Sl 45 – Ainda que não substitua o texto em si, vamos à introdução, com vistas à interpretação e explicação contextualizada e atualizada, cristologicamente, dos Salmos, que têm em vista o conhecimento e a glória de Deus, em aroma suave, mediante Jesus Cristo. E nEle, na unidade do Espírito Santo, de fé em fé, edificação luteradora das consciências pávidas, exortação de soberbos e empedernidos, e consolo necessário, profícuo, ubérrimo dos corações atribulados.
O presente Salmo é uma profecia do único salvante Evangelho e do reino de Cristo, adornada, segundo Deus Pai na unidade do Espírito Santo, com palavras excelentes, maravilhosas, magníficas, poderosas, agraciadoras. Pois o salmista, salmodiando, de modo figurado, com as devidas ressalvas do exemplo, ‘pinta’ Cristo como um Rei, adornado com todo o esplendor real, de modo que Ele é muito bonito, bem eloquente, bem adornado, bem armado, bem-sucedido na guerra contra os inimigos espirituais, justo, manso, gracioso. Igual: assevera que Ele tem lindos castelos, uma linda esposa, uma linda rainha e filhos e filhas que viverão para sempre. Não obstante todo espírito vão, infestado da justiça da lei e das obras, nada quer pregar, nem ensina e nem sequer quer saber de Cristo, do Evangelho, do Espírito, dos dons espirituais, da Igreja e da vida eterna, da vitória contra o pecado, a morte, a lei, o diabo, a carne, o mundo mau e o todo mal. O salmista também anuncia claramente como o Antigo Testamento deverá ter fim com a humanação de Cristo, pois ele é chamado de filha, que precisa esquecer da sua casa e do povo de seu pai (isto é, a sinagoga), e adorar, somente, a esse Rei já já presente vindouro como Deus, e que não há outro Deus além dEle, pois cumpre fielmente, em nosso favor, a promessa alusiva a Cristo, não obstante o pecado e os pecados.
O salmista dá a Deus, o SENHOR, mediante Cristo, na unidade do Espírito, a honra, a glória, o louvor, a adoração requerida no primeiro Mandamento, nomeadamente quando invoca, e claramente O chama de Deus verdadeiro – nos versículos seis e sete; proclama a Ele como um Rei eterno, que reina em justiça, e vence o pecado, humanando e cumprindo a Sua missão. Para beneficiar a Igreja e vencer os inimigos espirituais é preciso que este Rei, salmodiado pelo salmista, seja o ungido de Deus, que, segundo a promessa seria feito nascer dos judeus, segundo a carne, para abençoar todos os povos da terra, contanto que nEle creiam.
Por intermédio do conteúdo do Salmo presente, o Deus Espírito Santo, via Palavra, nos quer conscientizar e instruir e pregar ao coração piedoso e temente a Deus, de modo correto e puro, acerca do arrependimento, da fé, da justificação por graça divina mediante Cristo e Seus benefícios. E isto de modo tal que a nossa consciência seja apaziguada e o nosso coração atribulado, consolado, via certeza do perdão de todos os pecados mediante Cristo, sem nossa participação. E conscientiza a Igreja, contra a qual os portais do inferno não prevalecerão, que não estão imunes e nem blindados contra a tentação e nem podem fugir da cruz e da renúncia.
O todo do Salmo trata do artigo principal da nossa justificação. E nos previne e exorta a que não procuremos no presente Salmo e nem nos outros Salmos meras palavras que prometam benefício e vantagem carnais. Antes, que nos atenhamos no espírito das palavras inspiradas, que alegram gente já cansada de lutar e obrar pela sua salvação do diabo, do pecado, da morte. É-nos impossível alcançar perdão dos pecados, vida e salvação por meio da justiça da lei, das obras, das dignidades. Aliás, se possível fosse se autossalvar que necessidade haveria de Jesus Cristo, do Evangelho, do Espírito Santo, do ministério da pregação da fé, dos Meios da Graça de Deus? Eis porque, no final do Salmo, o salmista se compromete a fazer, por causa de Cristo, o nome de Deus, o SENHOR, não o seu, celebrado de geração a geração. E assim, os povos, enquanto ouvintes arrependidos e crentes, louvem o nome dEle, para todo o sempre.
