Sl 34 – Ainda que não substitua o texto em si, vamos à introdução, com vistas à interpretação e explicação contextualizada e atualizada, cristologicamente, dos Salmos, que têm em vista o conhecimento e a glória de Deus, em aroma suave, mediante Jesus Cristo. E nEle, na unidade do Espírito Santo, de fé em fé, edificação luteradora das consciências pávidas, exortação de soberbos e empedernidos, e consolo necessário, profícuo, ubérrimo dos corações atribulados.
O Salmo 34 também é um Salmo de ação de graças, quanto ao conteúdo, quase idêntico ao próximo, e testemunha (como o título e o sexto versículo relatam) a história de Davi, como um exemplo comum para todos os justos no SENHOR, para que aprendam como DEUS não despreza a invocação das pessoas santas por causa da Sua graça e da fé em Jesus Cristo, o prometido, já no Antigo Testamento. Contíguo ensina e ordena que devemos temer somente a Deus e a mais ninguém; e, depois: que nos precavenhamos de falsos ensinos, do amaldiçoar, do murmurar e do blasfemar, fundamentados no que os olhos veem. Ao contrário disto, provando que Deus é bom, que devemos ter paciência e preferir abençoar aos inimigos do que amaldiçoar, desejar-lhes tudo de bom e fazer-lhes o bem apesar do mal que nos causam em corpo, bens, honra, nome. E assim, por amor de Cristo, viver pacificamente com todas as pessoas (no que depender de nós), sejam elas más ou piedosas. Pois está decretado (diz a Palavra) que os justos no SENHOR devem sofrer muito; nada mais acontecerá, se queres ser justo, tenha-te por conscientizado de que vivenciarás cruz, e, sob sofrimento incomum, precisarás aprender a viver como quem renúncia a si mesmo. Assim, sem rodeios e meneios, será a vida e o viver de cada membro do povo da Palavra e do Espírito. Não há como ser diferente nesse mundo pós-queda de Adão e Eva em pecado. Mas também está decidido que o SENHOR ajudará em tudo, salmodia o salmista, com a mesma fidelidade, que nem mesmo o menor dos membros do corpo humano deve ser perdido, sim, até o cabelo da cabeça está contado, na integralidade [Mt 10.30]. Pois embora muitos ossos dos mártires na fé tenham sido quebrados na tortura, alguns também reduzidos em cinzas, muitos também tenham se decomposto nas sepulturas e assim por diante, mas eles serão recriados num ato único e irrepetível por parte de Deus, em monoagência, quando da ressurreição dos mortos. E assim não permanecerão eternamente quebrados ou reduzidos às cinzas, mas, antes, só por um tempo permanecerão como foram tornados, injustamente. E na recriação todos serão inteiros novamente e serão tornados mais bonitos do que eram antes. E note bem: que este é o primeiro Salmo que trata dos anjos do SENHOR, como eles assistem e têm cuidado pelos justos por graça divina e fé em Cristo. Porque eles, os anjos do SENHOR, não estão presentes em derredor de nós, como tementes a Deus e de coração piedoso, para o nosso mal, mas acampam-se ao nosso redor como um exército de guerreiros armados, salmodia o salmista. Eles, por ordem divina, armam sua tenda, vigiam e lutam por nós contra o diabo e seus demônios. Quão grande e gloriosa consolação é para todos os que creem nas promessas divinas o que consta nesse Salmo. O profeta Eliseu tornou presente esta promessa verdadeira e clara com seu exemplo, 2Rs 6.17. Mas, bem antes dele, a certeza e convicção da presença e ação benevolente dos anjos do SENHOR é tirada do capítulo 32.1s. de Gênesis, quando os anjos encontraram o patriarca Jacó, razão pela qual ele chamou o lugar de sua manifestação de “exército” ou “acampamento de Deus”, porque eles eram seus companheiros e ‘escoltadores’, e se acamparam ao redor dele para o proteger, como o salmista diz aqui também, ao se referir à presença e ação dos anjos do SENHOR, para o bem de quem teme, ama e confia em Deus mediante Cristo, e que exerce o ministério da Palavra de modo puro, correto, legítimo, necessário. Assim, que cada um de nós saiba e se tenha por conscientizado: ou Deus o SENHOR é conosco e em nosso favor, corporeamente, ou o diabo e seus anjos.