos, dignidades, boas obras nossas, mas por causa de Jesus Cristo, justifica e salva as pessoas que creem ser recebidas na graça divina por amor do que haveria ser feito nascer, por intervenção divina, segundo a carne, dos judeus, em cumprimento da promessa dEle. Apesar de, Cristo humanou.
De caso a caso, visto que os falsos mestres são cruéis e irredutíveis, só Deus mesmo pode lhes resistir e pôr fim à sua presença e ação más. Razão pela qual o salmista anima, o povo crente na Promessa acerca de Cristo, à fé com as palavras que constam no versículo catorze. Aliás, só Deus mesmo para silenciar os falsos mestres, já que o pai da mentira é quem lhes inspira e determina na vida e fé tirana, infestada de ódio, perseguição, morte. O Salmo visa instruir e fortalecer a fé e a esperança cristológicas, como que asseverando: Filho/a amado/a, se tu quiseres servir a Deus, de verdade, prepara o teu coração para enfrentar, com confiança, cruz incomum, rejeição, crueldade, espíritos sectários, maldades muitas, nos três estamentos.
O salmista salmodia o que é petreamente verdade: se Deus, o SENHOR, é conosco e é favorável para conosco, como membros do povo da Palavra e da fé, não há nada a temer. Se Ele, por Sua graça, é com quem é dEle, Deus também o será na vida e na morte e para além delas. Isto significa que em tal pessoa se fará presente ânimo e disposição que não se amedrontam e nem se deixam acuar ou intimidar pelos inimigos espirituais e seus servos autoindulgentes. Uma é a realidade em que Deus, o SENHOR, está constatavelmente junto e permanece com o salmista. E é levado a ter certeza de que Deus realmente pensa nele e age favoralmente em seu favor e benefício. Na abscondidade divina, só a fé alcança confiança e alegria no SENHOR. Razão pela qual o salmista se porta de modo humilde, crendo na Palavra e está convicto do que Deus é e pode, em dupla eficácia. Pois é Ele quem perscruta os corações, e pode entregar, já que não tem outro jeito, a pessoa má às consequências da sua impenitência e incredulidade, pois ela, no externo, afirma que crê em Deus. Contudo somente Ele discerne e distingue para Si a pessoa piedosa, na vida e na morte e para além delas.
P. Airton Hermann Loeve
