Sl 31 – Ainda que não substitua o texto em si, vamos à introdução, com vistas à interpretação e explicação contextualizada e atualizada, cristologicamente, dos Salmos, que têm em vista o conhecimento e a glória de Deus, em aroma suave, mediante Jesus Cristo. E nEle, na unidade do Espírito Santo, de fé em fé, edificação luteradora das consciências pávidas, exortação de soberbos e empedernidos, e consolo necessário, profícuo, ubérrimo dos corações atribulados.
O Salmo 31 é um Salmo que, ao mesmo tempo, contém louvor, lamento e consolo incomum. E é salmodiado, na perspectiva de Cristo e das pessoas santas por graça divina e fé nEle. Elas, súplices, não obstante, por ação do Espírito, perseveram na Palavra, quer seja a vida doce quer seja ela amargamente cruciforme e plena de renúncia e doação. O salmista e elas, com as devidas ressalvas da diferença, ao longo de toda a vida e viver são, interna e externamente, atribuladas e atemorizadas, corporeamente, em consequência da perseguição, difamação, desprezo por causa da Palavra, de Cristo, do Evangelho, do Espírito, da fé. Em relação a Jesus Cristo, o nosso SENHOR, os inimigos não silenciaram enquanto não O matam, porque eles não têm a verdadeira Palavra e a Fé em curso em si. Além disto, são irredutíveis na sua fé, teologia, culto, piedade autoinovadas, mesmo conscientizados. Em sua ferocidade ciclópica, Cristo e Seus benefícios não lhes são importantes porque creem serem agradáveis a Deus sem a necessidade da Palavra de Deus, da graça divina, da fé em Jesus Cristo, do próprio Jesus Cristo. Deus, o Pai, é com Jesus Cristo em Sua excruciante tortura e dor indizível, injustas, que Lhe foram infringidas, em cumprimento da Escritura, em vívido historiar de que o mundo presente não é paradisíaco. Os inimigos espirituais quando reinam e se assenhoreoam de pessoas impenitentes e incrédulas, se tornam patifes sem um pingo de misericórdia. Elas, na época do salmista e hoje, obstando a justiça de fé em Cristo, tanto no estamento espiritual quanto secular, tentam eliminar, extinguir, anonimizar, sempre, quem vai à frente do povo com a Palavra da verdade. Porém apesar da grande grita, presença das ações abomináveis e dos malfeitos consequentes de quem é ‘dominado’, em autoindulgêcia, pela religiosidade e dogmática ímpias, Deus é Deus. Deus Pai, que foi com Jesus Cristo, e o Espírito Santo, são, igualmente, corporeamente, com as pessoas cristólogas – que têm a Palavra e creem corretamente –, no passado e no presente, na vida e na morte e para além delas. Sim. Deus é com elas, apesar de, de modo vivo, real e concreto, até no tutano dos ossos. Por isso mesmo, o presente Salmo tem conexão com o terceiro Mandamento, e com a primeira e a terceira petições do Pai Nosso. Assim, resumido, como forma concreta de edificação na Palavra, nos Mandamentos, no Pai Nosso, no Batismo, na Ceia, no Ofício das Chaves, na cruz incomum.
Jesus Cristo e a religiosidade das obras ocupam posições excludentes. Não obstante, os membros do povo da Fé são feitos experimentar, que Deus, o SENHOR, é com eles, e que a sua vida e viver estão nas mãos dEle, sempre. Ele, em Sua providência e presença, liberta e cuida, corporeamente, apesar da presença e ação autoindulgente dos inimigos e perseguidores hostis. Ser cuidado e liberto dos inimigos e perseguidores externos é um fato, como é o caso de Davi, o perseguido pelo rei Saul, por exemplo. Outro e bem diferente é o cuidado e a ação libertadora dos inimigos internos e dos servos do diabo e seus anjos. É custoso sofrer a sua inimizade unida a do mundo e de todas as pessoas hostis embasadas em sua fé, teologia, culto, piedade autoinovadas. Aí mora o perigo, já que elas, ensoberbecidas e bajuladas pelo populacho cegado, quando se sentem ameaçadas em seu viver e crer, não toleram a Cristo, nem o Evangelho e nem muitos menos reformadores da fé e da moral. Em suma: Cristo e os cristólogos, com as devidas ressalvas entre ambos, mesmo que não o provoquem, sofrem e vivenciam inimizade e perseguição corpórea, gratuitas. E quem exerce o ministério da Palavra de modo puro, correto, necessário, impermista pode ter certeza de que a cruz incomum é nua e bruta realidade, nos três estamentos. Sim, gente temente a Deus e de coração piedoso, evangelista de Cristo, vivenciará aflições, privações, angústias injustas. Porque pregação e exercício do ministério de modo puro e vida cruciforme formam uma unidade inseparável.
P. Airton Hermann Loeve.