Sl 46 – Ainda que não substitua o texto em si, vamos à introdução, com vistas à interpretação e explicação contextualizada e atualizada, cristologicamente, dos Salmos, que têm em vista o conhecimento e a glória de Deus, em aroma suave, mediante Jesus Cristo. E nEle, na unidade do Espírito Santo, de fé em fé, edificação luteradora das consciências pávidas, exortação de soberbos e empedernidos, e consolo necessário, profícuo, ubérrimo dos corações atribulados.
O salmo 46 é um Salmo de ação de graças, no qual o povo de Israel cantava as maravilhas de Deus, que defendeu e preservou a cidade de Jerusalém, onde estava Sua habitação, contra o guerrear de todos os reis e pagãos irados e loucos, que, enfurecidos a queriam subjugar e destruir por causa da promessa divina alusiva a Cristo. E assim, apesar de, Deus, de modo monoagente, preservou paz nela contra e não obstante todas as guerras e armamentos investidos contra ela. E a chama, segundo a sabedoria da Escritura, a essência da cidade, uma “pequena fonte”, como um pouco de água que não secará em comparação com as grandes águas, mar e mares dos gentios, isto é, os grandes reinos, principados e domínios que secam e passam, sucumbindo, quando menos se dão ciência. Mas nós, povo de Deus da nova Aliança, cantamos promovendo e apontando para Cristo e Seus benefícios em nosso favor, para o louvor de Deus, em virtude do fato de que o SENHOR, de modo vivo e real, está conosco, e, milagrosamente, nos preserva Sua palavra e cristianismo contra e não obstante a ação malévola dos portais do inferno, contra a fúria de todos os demônios, dos bandos de espíritos sectários, do mundo, da carne, do pecado, dos pecados, da morte, e coisas semelhantes que nos querem, a toda hora, fazer com que blasfemos a Cristo e injuriar o Evangelho da glória e da graça de Deus. Sim, nós, como povo da Palavra e da Fé, cantamos, louvando e bendizendo a Deus, via Cristo, porque a nossa pequena fonte é feita permanecer uma fonte viva, enquanto que pântanos, lagoas e represas se tornam podres e fedidos e devem secar porque não dessedentam consciências atribuladas e angustiadas. Aliás, como a justiça da lei, das obras, das dignidades, dos méritos haveriam de consolar consciências pusilânimes e corações pávidos?
Não existe tribulação mais abrangente do que perder a Cristo e Seu Evangelho. Eis por que, em magno consenso com o Povo da Fé especial, cantamos, confessos, a bem dos ouvintes crentes:
1 – Deus é castelo forte e bom, defesa e armamento. Assiste-nos com Sua mão na dor e no tormento. O rei infernal das trevas do mal, com todo o poder e astúcia quer vencer: igual não há na terra. 2 – A minha força nada faz, sozinho estou perdido. Um homem a vitória traz, por Deus foi escolhido. Quem trouxe esta luz? Foi Cristo Jesus, o eterno SENHOR, outro não tem vigor, triunfará na luta. 3 – Se inúmeros demônios vêm, querendo devorar-nos, sem medo estamos, pois não têm poder de superar-nos. Pois o rei do mal, de força infernal, não dominará; já condenado está por uma só palavra. 4 – O Verbo hão de deixar em paz a grande contragosto. Cá entre nós Sua obra faz co’os dons do Santo Espírito. Se a vida eu perder, bens, filhos, mulher, que tudo se vá, proveito não lhes dá. O Reino há de ser nosso!
Não obstante membros da Igreja, Corpo de Cristo, contra a qual “os portais do inferno não prevalecerão” – Mt 16.18 parte –, nós vamos ter que enfrentar, teremos que passar, é preciso dar contas, administrar muitos problemas, adversidades, tribulações advindas do diabo, do mundo, da nossa própria carne, que, como inimigos internos, nos querem, a toda hora, fazer decair da Palavra e da fé em Jesus Cristo para a incredulidade; e dela para o pecado concreto, que, em sua origem, essência e abrangência, está encoberto. As nossas forças, raciocínios, especulações não conseguem explicá-lo. Ao contrário, enquanto não regenerados pelo Batismo e pelo Espírito Santo, nós o escondemos e escusamos, o defendemos e desculpamos, autoindulgentes. Daí, para ser regenerado e salvo, é preciso a palavra de Deus, lei e Evangelho.
