Sl 35 – Ainda que não substitua o texto em si, vamos à introdução, com vistas à interpretação e explicação contextualizada e atualizada, cristologicamente, dos Salmos, que têm em vista o conhecimento e a glória de Deus, em aroma suave, mediante Jesus Cristo. E nEle, na unidade do Espírito Santo, de fé em fé, edificação luteradora das consciências pávidas, exortação de soberbos e empedernidos, e consolo necessário, profícuo, ubérrimo dos corações atribulados.
O Salmo 35 é um Salmo de oração no qual Davi lamenta contra e por causa do pernicioso povo para quem Cristo não é importante, e que merece exortação e que se fez repreensível no mais alto grau, ou seja, os hipócritas, que, em tudo o que falam e ensinam, fazem e deixam de fazer se orientam, no fim e no fundo, tendo como base e encetando o seu prazer e vantagem carnal. Eles, não obstante tenha acesso às ubérrimas, certas, rotundas e claras promessas e ameaças divinas, em sua vida e fé, sempre, focam e embasam sua regra e norma de fé e conduta no que faz ‘coceiras nos ouvidos’. E por isto mesmo, sem nenhuma culpa, e desavergonhadamente, caluniam os inocentes, instigam e aconselham a guerra, amargam o coração das autoridades com mais violência contra as pessoas justas, corretas, verazes, evangelistas de Jesus Cristo, reformadoras da fé e da moral. E sendo e agindo assim, em evidente desprezo e desleixo com o ministério da pregação, entulham o Evangelho, mentem e faltam com a verdade, e além disto o fazem como gente que não sente culpa, e está aí, sempre, como que sem nenhum remorso. Pior. Mentindo com a verdade, fazem com que a pessoa próxima inocente como que se sinta culpada por tudo o que está padecendo em sua justiça, verdade, honestidade. Isto de modo concreto e objetivo Davi experimentou e teve que sofrer da parte do rei Saul, e também da parte daqueles a quem ele havia feito todo bem, e muitas vezes ele se entristeceu muitíssimo com o mal e a maldades deles, como o salmista salmodia. Nós, com as devidas ressalvas, podemos usar isto como um exemplo em nosso tempo, quando o Evangelho da graça e da glória de Deus é tão vergonhosamente depreciado entre as autoridades, e em muitos lugares gente má quer fazer com que mentiras sejam passadas como se fossem a verdade, ou fossem necessárias observar e seguir se é que se quer ter perdão dos pecados, vida e salvação eterna. E, de todos os modos possíveis, tentam esmagar o salmista, enquanto censor fiel e verdadeiro, pois embasa a sua fé, ensino, confissão na justificação por graça divina mediante a fé em Jesus Cristo. E não raro, o mal que cristólogos padecem é porque quem lhes é inimigo, o pratica se valendo das leis, da autoridade, do poder que têm, e dos meios de comunicação tendenciosos. E, além disto, publicam muita literatura e fazem sermões, pregam, ensinam, confessam, escrevem embaralhando o central com o periférico. E o malicioso é que elas, impenitentes e incrédulas, focam e seduzem gente por quem os verdadeiros cristólogos muito se empenharam com ensino, pregação, doutrina no sentido de que alcançassem a fé em Jesus Cristo, que justifica e salva. Sim. Eles focam justamente as pessoas que foram ganhas com toda honra e amor. E que, de repente, sem mais nem menos, se portam como que envenenadas pela mais primitiva aversão contra as que muito se empenharam pela sua salvação. E o fazem de tal modo que se levantam contra as primeiras, intuindo que decaiam da fé e que a causa primeva – a do Evangelho – seja abandonada. Esta sujeira vergonhosa, ingrata e má têm como motivação primeira a barriga como sendo deus, unida aos seus servos: diabo, mundo, carne. Em resumo, é assim como Cristo diz do seu traidor: “O que come pão comigo me pisa com os pés”, e o faz seduzido por trinta moedas de prata. Assim são as pessoas cujo deus é a barriga, que por causa da sua fome e sede insaciáveis, sempre se levantam contra as justas por graça divina e fé em Jesus Cristo, como lamenta o salmista. Por nossa própria razão, força e inteligência é difícil e até mesmo impossível resistir e desmascarar as diabruras extorsionárias da gente para quem Cristo, Seu reino, o ministério da Palavra não são importantes. Só Espírito mesmo, em vindo em defesa, pode assistir e socorrer, em Sua congregação, por meio da Palavra e do legítimo e correto exercício do ministério, ciente de que é impossível separar o joio do trigo no mundo presente.