Salmos

Sl 44 – Ainda que não substitua o texto em si, vamos à introdução, com vistas à interpretação e explicação contextualizada e atualizada, cristologicamente, dos Salmos, que têm em vista o conhecimento e a glória de Deus, em aroma suave, mediante Jesus Cristo. E nEle, na unidade do Espírito Santo, de fé em fé, edificação luteradora das consciências pávidas, exortação de soberbos e empedernidos, e consolo necessário, profícuo, ubérrimo dos corações atribulados.

O Salmo 44 é orado em comunhão com outras pessoas piedosas e tementes a Deus, em especial, crentes no Cristo vindouro, que em opressão, vergonha, perseguição, opróbrio, afronta, blasfêmias incomuns, lamentam a sua situação, estado e condição de aparente abandono da parte do SENHOR, que declara não dormir, nem esconder a face e nem sequer rejeitar o povo da Palavra e da fé quando é feito languescer sob miséria e opressão impostas. Elas apresentam a Deus o que tem ouvido acerca do Seu agir fiel, justo, verdadeiro, no passado: Ele vencia os inimigos Seus e do Seu povo. Agora, porém, mesmo à vista do mal e da tolice, é como se Deus não salvasse e nem cobrisse de vergonha quem é determinado pela ausência de temor, amor e confiança nEle acima de tudo. É como se Deus até mesmo ‘abençoasse’ quem pratica e se beneficia do mal. Em suma: o Salmo contém o lamento do Espírito contra a carne, que se queixa de Deus e do Seu agir, com base na razão e inteligência da pessoa que pergunta e diz: como pode ser possível que, Tu, Deus e SENHOR permites que as pessoas piedosas padeçam, sofram, vivenciem o mal, sem trégua, mesmo ou não obstante orarem, em resposta da Palavra e da fé? É como se Tu as deixasses padecer, injustamente. Sim, justamente elas que Tu, Deus, ao modo do juízo humano deverias ajudar, exaltar, libertar, socorrer, de imediato, quando vivenciam reveses ‘enlouquecedores’. Sim, elas, inclusive, no seu raciocinar, concluem que verificam que, Tu, Deus, aparentemente, ajudas as pessoas tolas ao invés de intervir com castigo e juízo, de imediato. Faze-me crer na Tua obra estranha, Deus.

O presente Salmo, didático, é uma queixa a Deus que tem como central a necessidade da súplica por fé em Jesus Cristo. Pois ao passarmos por realidades de tentação e tribulação incomuns, por natureza, nós, tendemos a acreditar, à luz da razão e inteligência, que Deus abandona e pune, cometendo injustiça. Ditosos/as nós, pessoas pecadoras por natureza, porque Deus não intervém, de imediato, com condenão e castigo. Se assim fosse, quem de nós escaparia a vista da nossa história em relação a Cristo, Seu Evangelho, Seus benefícios. Somente Jesus Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem, nos livra e resgata da ira divina, contanto que nEle creiamos. Deus não poupa o Seu próprio Filho em nosso favor. Ah, se Ele castigasse e nos imputasse as maldades, a começar pela nossa condição de pecado, sem contar os nossos pecados contra Ele? Se quisermos nos queixar ante Deus, então que seja para se queixar da nossa condição de pecado e pecados. E, contíguo, ouvido acerca da possibilidade do perdão, sem delongas, apelar por auxílio divino, de modo que a condição de pecado não nos escravize e nem domine. Pois é-nos impossível, via méritos, dignidades, boas obras autoalcançar perdão dos pecados, vida e salvação. Somente Deus, o SENHOR, por amor da Sua benignidade, mediante Jesus Cristo, nos pode remir e salvar. Uma fato é ser liberto dos inimigos externos, já outro e bem diferente é ser liberto dos inimigos internos, que abatem a alma até ao pó. Pois façamos nós o que queremos e podemos: é impossível se autojustificar diante de Deus, cuja obra própria é ser indulgente somente com gente obediente por fé.

Em suma: o salmista salmodia que pessoa alguma merece algo de Deus. Todos nós, porque somos gente pecadora, por natureza, nos devemos dar por felizes e agraciados, se alcançamos, por graça divina e fé em Jesus Cristo, certeza do perdão de todos nossos pecados. Aliás, justamente isto é o maior tesouro que se pode alcançar nesse mundo hostil ao Remidor. Nem mesmo a nossa tentativa de ser fiel pode ser alegada como meritória. Só a obediência perfeita de Cristo redime, via Meios do Perdão, em comunidade da pregação da fé. Pois não existe miséria e opressão mais exigentes do que a condição de pecado.

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Pastor Airton Hermann Loeve

Pastor Airton Hermann Loeve – Igreja Evangélica da Confissão Luterana no Brasil (IECLB) – Lapa/PR.
Entre em contato com Pastor Airton Hermann Loeve: pastor.air.ton@hotmail.com