Sl 43 – Ainda que não substitua o texto em si, vamos à introdução, com vistas à interpretação e explicação contextualizada e atualizada, cristologicamente, dos Salmos, que têm em vista o conhecimento e a glória de Deus, em aroma suave, mediante Jesus Cristo. E nEle, na unidade do Espírito Santo, de fé em fé, edificação luteradora das consciências pávidas, exortação de soberbos e empedernidos, e consolo necessário, profícuo, ubérrimo dos corações atribulados.
O Salmo 43 é exatamente igual ao Salmo anterior, e, quanto ao conteúdo, é também quase idêntico a ele. Porque o salmista, por graça divina mediante a fé em Jesus Cristo quer ir e ser adentrado nos tabernáculos de Deus, que envia luz e verdade, em favor dos Seus injustiçados. E deseja ser ajudado e consolado, de fora, internamente, por ação do Espírito Santo, sem sua participação, méritos, dignidades e boas obras, em suas perguntas, lamentos e tribulações incomuns, pela fé, unido ao povo de Deus que é concebido, formado, alimentado, gerado, educado, apascentado, vestido, ornado, fortalecido, armado, servido somente pelo único salvante Evangelho de Jesus Cristo, poder de Deus para a salvação de toda a pessoa que crê.
O que interessa, existencialmente, para o salmista, no altar de Deus, não é a sua forma externa, mas, sim, a Palavra agraciadora e o autêntico e genuíno ministério, mediante os quais o Espírito Santo, como por meios, agindo, se, onde e do modo que Lhe aprouver, sustenta a fé em Cristo, nas pessoas ouvintes crentes no Deus vivo e verdadeiro, que não quer se deixar encontrar senão somente de modo mediado, em comunidade, cuja doutrina é cristológica.
O salmista, salmodiando, revela como ele enfrenta a alma pecaminosa, por natureza, via Palavra e fé. Pois a incredulidade, sob precisão incomum, cega –, e muito – quando a razão e a inteligência são critérios normativos e de juízos. A alegria e a gratidão, existenciais, sob oração, devem aumentar e se solidificar, mais e mais, nos membros do povo da Palavra e da fé, ainda que o benefício que de Deus vem e para Ele aponta é ausente e ou insuficiente. É a ordem e a promessa divinas que devem nos orientar e animar, não obstante o raciocinar e inteligir da razão e inteligência, cegas, por natureza. Nesse mundo, no qual é impossível viver como pessoa que não é tentada pelo pecado, morte e diabo, é imperativo confiar na presença libertadora de Deus Pai, que não desampara quem nEle crê, O ama e nEle confia acima de tudo, de todas as pessoas, de todas as coisas. Ainda assim, a realidade penúltima é exigente.
Esperança e consolo incomuns que e quando têm a Deus como autor e agente, transluzem a pessoa que não consegue ver nada além de injustiça, opressão, tristeza, abandono. A realidade exigente e de tentação da fé não nos devem, à semelhança do salmista, desesperançar e nem desalentar, mas, sim, antes, como que ‘arrochar o passo’ no sentido de que, já já, supliquemos por incremento na fé, que crê e confia quem Deus é em Si e em relação às pessoas que nEle confiam: auxílio bem presente na tribulação, adversidade, perseguição. Alegra o salmista e a cada um de nós o fato de que Deus, o SENHOR, é com quem é dEle, ao modo dEle, não obstante o abatimento corpóreo na realidade opressiva provocada por inimigos incomuns.
O salmista salmodia o presente Salmo distante de Jerusalém, sob uma realidade má: de injustiça, contenda, opressão. E consta que Deus, o SENHOR, não está circunscrito e preso ao Templo – que não media o Espírito Santo. Mas, sim, antes, se autoamarra, em Sua liberdade, à Sua Palavra e à fé nela. Ela que está repleta de promessas consolatórias para o povo da Palavra: lei e Evangelho. Pois Deus, o SENHOR, vem em socorro do Seu povo. E, não obstante abscôndito, fortalece o salmista, em sua dúvida incomum, irmã gêmea da fé. Razão pela qual ninguém pode e nem deveria viver longe e afastado da comunidade para a qual Cristo é importante e tem o Evangelho. Deus pode e quer falar a nós somente por meio da Palavra e da fé. E o Seu julgar e pleitear é justo e veraz, razão pelas quais o salmista se volta direto a Deus Pai, em oração, sem intermediários. Pois só Ele é e provê grande alegria para o salmista.
