Sl 41 – Ainda que não substitua o texto em si, vamos à introdução, com vistas à interpretação e explicação contextualizada e atualizada, cristologicamente, dos Salmos, que têm em vista o conhecimento e a glória de Deus, em aroma suave, mediante Jesus Cristo. E nEle, na unidade do Espírito Santo, de fé em fé, edificação luteradora das consciências pávidas, exortação de soberbos e empedernidos, e consolo necessário, profícuo, ubérrimo dos corações atribulados.
O Salmo 41 é um Salmo cristocêntrico no qual a essência do lamento súplice a Deus, o SENHOR, trata da traição incomum: a de Jesus Cristo, por parte de Judas Iscariotes. Aliás, vale lembrar aqui, que, somente, uma pessoa discípula pode trair a Ele. O presente Salmo salmodia, promovendo e apontando para o Remidor, acerca da crucificação e da ressurreição dos mortos, da ascensão ao céu e da entronização de Jesus Cristo à destra de Deus Pai, como intercessor, em nosso favor. E nós, gente tornada bem-aventurada pela Palavra e fé, via ação do Espírito Santo, também vamos experimentar traição, negação, cruz incomuns.
O Salmo presente além de promover a Cristo e Seus benefícios, consola, pela fé, as pessoas tornadas pobres por causa de Cristo e do Seu Evangelho, da Palavra e da fé no Cristo prometido. Cristo é feito pecado em nosso favor para nos remir e salvar da nossa pobreza: ausência justiça, pureza, santidade, pós-queda de Adão e Eva em pecado. Bem-aventuradas são as pessoas que ficam com Jesus Cristo em Sua pobreza, precisão, morte, dor em nosso favor. Bem-aventurados são os membros do Povo da Fé que não se escandalizam em Cristo: verdadeiro Deus e verdadeiro homem, enviado ao mundo para nos remir e salvar do diabo, do pecado, da morte, de todo o mal. As pessoas bem-aventuradas ao modo deste Salmo ficam com o Necessitado por excelência em Sua amarga paixão e excruciante crucificação em nosso favor. Cristo é o pobre por excelência, que nos livra e salva da ira e condenação divina. E é Ele que se autoentrega por amor da nossa salvação de inimigos. E assim, em obediência perfeita ao Seu Pai, em virtude da obra salvífica, por Seus ricos méritos, nos torna, apesar do Seu vitupério, justos, bons, sábios, fortes, filhos/as de Deus, contanto que nEle creiamos em consonância com o ministério da pregação, em sua acepção legítima e pura.
Muito se acode à pessoa necessitada, em sua precisão corpóreo-espiritual / espiritual-corpórea, muito pregando-lhe, pura, correta e legitimamente, Cristo e Seus benefícios em nosso favor, de modo tal que ela, se aprouver a Deus Pai, seja dadivada com fé incomum, pelo Espírito Santo. Ainda que a salvação seja por graça divina, é surpreendente que o salmista, promissivo, proclama que o SENHOR beneficia tal pessoa que permanece na Palavra e na fé em Cristo até o fim. Pois não fomos chamados à existência para viver alienado de Deus, da Sua Palavra, da comunhão de pessoas crentes em Cristo, de todos os tempos e lugares.
Em suma: a primeira bem-aventurança é ouvir a Palavra de Deus com fé presente, que se concentra em Cristo como dádiva. E a segunda é ter sido feito alcançar certeza do perdão de todos os seus pecados mediante Jesus Cristo. A terceira é ter sido feito alguém que fica com Cristo em morte e dor, como fruto da fé, por gratidão. Ele, Cristo, que é o pobre por excelência em nosso favor, porque enfrenta a amarga paixão e morte, é desonrado, escarnecido, morto na cruz por nós. Não há graça maior do que ter colocado o Evangelho de Jesus Cristo em curso na nossa vida e fé. Pois somente Ele liberta, sem méritos, do pecado, da morte, do inferno, de todo o mal como consequência da fé, que se desdobra, em vida cristocêntrica plena de boas obras, por amor de Cristo, no conjunto da Criação. Não há como ser diferente, a vida das pessoas feitas bem-aventuradas, reformadoras da fé e da moral, evangelistas de Cristo, cristólogas, censoras fiéis terão que aguentar e bancar a vida e fé que sucede entre a injúria ignominosa de gente inimiga e o socorro de Deus, ainda que a última seja, muitas vezes, no mundo das contradições, vivenciável sofregamente sub contrário.
